Capítulo 8 💙

306 35 9
                                    

Na quinta-feira a tarde, Briséis chega do trabalho eufórica e sorridente. Adentra a cozinha com a sua costumeira mochila pequena e olha para mim.

- Consegui! – diz ela.

- O que você conseguiu? – pergunto desconfiado. O que ela fez? Briséis bufa e se encaminha em minha direção cansada. Ao chegar na banqueta, ela se joga.

- O emprego. Nossa, você tem quantos anos? – pergunta passando as mãos no rosto.

- Uau, eu tinha me esquecido. Obrigado! – falo deixando a caneca de café no balcão. – Eu tenho 37 anos e já trabalhei nessa área na igreja. – comento entusiasmado.

- Nossa, que velho. – murmura.

- O que? – pergunto surpreso pela audácia dela.

- Eu me referi de você esquecer sobre o emprego, mas isso vai te ajudar para o fardo. O Frank Jr vai perguntar.

- Frank Jr? – pergunto cruzando os braços e me apoiando no balcão do armário.

- É o irmão da Jô. Ele é legal. – diz ela abaixando o olhar e vejo seu rosto ficar rubro.

Opa, o que é isso? O que é esse sentimento?

- Hm. Legal. Quando vou poder ir lá? – pergunto para ela mantendo a postura e consigo.

- Amanhã, às 15 horas da tarde. Eu te passo o endereço depois.

- Ok, eu vou falar com o Dante para ele me emprestar o carro dele.

- De boa. Agora, eu vou tomar um banho relaxante e dormir. – fala se espreguiçando.

- Bom descanso e obrigado mais uma vez. – digo levantando a caneca para ela.

- De nada. Se cuida, cara de bunda. – saúda ela.

Ando pela casa para matar o tempo tedioso em meu quarto. Não tenho mais nenhum livro para ler – e não, não irei ler aquele livro depravado -, não tenho nenhum esporte em mente, porque estamos no inverno, se eu quiser praticar algum esporte é pedir para me quebrar. Então aqui estou eu, rondando a casa sem Dante para tagarelar ou Helena para soltar alguma farpa sobre o meu ânimo.

O Natal está chegando e eu não terei nenhum dinheiro para comprar algo para o meu irmão, para a esposa boca suja dele e muito menos para Briséis. Balanço a cabeça para a última pessoa. O que há com ela por ser tão insistente? O que ela tem a provar? Por que comigo? Quando dou por mim, estou parado em frente as portas duplas do térreo.

- Isso não existia quando cheguei aqui. – comento para as paredes.

Me aproximo e mexo na maçaneta e fico contente por saber que está aberta. Adentro o recinto e fico de boca aberta ao ver tantas e tantas estantes cheias de livros. Uau! Por que o idiota do Dante não me avisou disso?

- Sabia que ia achar! – falando nele. Me viro e lá está meu irmão escorado na porta. 

- Por que não me avisou antes? – ando até a estante mais próxima e fico olhando os editais.

- Queria ver você andando pela casa. – deu uma pausa. Escuto os seus passos adentrar mais a biblioteca. – E sabia que cedo ou tarde, você andaria pela casa a procura de algo.

- Você soube me manipular muito bem. – soltei pegando o livro sobre mitologia nórdica.

- Bom saber. – ele deu uma pausa. – E é bom ver que está sozinho.

- Eu sempre estou sozinho. – rebato, mas logo vejo que posso ter falado de mal jeito. – Não foi isso que eu quis dizer.

- Tudo bem. – ele sorri. – Eu me referi que você sempre está acompanhado da Briséis, e isso é ótimo.

Begins. - Livro único.Onde histórias criam vida. Descubra agora