Capítulo 11

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"Minhas mãos tremiam, a garganta seca, coração acelerado, mas estou feliz

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"Minhas mãos tremiam, a garganta seca, coração acelerado, mas estou feliz. Alguém chama meu nome ao fundo. Sorrir me sentindo leve. A visão fora de foco, a pessoa que não para de me chamar no meu campo de visão sacudida pelos ombros e eu só consigo rir me sentindo cada vez mais leve.

Despertei, trêmula, suando. Esfreguei os olhos olhando em volta. Estou em casa. Não lembro de ter voltado.

— Está acorda. — me assustei com minha mãe. Ela está parada na porta do meu quarto.

— Perdi a hora para escola?

— Além de perder a hora perdeu muita coisa. Perdeu o senso de respeito, do ridículo, vergonha na cara. Quem é você? Como chegou a esse estado deplorável que um ser humano pode chegar, Lívia? Sabe o que eu e seu pai passamos para dar tudo a vocês? E você joga fora! Esse é o exemplo que você dá para sua irmã? Estou cansada das suas cagadas. Da vergonha que você é na comunidade. Deus onde foi que eu errei para ter essa filha tão deplorável e suja? Faça um favor para nós, principalmente para você mesmo, pega suas coisas e suma das nossas vidas, você não faz falta, não acrescenta em nada. Eu tenho vergonha de você. Toda vez que te olho sinto nojo de mim por parir uma criatura desse jeito.

Meus batimentos cardíacos ecoavam nos meus ouvidos de uma forma que me deixou desorientada. Tateei na cama em busca de não sei o que, me agarrando nos lençóis. Minha mãe veio até mim a passos largos, com sangue nos olhos. Segurou-me pelos braços sacudindo-me com força, os xingamentos e ofensas continuaram até eu não consegui ouvir mais nada e empurrá-la para longe de mim. Ela caiu com um baque surdo no chão.

— Desculpa mamãe! Desculpa foi sem querer. — Minha voz falhou, meu rosto está completamente molhado, não consigo controlar as mãos do tanto que tremem. Ela se levantou do chão, segurando o pulso junto ao peito.

— Sabe onde te encontrei ontem? Sabe o que tive que passar durante esses anos? Eu não quero te ver morrer na minha frente. Não quero que a sua irmã presencie você se destruindo dia após dia em busca de quê, Lívia? O que tanto busca com essas drogas? Me diga se o que fizemos por você foi ruim, a ponto de te levar para esse caminho? Te criamos nos ensinamentos de Deus e é assim que você agradece ao Senhor, é assim que agradece aos seus pais? O tanto que sacrificamos. — limpou com força a única lágrima que molhou seu rosto — Saia da minha casa, não aguento mais. Estou indo trabalhar e quando voltar, não quero um rastro seu aqui."

Acordei, com um aperto no peito. Como uma barra de concreto me pressionando. Estou sem ar, respiração falha, tão difícil. Passei a testa sentindo o suor, assim como nas costas e outros lugares. Levei a mão ao peito, tentando acalmar meu coração e controlar a respiração.

O quarto está escuro e silencioso. Fiquei mais um tempo deitada, o sonho/lembrança bem viva fazendo meus olhos lagrimejarem.

Aquele foi o último dia que pisei na casa dos meus pais. Minha mãe me expulsou sem a chance de me despedir do meu pai e da Olívia. Meu pai fazia, ainda faz, tudo que minha mãe quer, então teve a "aprovação" dele, daquela vez.

Inevitável paixão (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora