M̶Y̶ ̶M̶Y̶̶S̶T̶E̶R̶Y̶̶.

30 - Hot day.

O dia havia amanhecido e o sol invadia as persianas do quarto que eu estava acomodada, era um sinal de que o dia tinha começado e que ele estava incrivelmente lindo. Me levantei em um único pulo e recebi uma ligação informando que o café já estava a caminho, aproveitei para correr até o chuveiro e tomar um banho gelado para despertar, como de costume. Antes de mais nada já logo coloquei um biquíni e vesti uma longa saída de praia que cobria boa parte do meu corpo, era dia de cachoeira.

O café não tardou em chegar e eu logo o recebi, comia das frutas ao mesmo tempo que arrumava uma bolsa com utensílios necessários para o ambiente que visitaríamos, afinal, eu era a única adulta responsável e com juízo que estaria acompanhando diversas crianças com mães extremamente cuidadosas para um lugar duvidoso. Claro que fiz uma pesquisa antes de programar a viagem e escolhi o lugar menos arriscado para levar meu filho na semana do seu aniversário, mas sou a típica velha que acredita que todo cuidado é pouco.

Coloquei a ecobag no ombro e sai do quarto, caminhando em passos tranquilos até estar junto do grupinho que aguardava para dar inicio ao passeio, aproveitei o tempo para fazer meu papel de mãe careta e passar protetor no rosto das crianças, mesmo depois de ter um surto de ciúmes em imaginar meu filho dando seu primeiro beijo em uma garota, também fui cuidadosa ao verificar se os joelhos de Violet ainda estavam doendo e se o passeio não seria um incomodo para o seu caminhar, felizmente estava tudo bem com ela, não podia ignorar o fato dela ser uma boa garota.

Logo avistei Emma, caminhando nos passos mais lentos do mundo, vestindo a parte de cima do biquíni e um short largo, a blusa não estava sobre o corpo pois estava apoiada no ombro, então sua barriga definida estava totalmente à mostra. Maldita jovem atlética com seu corpo explendido. Depois de forçar um pouco a visão, consigo obter a imagem de Anna vindo logo atrás dela, como aquele não era um passeio incluso do acampamento, algo no traje que ela vestia me dizia que ela havia sido convidada para fazer parte do nosso passeio.

– O que está acontecendo aqui, Swan? – A voz falha saiu depois de um pigarro, enquanto eu sussurrava apenas para a loira.
– Calma, não surta, por favor. – Ela olhou disfarçadamente para os lados, se certificando de que ninguém estaria ouvindo aquela conversa. – Eu precisei de ajuda para encontrar um motorista que nos levasse, Anna conseguiu fazer isso por mim e eu me senti na obrigação de convidá-la, só não imaginei que ela aceitaria. – Mordeu o lábio inferior, provavelmente já sabendo que aquela não era uma situação do meu agrado.
– Claro, como ela recusaria um convite feito por você, não é mesmo? – Falei desacreditada, dei passos suficientes para me afastar e ainda consegui ouvir ela sussurrando meu nome, provavelmente por eu não ter deixado ela terminar de se justificar.

Eu não queria fazer o papel de ciumenta, não tinha motivos para tal, mas gostaria que ela tivesse conversado comigo antes de tomar algumas decisões, era justo já que nada daquilo tinha sido planejado por ela. Passei a agir como se nada tivesse acontecido, não seria aquele detalhe que ia tirar a minha sagrada paciência, pelo menos eu esperava que não.

O motorista da van chegou e tratei de posicionar cada uma das crianças com segurança em seus lugares, me sentei em seguida com uma excelente postura e me mantive em silencio durante todo o percurso, procurando não olhar ao redor para evitar ver cenas que me deixariam nervosa.

Assim que chegamos no local, optei por colocar todos em uma fileirinha, seria mais fácil para ter o controle de cada um e supervisioná-los da melhor forma. Caminhamos por uma pequena trilha e logo estávamos onde meu filho mais desejou, uma cachoeira incrivelmente bonita, com uma queda d'água magnífica no fundo, na frente basicamente uma piscina natural e cristalina onde se podia nadar tranquilamente, mas a atração principal daquele lugar, o motivo que me fez escolher ele dentre tantas opções, era o conjunto de pedras lisas que tinham ali. As pessoas que visitam o lugar fazem delas um escorregador gigante que dá direto para a piscina natural e se feito com muita cautela, não oferecia riscos.
Encontrei um lugar para sentar e deixar as coisas apoiadas, só depois liberei as crianças para seguirem até a água, observei atenta essa primeira reação e não existia tristeza ali, era o dia mais desejado por Henry, estava escrito na sua testa. As duas se sentaram ao meu lado e também assistiam as crianças brincando.