Sou um completo idiota. Mas não posso...
Encostei a testa na porta, dá para ouvir o choro dela.
— O que aconteceu? — Me virei para minha irmã que tocou meu ombro por trás.
— Com certeza estraguei tudo. Sou o maldito filho da puta.
— Pela manhã resolvemos isso.
— Está me olhando como se fosse um louco.
— Sabe que está agindo feito um. Mas no limite, é nítido que você ama ela e não quer perdê-la, mas tem limite entre amor, obsessão e possessividade.
— Ele pode... — girei nos calcanhares já com a mão na maçaneta, Rebecca segurou no braço.
— Dê espaço a ela. Isso tudo é muito... é como ela voltar no passado, não percebeu? Ela está com medo? As feridas voltaram a se abrirem. Tenta descansar um pouco, eu passo a noite com ela.
— Por favor... Por favor não deixa ela sair daqui, pelo menos hoje. Não estou pedindo por mim, estou pedindo por ela. Estou pedindo... — minha voz embargou, olhos nublados.
Não consegui sair do lugar, nem pelas próximas 2h00 em que Rebecca ficou no quarto com Lívia. Falaram em sussurros, o choro era ouvido, mas conseguir sair. Sentado no chão do corredor, encostado na parede, as mãos dormentes, os olhos ardendo a cabeça a 1000, um medo aterrorizante. Tenho que me controlar, pensar fora do que está acontecendo agora, porque é óbvio que com todo esse meu medo, só estou causando mal a ela e definitivamente esse não é o meu objetivo.
Qual é o meu objetivo? Mantê-la segura para assim... ter o que merece, que é ser feliz e... Se sentir viva. Uma vez ela me disse, que seu maior sonho era ser parte de algo, que fosse necessária para alguém, mas que essa pessoa quisesse tê-la sem tentar mudá-la. Ser amada.
— O que está fazendo aí? — Esfreguei os cantos dos olhos, enquanto presto atenção na pessoa.
— Sua esposa está lá dentro.
— Na verdade não. Rebecca Acabou de voltar para o quarto e pediu para eu ver como está. — Apenas balancei a cabeça. — Ela está preocupada com você. Estamos preocupados com você.
— Não vou fazer nada estúpido, se o que estão pensando.
Meu cunhado soltou gemido de esforço, para sentasse ao meu lado.
— Na minha concepção... Você está no seu limite e quanto a fazer algo estúpido, já está fazendo. Lembra que te falei que se a magoasse te quebraria a cara? — funguei olhando para ele. — Era para eu cumprir minha promessa, a meses atrás ou agora.
— Seria um favor.
— Mas, exatamente por isso. Se eu simplesmente te batesse, na hora me sentiria um ótimo amigo por cumprir minha promessa e você? Se sentirem no máximo um idiota, o que naturalmente já é. Mas precisava que visse com os próprios olhos o que perdeu. A mulher, amiga incrível que ela é.
Horas antes...
Toda minha vida fui cobrado, quando não era uma coisa, outra surgia. Mas sempre levei na leveza, para não perder o melhor dela e até agora... nada me foi cobrado tanto como agora. Só a possibilidade de perdê-los, me apavorou tanto que a única coisa que estou disposto a fazer é nunca sair do lado deles, nem que para isso eu precise morrer. Eu morreria por eles, agora. Aqui.
— Tenta ser racional! — Olívia gritou bem na minha cara. Dei um passo para trás, cruzando os braços.
— Estou sendo tanto, que agora mesmo você não está com a cara no asfalto.
— Você é louco?
— Está na minha casa, gritando e me ofendendo. Quem não é racional? Louco?
Ela estalou a língua no céu da boca, passou a mão ferozmente nos cabelos e me apontou o dedo.
— Você é tudo isso. Está colocando minha irmã em cárcere privado.
— Não.
— Está!
— Alguém tira essa garota histérica da minha frente? — meu cunhado e minha irmã, que estão na sala presenciando, se olharam entre si.
— Estamos todos com os nervos a flor da pele. — Rebecca disse ficando de pé — O que acabou de acontecer mexeu com todos, acabou graças a Deus, então não vamos causar uma confusão maior. Lívia está segura e descansando.
— Sem direito de ir e vir! — Olívia replicou.
— É surda?
Assim que conheci Olívia, a achei muito... entrona e percebi que Lívia deixava passar bastantes coisas. Pensei que por estarmos nos conhecendo, era só coisa da minha cabeça, mas quanto mais convivia com Lívia mais conheci Olívia do ponto de vista dela. E o que notei mais ainda, não me agradou. Lívia merece mais do que a irmã lhe oferece. E depois do ocorrido de mais cedo, definitivamente não quero meu filho e minha mulher com ela. Querendo ou não, Olívia representa perigo e constante aflição. Vi nos olhos de Liv o quanto ela temia voltar a reencontrar o ex e aconteceu. Ela estar destruída.
— Vou te denunciar!
— Olívia, por favor. — minha irmã pediu.
— Só vou avisar essa vez, ou se cala ou vai embora para a puta que pariu!
— Você não é nada além de um doador de esperma, não tem direitos em nada com minha irmã.
— É aí que se engana.
— Você que está enganado. Mas é assim que vocês riquinhos de merda vivem, numa maldita bolha onde nada atinge vocês e sempre tem o que querem. — saiu.
Apertei os olhos enquanto respiro fundo.
— Sabe que no fundo ela está certa, não sabe? — Scott disse na maior tranquilidade. A menos de uma hora, vi ele ter um ataque de pânico. Foi desesperador.
— Não vou deixar essa maluca chegar perto.
— Não tire o direito de Lívia...
— Que bom que tenho o apoio dos meus familiares.
— Sabemos que está fazendo isso no calor do momento, gritar e esfregar o poder do macho alfa por aí, Olívia é única família presente que ela tem. Estamos do seu lado até certo ponto.
— Minha esposa tem razão, Ivan. Quando Lívia acordar e estiver mais calma ela vai querer ir para casa.
— Não é o que quero. Eu não quero prender ela como se fosse a boneca de porcelana... A única coisa que desejo é mantê-la segura. Aquele maluco está solto por aí, após anos voltou aparecer e a primeira coisa que fez foi tentar machucá-la, nada garante que ele não vai aparecer novamente e fazer pior. Não vou arriscar.
Mais tarde tem mais capítulos!
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Inevitável paixão (concluída)
RomanceDepois de tudo que Lívia passou, nunca imaginou que algo assim poderia acontecer. Um acordo casual, que abriu brecha para um coração sofrido e remendado. Ivan no auge da juventude, se vê numa luta interna entre se entregar a uma paixão, que o levará...