Os meus ouvidos vão ficando aguçados percebendo o som do bip de algo familiar, o zunido de algo se arrastando, de vozes ao longe conversando sobre alguma coisa, até de um choro contido e sofrido. Conforme minha audição melhora, mais os barulhos jas presentes, sinto o meu corpo voltando a realidade aos poucos, para testar isso, começo mexendo os dedos das mãos e logo me arrependo de fazer tal ato. Sinto nós grossos nas laterais de quatro dedos e algo comprimindo eles para ficarem mobilizados, algo de metal talvez, por causa do frio. O óbvio é que estou num hospital e o lógico que sofri um acidente, foi quando tudo foi voltando em flashs fortes e sangrentos. Eu me arrisquei sem Aquiles saber de nada, envolvi amigos os quais estão machucados agora, será que a Jô está bem? Será que Louis e Frank nos salvaram? E a Tuane? Mas o flash terminou comigo estirada num chão de mármore branco bem polido com a voz de Aquiles me chamando. Droga! Dessa vez eu não salve o dia!
Volto a minha analise corporal tomando mais cuidado em certa área, por exemplo, meu ombro. Este está mobilizado e com gesso mediano. Meu Deus, minha cabeça dói, minha garganta... peraí, tem um tubo fino dentro da minha garganta? Forço os meus olhos a abrirem, mas eles não me obedecem. Eu quero acordar e pedir para tirar essa coisa da minha garganta que está me causando certa ânsia.
- Oi querido. - mãe? Querido? Quem está aqui?
- Oi Martha. - Aquiles!
- Minha nossa, você está detonado! - exclama ela surpresa.
- Duas semanas e nada dela acordar. - murmura ele dando um fungada.
- Eu sei, eu também estou preocupada com isso, mas lembre-se que o médico disse...
- Que ela acordará em poucos dias. - termina ele. - Dias se tornaram duas semanas, Martha! - diz ele um pouco alterado. Ouço os passos leves de minha mãe até ele.
- Briseis é forte, desde de pequena ela sempre se mostrou forte nos piores momentos.
- Dessa vez ela não está reagindo. - diz ele irritado.
- Aquiles, você está sendo egoísta! Briseis precisa se recuperar por dentro para enfim acordar, então tenha paciência! - repreende minha mãe. Já disse que a amo?
- Você tem razão. - ele suspira e ouço o seu corpo desabando no sofá ou poltrona talvez.
- Sou mãe. E mães conhecem as suas criaturas. - ela dá de ombros.
- A Briseis é a melhor criatura.
- Sim, ela é. E você também é, mas não é feito de ferro. - repreende mais uma vez. - Vá para casa, tome um banho e descanse.
- Não vou sair daqui.
- Quero ter um tempo com a minha filha e você não irá tirar isso de mim. Se for preciso eu chamo a Helena e você sabe muito bem que ela está prestes a te socar por tudo que aconteceu.
- Talvez eu mereça.
- Talvez, mas eu ainda quero o tempo com a minha filha cabeça oca. - diz convicta. - Agora, vá para a casa e descanse.
- Qualquer coisa...
- Eu ligo, pode deixar. - ela o interrompe.
Ouço algumas sacolas sendo mexidas e suspiros sendo dando por ambos, até que sinto a mão quente e grande de Aquiles em meu rosto num carinho delicado e urgente.
- Baby, eu vou mais irei voltar. Por favor, volte pra mim. - dito isso, sinto o seu beijo quente em minha testa. - Amo-te pipoca. - sussurra.
Meu coração se esquenta e acelera fazendo o aparelho cardíaco fazer um barulho indicando o quanto o carinho e o beijo de Aquiles mexeu comigo. Ouço o barulho o seu sorriso e não demora muito para que ele se vá e me deixe com a minha mãe.
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Begins. - Livro único.
RomanceO que fazer quando precisa-se esquecer o passado, as decepções da vida e talvez um passado obscuro? Será que morar em outro continente pode ser uma boa ideia? Para Briséis foi uma boa solução e para o Aquiles? Briséis é uma menina doce, alegre e in...