CAPÍTULO 21

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                           Marjorie

No fundo toda mãe sabe qual destino seu filho vai seguir... Cada escolha, cada erro, cada acerto... Sempre estaremos ali para apoiar, para juntar os cacos e ajudar a prosseguir...

Meu Joaquim sempre foi diferente, mesmo amando e seguindo o legado do pai, eu sempre soube que algo o prendia, deixava o mesmo apavorado.

Meu Joaquim sempre foi o mais alegre, espontâneo, simpático, mais família... Ele sempre do jeitinho dele demonstrou quem ele realmente era.

Me sentir um fracasso quando vi minha família em guerra. Meu filho não merece aquilo, ele merece ser feliz amando quem ele quiser, independente que seja um outro homem.

Ver meu filho desacordado e quase morto pelo próprio pai preconceituoso, me fez duvidar se fiz a escolha certa anos atrás.

Baruk sempre foi cabeça dura, mas dessa vez ele passou dos limites, ele tocou, machucou um dos meus.

Rael e Joaquim são meus pontos fracos, eu sou completamente apaixonada pelos os dois. Se alguém tocar neles viro um bicho, viro Leoa.

Eu sempre me perguntei como seria se minha mãe estivesse aqui quando era mais nova questionava a Deus por não ter tido a proteção dela por tantos anos.

Quando meu Rael nasceu, eu renasci e no nascimento do Joaquim foi a mesma coisa. Prometi a mim mesma que nunca deixaria nenhum dos dois sofrer... Mas eu falhei, me dói saber, que não conseguir fazer nada para evitar.

Imediatamente pedir para o Mauro tirar o Baruk de casa, Rael estava transtornado ao ponto de sair na mão com o próprio pai.

Vou até meu filho que está desmaiado, machucado, desamparado. Coloco sua cabeça em meu peito e o abraço, se eu pudesse tiraria todos aqueles machucados e colocaria em mim.

Vejo o formiga se aproximando, ele pega o Joaquim e o Breno leva o Abrão até o hospital. Meu filho graças a Deus não quebrou nada, foi apenas um desmaio emocional. Abrão teve a perna quebrada, de uma maneira estranha, não corre perigo de morte.

Passo a noite inteira com meu filho, choro baixinho me culpando por isso ter acontecido. Me lembro da vez que tive a oportunidade de ter ido embora do Brasil e decidir dar mais uma chance a nossa família... Uma família que foi destruída por tão pouco anos depois.

Acordo no outro dia pensativa, deixo Joaquim dormindo e vou até o meu quarto tomo um banho longo, onde consigo por todos meus pensamentos no lugar, saio enrolada em uma toalha, visto um vestido longo, calço um chinelo, passo desodorante, perfume, deixo meu cabelo amarrado em um rabo de cavalo.

Aviso a Judite nossa empregada, que estou indo resolver umas coisas, pego meu carro e vou direto para o morro do amor.

Assim que chego sou surpreendida, Baruk mandou proibir minha entrada, peço para chamar Mauro, que acaba cedendo e me liberando.

Chego até a nossa casa, entro e vejo tudo destruído, me vem a memória de anos atrás, quando ele descobriu que Solange havia voltado. Vou subindo as escadas, abro a porta do quarto e me deparo com ele estirado no chão, nosso quarto está para o ar, tem drogas, bebidas espalhado pelo chão todo.

Pego uma garrafa de whisky na mão, dou um gole e a jogo contra parede, Baruk dar um pulo desnorteado, leva uma das mãos até a sua cabeça, pelo visto a dor  está forte ali.

Baruk se levanta do chão, senta na cama, apoia seus dois cotovelos na coxa, leva sua cabeça até lá e apoia, ele me encara por um tempo, parece que está pensando no que dizer.

Sinto uma dor me consumir, sinto o ódio percorrer por todo meu corpo, pego os perfumes que tem em cima da cômoda e taco tudo contra parede, Baruk se levanta e tenta me segurar, na mesma hora viro um tapa em rosto, sem pensar duas vezes o mesmo me prendi contra a parede, vejo o olhar do Baruk de alguns anos atrás.

