Na quinta-feira a tarde, Briséis chega do trabalho eufórica e sorridente. Adentra a cozinha com a sua costumeira mochila pequena e olha para mim.
- Consegui! – diz ela.
- O que você conseguiu? – pergunto desconfiado. O que ela fez? Briséis bufa e se encaminha em minha direção cansada. Ao chegar na banqueta, ela se joga.
- O emprego. Nossa, você tem quantos anos? – pergunta passando as mãos no rosto.
- Uau, eu tinha me esquecido. Obrigado! – falo deixando a caneca de café no balcão. – Eu tenho 37 anos e já trabalhei nessa área na igreja. – comento entusiasmado.
- Nossa, que velho. – murmura.
- O que? – pergunto surpreso pela audácia dela.
- Eu me referi de você esquecer sobre o emprego, mas isso vai te ajudar para o fardo. O Frank Jr vai perguntar.
- Frank Jr? – pergunto cruzando os braços e me apoiando no balcão do armário.
- É o irmão da Jô. Ele é legal. – diz ela abaixando o olhar e vejo seu rosto ficar rubro.
Opa, o que é isso? O que é esse sentimento?
- Hm. Legal. Quando vou poder ir lá? – pergunto para ela mantendo a postura e consigo.
- Amanhã, às 15 horas da tarde. Eu te passo o endereço depois.
- Ok, eu vou falar com o Dante para ele me emprestar o carro dele.
- De boa. Agora, eu vou tomar um banho relaxante e dormir. – fala se espreguiçando.
- Bom descanso e obrigado mais uma vez. – digo levantando a caneca para ela.
- De nada. Se cuida, cara de bunda. – saúda ela.
Ando pela casa para matar o tempo tedioso em meu quarto. Não tenho mais nenhum livro para ler – e não, não irei ler aquele livro depravado -, não tenho nenhum esporte em mente, porque estamos no inverno, se eu quiser praticar algum esporte é pedir para me quebrar. Então aqui estou eu, rondando a casa sem Dante para tagarelar ou Helena para soltar alguma farpa sobre o meu ânimo.
O Natal está chegando e eu não terei nenhum dinheiro para comprar algo para o meu irmão, para a esposa boca suja dele e muito menos para Briséis. Balanço a cabeça para a última pessoa. O que há com ela por ser tão insistente? O que ela tem a provar? Por que comigo? Quando dou por mim, estou parado em frente as portas duplas do térreo.
- Isso não existia quando cheguei aqui. – comento para as paredes.
Me aproximo e mexo na maçaneta e fico contente por saber que está aberta. Adentro o recinto e fico de boca aberta ao ver tantas e tantas estantes cheias de livros. Uau! Por que o idiota do Dante não me avisou disso?
- Sabia que ia achar! – falando nele. Me viro e lá está meu irmão escorado na porta.
- Por que não me avisou antes? – ando até a estante mais próxima e fico olhando os editais.
- Queria ver você andando pela casa. – deu uma pausa. Escuto os seus passos adentrar mais a biblioteca. – E sabia que cedo ou tarde, você andaria pela casa a procura de algo.
- Você soube me manipular muito bem. – soltei pegando o livro sobre mitologia nórdica.
- Bom saber. – ele deu uma pausa. – E é bom ver que está sozinho.
- Eu sempre estou sozinho. – rebato, mas logo vejo que posso ter falado de mal jeito. – Não foi isso que eu quis dizer.
- Tudo bem. – ele sorri. – Eu me referi que você sempre está acompanhado da Briséis, e isso é ótimo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Begins. - Livro único.
RomanceO que fazer quando precisa-se esquecer o passado, as decepções da vida e talvez um passado obscuro? Será que morar em outro continente pode ser uma boa ideia? Para Briséis foi uma boa solução e para o Aquiles? Briséis é uma menina doce, alegre e in...