O fim de semana mal começou e eu e Briseis entramos num ritual de brigas e reconciliações. Ruim e bom no mesmo dia ou no máximo no meio do dia seguinte, e claro, ríamos depois sobre o ocorrido.
No sábado decidi levar Briseis ao restaurante próximo ao penhasco que ela me levara nos meus primeiros dias em Londres. Ela amou a coincidência! Conversamos, comemos, bebemos - ela vinho e eu um suco natural -, e para finalizar dançamos a luz do luar no penhasco.
Domingo, ela me fez a surpresa um pouco desagradável: patinar no gelo. Eu nunca patinei, e juro que tentei. O meu subconsciente sabia que Briseis fez isso de caso pensado depois do dia em que ela me derrubou na neve, e infelizmente acabei sendo o centro das atenções - tanto do público quanto da minha mãe fazendo alguns curativos.
Segunda, decidimos convidar Dante e Helena para a "janta de casal". Pensei que Briseis iria convidar as nossas mães, mas as Marthas tinham compromissos o dia inteiro, então sobrou a noite de casais. Pensei que a noite seria entre indiretas e facas afiadas da parte de Helena, mas fiquei muito aliviado quando esta se mostrou engraçada e gentil.
Toda vez que eu olho para Briseis penso em contar sobre os pesadelos que tenho ultimamente - na verdade, menos nas noite que ela dorme comigo, o que é difícil acontecer. Sonhos de gritos ecoando na igreja imensa do Vaticano, das vozes pedindo socorro por trás das portas de madeiras, das risadas vindo das estátuas em forma de anjos e demônios, até mesmo da Santa Maria chorando sangue. Fecho os olhos ao lembrar de tais cenas e me vejo em certo perigo por ter pecado, ter me apaixonado, por ter feito tais coisas que casais fazem.
- Um doce pelos seus pensamentos. - volto ao presente vendo Briseis com uma blusa minha e de cabelos úmidos.
- Nada demais. - burro!
- Tem certeza?
- Sim. - covarde!
- Você mente muito mal. - ela revira os olhos e se senta ao meu lado. - Além de namorados, somos amigos, lembra?
- Sim, lembro. Mas eu não sei como contar sobre isso. - dou de ombros.
- Bem, vamos pelo começo.
- Tenho pesadelos.
- Eu não lembro de ver você tendo pesadelos, você parece tranquilo dormindo.
- Tenho pesadelos quando você não dorme comigo.
- Ah, isso explica, então. - diz encabulada. - Com o quê?
- Vaticano.
- Me conta, isso pode ajudar.
- São muitas coisas, Briseis.
- Bem, vou ser forte por você. Me conta. - sua fisionomia se mostra decidida o que enche o meu peito de ternura e amor por essa morena.
Contei sobre tudo. Meus medos, minhas aflições, minhas lágrimas derramadas, sobre a garota exorcizada injustadamente, sobre os gritos, lágrimas de sangue, tudo e ela não teve nenhuma reação, continuou em silêncio ouvindo cada palavra, cada acontecimento terrível da minha estadia no Vaticano e a minha culpa por isso.
- E é isso.
- Foi por isso que você ficou insuportável no dia da festa de Domminick? - pergunta num fiapo de voz.
- Insuportável? - arqueio uma sobrancelha.
- Sim, sorte a sua que eu soquei a Tuane e não você. - sorriu de lado.
- Domminick é um dos padres mais respeitáveis do Vaticano, perigoso também. Então eu tive a absoluta razão em ficar insuportável.
- Por isso que Dante e você queria que cada um fugisse para lugares diferentes?
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Begins. - Livro único.
RomanceO que fazer quando precisa-se esquecer o passado, as decepções da vida e talvez um passado obscuro? Será que morar em outro continente pode ser uma boa ideia? Para Briséis foi uma boa solução e para o Aquiles? Briséis é uma menina doce, alegre e in...