CAPÍTULO 61

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                       Maristela

Esses últimos meses foram os mais longos de todos. Essa semana fiz nove meses de gestação, meu Davi pode nascer a qualquer momento.  Eu tô mega ansiosa, quero ver o rostinho dele logo e se Deus for bom, vai nascer a minha cara. Eu que tô carregando ele por nove meses, passando mal, toda inchada, pra ele vim a cara do Mestre.

Eu ainda não fui visitá-lo, fiquei mal, tive uma infecção muito forte e fiquei internada por um tempo. A Clara, está cada vez mais confiante, ela disse que o processo é um pouco demorado e que no final ela sempre vence. Ele me liga, me manda cartas, a saudade só aumenta cada vez mais.

Voltei a atender esses dias, me ajuda a ocupar a mente e é claro, não surtar com tudo que vem acontecendo. Não fiz chá de bebê, não tem graça sem o pai do Davi aqui. Como graças a Deus consigo comprar tudo que preciso, não me importei tanto.

Estou atendendo a minha última cliente do dia ou melhor da noite, já são vinte horas, aos sábados sempre fico até mais tarde. Tiro algumas fotos dela para publicar no meu Instagram, quando vejo o Itaquera vindo bolado, esse cara é que nem gato, tem várias vidas.

- Fala ae cunhada. - ele faz um toque comigo.

- Tá bolado por que? - ele olha pra fora e faz um bico olhando a Luana, ela uma mina daqui do morro que ele pega.

- Essa mina tá me tirando já. - ele cruza os braços.

- Ela fez oque? - ele me olha e pega o celular.

- Olha a foto que ela postou. - pego o celular da mão dele e começo a ver.

- Ela tá linda. - ele me olha meio óbvio

- Esse é o problema. - dou uma risada.

- Olha o tamanho do shorts dela pô. Sem postura. - dou tapa com força no braço dele.

- Roupa não quer dizer nada palhaço.

Ele faz uma careta de dor. Lembro de uma parada, preciso de alguém pra me ajudar aqui, quando o Davi nascer e a Luana fez vários cursos comigo.

- LUANAAA. - dou um grito e ela me olha assustada.

- Oque foi mulher? - ela me dar dois beijos no rosto e um na barriga.

- Tu tá trabalhando? - ela nega com a cabeça.

- Vou precisar de alguém quando o Davi nascer. Se você quiser vim, pra fazer um treinamento semana que vem.

- mulher eu quero sim. - ela fala animada.

Percebo que ela está encarando o Itaquera, que tá de rosto virado com um bico enorme. Ela me olha e revira os olhos.

- Segunda as nove horas da manhã.

- Combinado. Obrigada, Mari! - ela me dar um beijo e vai embora.

- Para de ser besta cara. - ele me olha e faz uma careta.

Faço ele me ajudar a fechar tudo aqui e ainda pagar um açaí pro sobrinho dele. A barraca de açaí é da mãe da Luana, ela acabou de chegar aqui e pelo visto vai ficar no lugar da mãe.

Peço um completo de doze reais, olho pro Itaquera que diz que quer o mesmo, na hora de pagar ele dá uma nota de cinquenta e fala pra ela ficar com o troco, ela nega com a cabeça e diz que não precisa de nada dele. Dou uma risada de lado. Me sento numa cadeira que tem aqui e fico comendo meu açaí na minha paz. Assim que termino vou embora com o cunhado mais chato desse mundo.

Chego em casa e como sempre, Dona Yasmin não está em casa. Virei a mãe mesmo nessa casa. Subo pro meu quarto, tomo um banho rápido, visto um blusão e uma calcinha, me deito na cama e capoto.

RENDIDA NO MEU CRIME Onde histórias criam vida. Descubra agora