Briseis.
A minha cabeça está a mil por hora. Domminick, Vaticano, Suplentes, Papa, a distância da minha pequena família e amigos, tudo indo depressa em flashes sobre tantos acontecimentos. Volto ao presente com a satisfação na voz de Aquiles. Ele está se deleitando com o quinto hot-dog. QUINTO HOTDOG, PESSOAL! Esse homem não tem um estômago, e sim, um poço sem fundo! Sorrio para a sua situação: boca um pouco suja de ketchup, mostarda e purê.
- Aprovado? - pergunto tentando não rir da aparência dele. Aquiles me olha como uma criança comendo o seu doce favorito.
- Absolutamente! Isso é maravilhoso! Você preencheu muito esse hot-dog. - deu uma pausa para dar outra mordida.
- Obrigada. Aprendi com o meu pai. - digo saindo da mesa para colocar o prato no lava louças.
- Ele deve ter sido um pai maravilhoso. - fecho os olhos em recordar o meu grande pai.
- É, ele era sim. Até engraçado. - viro-me para ver Aquiles limpar a sua boca com o papel toalha.
- Quer me contar sobre ele?
- Não sei. - suspiro dando de ombros. Aquiles se levanta e faz o que eu fiz com o prato para depois ficar ao meu lado. - Dói muito. Ele partiu rápido demais.
- Sinto muito.
- Ele me fez prometer que nunca choraria ao lembrar dele. - sinto a minha garganta se fechar ao lembrar das palavras dele. - 'Filha, o seu sorriso é o mais brilhante neste mundo obscuro' ele disse.
- Concordo com ele.
- Não quando nos conhecemos. - dei risada e Aquiles me acompanhou.
- Eu era um tolo na época.
- Ainda é. Um pouco.
- Estou aprendendo, Mel. - diz ele. Por mais que estejamos sozinhos é bem nos prevenir dos nomes verdadeiros.
- Eu sei, está se saindo bem.
- O seu pai parecia ser sábio.
- Sim, ele era. Sempre nos dava conselhos incríveis, era engraçado e extremamente apaixonado pela minha mãe. - comento ao lembrar deles juntos. - Eles se conheceram no ensino médio, minha mãe era líder de torcida e o meu pai era o filho do zelador da escola.
Paro de falar ao ver Aquiles ir para detrás do balcão e se acomodar nas banquetas altas. Ele sorri e assente para eu continuar.
- Ou seja, minha mãe rica e ele pobre. - dei uma pausa para respirar fundo. - Ela parecia ser tudo na frente das pessoas, era amada, venerada, invejada, mas ninguém sabia o verdadeiro dom dela.
- Que seria...?
- A escrita.
- Sua mãe é escritora? - pergunta ele surpreso. - Ah desculpe, continua.
- Bem, minha mãe escrevia nas colunas do jornal da escola usando um nome falso, na época ela adotou o nome artístico de Jane Granger, ela subornava os dois alunos responsáveis pela publicação, até que um dia o meu pai descobriu.
- Como?
- Minha mãe publicou uma poema: "Aos olhos gananciosos me torno um troféu. Um prêmio consolador que não abate a minha dor. A oportunidade que quero é ser olhada e venerada com amor. Minha alma clama por isso e o meu consolo será em ti, amor."
- O verdadeiro amor.
- Opostos se atraem. Meu pai era fora dos padrões que a sociedade pedia e a minha mãe era a rainha por onde passava. Eles se tonaram amigos inseparáveis, meu pai encorajou a minha mãe a mostrar o seu talento e assim ela brilhou. - dou uma espiada rápido em Aquiles e o vejo suspirar. - Meus avós maternos não apoiavam o namoro deles e tampouco o casamento, assim os meus pais seguiram eles por eles, até a Helena e eu aparecer.
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Begins. - Livro único.
RomanceO que fazer quando precisa-se esquecer o passado, as decepções da vida e talvez um passado obscuro? Será que morar em outro continente pode ser uma boa ideia? Para Briséis foi uma boa solução e para o Aquiles? Briséis é uma menina doce, alegre e in...