Capítulo 29💙

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Aquiles.

A cadeira fria e dura da recepção do presídio Lockwood Rigde está deixando o meu mau humor pior do que já está, a minha coluna retesada está dando sinais de dor e minha mente está a milhão. O presídio no interior de Londres é de alta segurança e bem portada, até então foi difícil o meu pedido ser concedido para assistir o quarto interrogatório de Domminick, devo uma ao Dante.

- Aquiles. - cumprimenta o psicólogo, Dr. Loomis. Levanto da cadeira agradecendo mentalmente por enfim poder andar pelo corredor.

- Doutor. - assinto.

- Por aqui. - diz apontando para o corredor de concreto. - Como está a sua namorada?

- Está em casa, se recuperando.

- Fico contente por isto. - ele dá uma pausa ao pararmos na porta. Ele a abre e adentramos o recinto de paredes cinzentas e com um espelho retangular enorme. E ali, sentado numa cadeira, de mãos algemadas e de aparência deplorável, está Domminick.

Meu sangue se esvai ao lembrar da cena grotesca que presenciei ao ver Briseis com roupas largas demais para seu tamanho, sangue banhando o tecido e um machadinho pendurado em seu ombro fazendo a sua carne saltar e o sangue jorrar. Fecho os olhos para controlar a raiva descomunal por este ser horrendo e volto para o psicólogo.

- O que disse? - pergunto quando o doutor repousa o seu bloco na mesa em frente ao espelho retangular.

- Eu disse que o meu paciente não pode nos ver.

- Eu sei. - respondo colocando as mãos nos bolso da calça jeans.

- Domminick tem um histórico perturbador que tem que ser entendido.

- Um assassino nunca deve ser entendido. - murmuro sem tirar os olhos do pior dos padres.

- Aí que está. Preciso entendê-lo para ajudar a polícia sobre as investigações.

- Simples, ele é podre, tentou matar a minha namorada e foi pego por isso.

- E sobre os rituais? - paraliso. - Pelo que vejo, você deve saber de algo.

- E se eu souber?

- Bem, eu sei que você foi padre aprendiz por 10 meses. Então deve ter participado de algo. - a sua acusação me leva ao momento exato de ouvir uma jovem gritar por ajuda na época em que eu era o bichinho do Vaticano.

- Fui padre sim, mas nunca participei de rituais. - comento entre dentes.

- Mas sabia que existia. - contra atacou.

- Tinha dúvidas sobre isso. - dou de ombros.

- Gostaria de ouvi-las. - viro o rosto para encará-lo e o vejo sentado, de pernas cruzadas e de olhar penetrante, pronto para anotar as suas conclusões.

Está na hora de jogar tudo na mesa!

- Exorcismo.

- Normal de igreja, correto?

- Não com uma jovem inocente e dentro do Vaticano.

- Explique melhor por favor. - pede apontando para uma cadeira ao seu lado. Meus olhos vão da cadeira para Domminick que está em outra sala. Estamos separados por este maldito espelho! Me aproximo da cadeira e opto por encostar o meu quadril na mesa.

- Eu era jovem, estava aprendendo aos poucos sobre os limites e deveres da igreja. - começo. - Até que um dia, percebi uma jovem. Linda e muito devota, mas havia um problema.

- E qual seria?

- Ela era lésbica. Neste dia, o meu dever era ouvir os pecadores no confessionário. - suspiro. - Ela me contou sobre a sua sexualidade e o seu medo da reação dos pais já que os próprios são devotos a religião.

Begins. - Livro único.Onde histórias criam vida. Descubra agora