- Oque foi? Vai me bater também? - ele leva uma das mãos até meu rosto, aperta minhas bochechas

Me solto dele e o empurro, pego a cômoda e a viro com tudo no chão, baruk cruza os braços e fica observando cada movimento meu.

- Não quer quebrar a casa? Vou te ajudar.

Vejo um quatro com uma foto de nós quatro, pego na mão e sinto minha garganta se formando em um nó, respiro fundo e taco em direção ao Baruk.

- Você destruiu a nossa família. Eu deveria ter ido embora, quando tive oportunidade. Sinto raiva de mim mesma por ter ficado. - ele me olha de cima a baixo, como se tivesse me calculando

- Joaquim é gay e isso te fez querer matar o meu filho. - vou pra cima dele, começo a dar vários socos em seu peito.

Baruk segura firme em meus braços me fazendo encara-lo. Sem pensar duas vezes cuspo em seu rosto. Nessa hora sinto um tapa muito forte na cara, levo uma das mãos onde foi acertado o tapa, olho pra ele que está me olhando completamente transtornado.

- Eu quero que você vá pra puta que pariu. - Baruk abre a porta e saí do quarto.

Abro a porta e desço as escadas indo atrás dele Baruk está ao lado de fora, próximo a piscina, vou me aproximando e sinto seu olhar me acompanhando.

- Você acabou com a nossa família. - pego a aliança e taco dentro da piscina.

- Você acha que é fácil pra mim porra? Descobrir que meu filho pega homem

- Qual é o problema disso?

- Eu não nasci pra ter filho gay.

- Você não nasceu pra ser pai. - minha voz sai com um tom de desgosto.

- Vai embora porra! Vai curtir a vida com seu filho mariquinha. Eu não sou a porra do problema, me deixa em paz!

- Eu te odeio Baruk, com a mesma intensidade que eu te amava.

Volto para dentro de casa, vou até o nosso quarto e começo a arrumar minhas coisas, vou descendo cada mala, quando vejo o Rael entrando em casa.

- O que tá pegando? - ele me olha e olha para as minhas malas.

- Acabou, Rael. - Rael olha em direção ao Baruk, dar uma respirava funda e vai em sua direção.

Abro a porta, peço ajuda de uns dos vapores, que vão levando minhas malas até o carro, entro e me sento no banco do motorista, sinto uma dor invadir meu coração, deixo as lágrimas caírem por um tempo.

Vou o caminho inteiro pensando em como pude ficar casado tanto tempo com o Baruk, esses anos todos  abrir mão de muita coisa, para o nosso casamento dar certo. Hoje vejo que todo meu esforço foi vão.

Assim que entro em casa, me desabo em chorar, Joaquim fica sem saber oque fazer, oque falar. Eu escolhi meu filho e escolheria outras milhões de vezes.

Vou até a cozinha e pego um copo d'água, tento me acalmar, preciso ser forte, preciso me erguer, fiquei tanto tempo vivendo a vida do Baruk, que esqueci de viver a minha.

Vou para o meu quarto e começo a arrumar minhas coisas, tiro tudo que tinha do Baruk aqui e jogo no lixo. Dessa vez não vou voltar atrás, acabou.

Vou até o banheiro e tomo um banho, saio enrolada em um roupão, vou até o mini bar que tem na sala e pego uma garrafa de vinho, me sento no sofá com uma taça na mão, começo a lembrar de toda a minha trajetória e mais uma vez vou ter que recomeçar.

Depois de acabar com a garrafa de vinho, vejo meu celular tocando, tem umas 20 ligações perdidas da Ivy, entro no whatsapp e começo a ver as mensagens, levo um susto quando ela fala que Rael machucou Claudinha e ela está no hospital.

Vou até o quarto de Joaquim e aviso, vou até o meu, me arrumo e vou em direção ao hospital.

Boa tarde 🌻

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