33 - The accident.

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Passei duas semanas tentando entender como manteríamos a nossa relação, tratar apenas como ex era muito mais fácil, mas depois de uma declaração e da certeza de viver um amor recíproco, tudo ficou mais difícil.

No fim, tínhamos que considerar que durante anos o amor não foi suficiente para sustentar nosso casamento, existiu brigas, desentendimentos, cansaço por tanto tentar manter e um desgaste emocional gigantesco. Voltar agora podia ser a solução ou o fim de tudo definitivamente. Eu tinha medo de perder o respeito por ela, perder o carinho e ter que me afastar de vez. Tudo era um mistério e aquilo me assustava.

Planejamos levar Henry para jantar no restaurante de um amigo nosso que ia fazer um menu especial de inauguração para convidados limitados e ele passou a tarde inteira falando desse evento. Emma passou para nos buscar era por volta das nove horas e seguimos diretamente para o lugar. Ela estava trajada com um terninho cor chumbo, gravata vermelha e um salto nos pés. Por pura coincidência estava na mesma paleta que eu, já que usava um vestido vermelho, longo e com uma fenda profunda que deixava praticamente a coxa inteira exposta.

– Você está magnífica.– Ela sussurrou quando inclinou seu corpo para deixar um beijo em minha bochecha.
– E você está mais do que isso.– Esbocei um sorriso gentil, enquanto passava o cinto de segurança.
– Tudo bem aí, garotão?– Perguntou a loira, olhando-o pelo retrovisor e o garoto apenas esticou os dois polegares.

Não demoramos muito para chegar, Emma entregou a chave para o manobrista e logo segurou minha mão para que finalmente pudéssemos entrar. Nossa mesa já estava reservada e tinha uma placa com os nossos nomes. O ambiente era decorado para remeter a palácios antigos, pouca iluminação e muita elegância. Henry ficou encantado com tudo.

– Bom, eu vou servir vocês, rainhas.– Ele ficou de joelhos na cadeira e apoiou o guardanapo no braço, levando a outra mão para as costas. – O que vai ser?
– E cadê seu bloquinho de anotações?
– Ué, eu vou decorar tudinho.
– Jura? Então vamos lá. De entrada quero canapés de tartare de salmão e de prato principal será polvo na manteiga com batatas. – Ele mordia o lábio, se forçando para decorar tudo. – E para a sua mãe...
Emma ergueu os ombros, sempre tinha uma imensa dificuldade em escolher o que ia comer sempre que era dia de jantar fora.
– Para a entrada, salada de folhas com mozzarella de búfala e o clássico molho da casa, sem esquecer o adicional de mix de castanhas. Já para o prato principal, salmão ao molho de maracujá e purê aligot para acompanhar.
Emma me olhou orgulhosa, ali tive a certeza de que ainda conhecia ela muito bem.
– Tá bom. Então vai ser polvo pra mamãe R e salmão pra mamãe E.
Rimos todos juntos com o resumo que ele fez de um pedido que era tão extenso.
– Olha, acho que eu vou ter que implorar para que você venha trabalhar aqui comigo. – Disse Ramon, o dono do restaurante e um dos nossos amigos mais querido.
Ele estava atrás de Henry e assistiu a cena toda, aguardando para pegar o nosso pedido pessoalmente. O garoto virou para abraçá-lo e o mesmo retribuiu o abraço.
– Como vai o meu casal favorito no mundo?
– Elas não são mais um casal, não sabia?
– Não sei se consigo acreditar nisso. Olha como são bonitas juntas.
Meu olhar encontrou com o de Emma no exato momento em que ele proferiu tais palavras.
– Como a tampa e a panela. – Henry completou e acabamos rindo outra vez.
– O que você acha de me acompanhar na cozinha? Me ajudando a preparar o prato das duas e comer de tudo um pouco do que tem lá dentro? – Ele sussurrou para que somente nossa mesa pudesse ouvir.
–Eu acho incrível!– Ele gritou e já logo pulou da cadeira para o chão.
– Fiquem à vontade, meninas. Vicent logo aparece para dar um oi, infelizmente está muito atarefado no momento, mas peço que aproveitem esse Acquerello pinot grigio por conta da casa. – Um rapaz trajado de terno deixou o balde com o vinho e duas taças em nossa mesa e logo se retirou, assim como Ramon e Henry.
– Eu adoro esse casal.– Emma desabafou, enquanto tirava o vinho do balde e nos servia.
– Eu também os adoro. Saudade das noites de vinhos e queijos.
– Sim! Eram incríveis.

M̶Y̶ ̶M̶Y̶̶S̶T̶E̶R̶Y̶̶.Onde histórias criam vida. Descubra agora