CAPÍTULO 62

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                       Madalena

Aqui estou eu as três e meia da manhã sentada no chão do quarto da minha pequena pocahontas, ela acordou e foi no meu quarto, disse que teve um enorme pesadelo, esses pesadelos estão sendo bem frequentes.

Ela me puxou e pediu pra eu ficar aqui com ela, disse que queria dormir na cama da Barbie dela, mais que está com medo de ficar sozinha.

Uma vez minha mãe me disse que ser mãe é algo de outro mundo. Que só quem é entende. Eu mesma sempre surtava com tanta proteção da Dona Isis, achava que era chatice de mãe até a Lavínia aparecer e me mostrar que as chatices da minha mãe não são chatices, são proteção, amor, abrigo.

Lavinia me fez sentir um amor puro, me fez ser leoa, ela me mostrou o significado de querer proteger alguém até sua última gota de sangue. Minha pequena foi meu recomeço, ela é a minha vida. Falar que não sei como vivi tanto tempo sem ela parece até brincadeira, mas eu realmente não sei. Me sinto como se minha vida tivesse começado a partir daquele dia que a busquei naquele barraco.

As coisas estão ficando tensas, soube que aquele cara que cuidava dela, não é seu irmão, era um antigo namorado de sua mãe. A tal de Melinda faleceu de overdose, então minha pequena ficou com ele, eu só não entendi como deixaram. Seu pai ninguém sabe onde mora. Eu não posso entrar na justiça para pegar sua guarda, por conta da vida que levo, confesso que está me pesando muito todo esse fardo. Tenho medo das minhas escolhas me prejudicar com a minha pequena.

Passo a mão delicadamente em seu cabelo todo cacheado, Lavínia segura firme a minha outra mão, é como se eu passasse força pra ela, tadinha, mal sabe ela que é a minha força é ela.

Encosto minha cabeça na cama, fecho os olhos e acabo dormindo bem ali, toda torta, toda dura, com frio. Mas oque me importo é saber que minha pequena está bem.

Sou acordada no outro dia, com um beijinho no nariz, abro meus olhos e vejo os olhinhos de jabuticaba mais lindo me olhando. Ela passa sua mão em meu rosto com delicadeza, aperta meu nariz e solta uma gargalhada.

- Bom dia, mamãe. - me ajeito no chão e sinto meu corpo todo dolorido.

- Bom dia meu amor. - me levanto e sento em seu colo.

Lavinia vem toda manhosa e se deita no meu colo. Fico fazendo carinho em seu cabelo, quando a porta de abre, Ben entra com uma cara de sono todo assustado.

- Não te vi na cama, vim ver se ela tava bem. - solto um sorriso de lado.

Uma vez tia Marjorie me disse que mesmo que o pai faça de tudo pelos filhos, no final o fardo maior sempre é da mãe. Filho é da mãe.

- Ela teve um pesadelo de madrugada, então dormir aqui. - ele se aproxima e pega ela no colo.

- Podia ter me acordado. - me levanto e dou um selinho nele.

- Eu conseguir resolver, tá tudo bem agora.

Deixo os dois lá e vou para o meu quarto, escovo meus dentes, faço xixi, lavo minhas mãos e desço para a cozinha. Coloco a água na cafeteira, pego um dinheiro e peço pra um menor comprar umas coisas na padaria, Ben desce com a Lavínia no colo, ela está com o rosto todo molhado rindo das palhaçadas dele.

Vejo um menor me chamando vou até a porta, achei que era o do pão, mas era outro, ele está com uma carta na mão e disse que foi uma mulher que entregou, ela disse que era da justiça.

Agradeço ele, pego a carta e começo a ler, meu coração começa a bater forte, na carta diz que o pai de Lavínia entrou na justiça pela guarda dela e alegou que ela está comigo sem nenhum acordo com ele ou a mãe. Levo a mão com tudo para trás, acabo esbarrando em um vaso que cai com tudo no chão.

RENDIDA NO MEU CRIME Onde histórias criam vida. Descubra agora