Capítulo 7 💙

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Depois daquele dia, as semanas se passaram e as coisas melhoraram. Bem, de zero a cem por cento, eu diria vinte e cinco. Motivos?


Primeiro motivo:

Briseis não entende que estou no começo da progressão, então sempre canta, animada e saltitante, e eu tenho os meus dias, e com isso acabo sendo um bruto e ela simplesmente retribui na mesma moeda.

Entramos no mês de dezembro, o que quer dizer que o inverno está vindo aos poucos, e por ironia, a neve começou a cair há dois dias atrás. Dante me pediu para ajudá-lo a tirar o excesso de neve da entrada da garagem, e como bom irmão, fui ajudá-lo.

Briseis não perdeu tempo em sair de dentro de casa correndo, gritando a plenos pulmões.

- Viva o Natal! – ela estava usando roupas finas e em seus pés estavam as pantufas verde e azul.
Que infantil!

- Garota, você vai ficar doente! – berrou Helena da porta de entrada com o seu roupão.

Eu e Dante ficamos olhando a pequena Briseis chutar a neve para todos os lados. Meu irmão ria da cena e eu achava aquilo estranho. Está frio, o que ela vê de engraçado na neve? Parece que nunca viu o inverno. Reviro os olhos e volto a tirar o excesso de neve do local, quando eu quase tombo para frente com o impacto de algo mediano feito de neve.

Ela não fez isso! Não fez!

- Vamos Aquiles! É o mês do Natal! – gritou ela fazendo mais uma bola de neve e logo arremessa em mim, porém, me desvio. Me levanto e a encaro com raiva.

- Qual é o seu problema? – grito para ela me escutar e em resposta ela ri e arremessa mais uma bola de neve, mas dessa vez pegando em Dante.

- Ah você me paga, fedelha! – solta meu irmão indo aos escorregões atrás dela. E mais uma vez, tentei voltar ao meu serviço, porém:

- O meu problema é fazer você deixar de ser ogro! – viro a tempo de ver Briseis correndo sorridente, escorregando em velocidade mínima, para bater em minhas pernas fazendo-me desequilibrar e cair junto. – Opa!

- Sua... – não deu tempo de eu terminar a frase, pois uma avalanche cai sobre nós.

Depois disso fiquei sem falar e olhar para Briseis durante o resto da semana.


Segundo motivo:

Ela e o Dante formam uma bela dupla de crianças imbecis! Tenho pena da Helena, apesar que esta participa quando está com disposição, mas na tarde de sábado – depois de eu terminar a minha oração pedindo a Deus mais paciência e compreensão -, vou a cozinha para tomar um café forte. E adivinha que a dupla dinâmica fez? Trocou o açúcar por sal.

- Mas que droga! – digo cuspindo na pia. Ligo a torneira e encho a minha boca.

- O que houve? – viro o rosto a tempo de ver Helena de óculos, robe e em suas mãos algumas papeladas.

- O seu marido e a sua irmã. – digo com raiva secando a boca.

- Ah, relaxa, eles estão te testando. – dá de ombros.

- Pra que? - bufo tentando restabelecer o controle.

- Não sei. - diz dando de ombros novamente.

- É melhor pararem, porque não tem graça. A sua irmã tem quantos anos? 8? – perco a paciência e esbravejo, mas Helena nem retruca ou treme de medo, simplesmente me dá as costas e volta para o seu lugar.

No mesmo dia, á noite, ouço o bater em minha porta. Levanto-me com a irritação presente ainda e abro a porta branca. E ali, está uma Briseis brava, de pijama de ursos.

- Qual é o seu problema? - pergunta vermelha de raiva.

- O meu problema? É você! – respondo rude. Ela fecha mais a cara.

- Você prometeu tentar. - cospe as palavras apontando o dedo em minha cara.

- Eu prometi tentar aos poucos e não ser uma criança besta! - digo nervoso. - E pare de apontar na minha cara!

- Você tem que se permitir, Aquiles! – contra argumentou. Reviro os olhos e respiro fundo.

- Olha Briseis, sou uma pessoa difícil você já percebeu, mas tem que entender que não sou um homem que vai sair saltitante por qualquer lugar ou trocar açúcar por sal pra ser engraçado. – explico segurando um pouco da minha raiva.

Ela fica me olhando por alguns instantes ainda com raiva, mas aos poucos a sua fisionomia vai mudando.

- Você está certo. Desculpa. – suspirou.

- Está ficando tarde, é melhor ir para o seu quarto. – falo e quando menos espero, ela me empurra um livro.

- Leia, você precisa com esse humor. Boa noite, cara de bunda. – sai cantando vitória.

Bufo, fecho a porta e olho para a capa do livro. Kamasutra.

- Misericórdia! – solto indignado jogando-o no canto no chão.

Begins. - Livro único.Onde histórias criam vida. Descubra agora