No dia seguinte foi impossível arranjar uma roupa que não deixasse aparecer as marcas espalhadas por todo meu corpo, então apenas as ignorei e fui enfrentar mais um dia de trabalho.Regina não havia chegado ainda, o que me constrangeu, pois onde pisava meus pés, chamava um certa atenção para mim e eu precisava dela para me distrair. Já estava trabalhando quando ela chegou acompanhada de uma mulher mais velha, uma coroa bonita e provavelmente rica, assim como ela. Seu cabelo castanho escuro estava preso um coque magnifico, em seu corpo um conjunto de saia e casaco muito elegantes, suas jóias brilhavam tanto que era possível enxerga-lá a uma longa distância, não pude deixar de reparar na magnitude daquela mulher que nunca tinha visto antes. Minha chefe parou na divisória entre as nossas salas, piscou e me mandou um beijo, pouco antes de fechar a porta como se quisesse me impedir de escutar o que estariam falando, eu ignorei, não precisava saber sobre detalhes de mais uma das centenas de reuniões que ela fazia por dia.
xPov.Reginax
–Só me diz, o que você veio fazer aqui afinal?– Me referi a mais velha que estava de braços cruzados parada em minha frente.
Aquela era minha mãe, Cora Mills, imagina um ser horrível e desprezível, então multiplique por mil e descobrirá o cep da casa dela. Ao contrário de meu pai, Cora fingia que existia amor dela em relação à mim, o que era desnecessário, eu sabia que não e de fato era recíproco a falta de afeto. Ela nunca vinha me visitar a não ser que fosse de seu próprio interesse, então usava desculpas esfarrapadas para tentar contato e forjar uma preocupação quanto a minha saúde mental.
Emma jamais poderia conhecê-la, eu faria o possível para impedir isso.
–Quero saber como está a cabecinha do meu anjo.– Forjou um sorriso, olhando através do vidro para Emma que se concentrava no trabalho. –Cruzes, aquela garota acabou de sair de uma guerra?– Ela passou a mão sobre os braços como quem estava arrepiada e eu mordi os lábios, segurando a risada, enquanto pensava na tal guerra que teve com a secretária.
–Minha vida está ótima, obrigada.– Revirei os olhos e ajuntei as papeladas em cima de minha mesa bagunçada.
–Estava morrendo de saudade do pequeno Henry, onde ele está? Com Robin?– Ela apanhou uma xícara de café da minha mesa de centro e se sentou, cruzando as pernas na saia apertada que ela ainda insistia em usar.
–Não, está com a babá dele, Anna.– Coloquei meus óculos e me esforçava para deixar claro o quanto estava a ignorando, na esperança de assim ela aceitar e ir embora.
–E por que, Regina? Com um marido tão bom quanto o seu não deveria contratar uma babá, não seja ridícula.– Ela era ruim ao ponto de beber o café escaldante e não queimar a língua afiada.
— E qual a sua sugestão?
— Você deveria largar o trabalho e se tornar uma dona de casa exemplar. Cuidar do seu marido e filho, quem sabe até já preparar os próximos. Não tem se olhado no espelho, minha doce filha? A idade está chegando para você, logo não será mais capaz de gerar outro filho para o seu esposo. — Finalizou o café depois do enorme discurso ofensivo.
Eu estava perplexa, imaginando como era possível uma boca proferir tanta maldade. Segundo, era completamente impossível que alguém não tivesse contado para ela sobre o andamento do meu divorcio com Robin. Cora sempre era a primeira a saber de tudo, tinha informantes para todos os lados, diversos capachos prontos para passar informações necessárias que a faria puxar o tapete de quem desejasse.
A verdade era que o casamento de Cora com o meu pai nunca foi um casamento feliz, por isso ela sempre se demonstrou como uma mulher fria e amargurada, exceto quando era sobre o relacionamento dela com os meus irmãos, ela os endeusava, assim como meu pai fazia comigo e por esse motivo sempre teve muito desapreço por mim. Sempre me denominou como fraca demais para carregar o nome dos Mills na camisa da empresa, então exigia até mais que o necessário do meu cargo como líder.
— Por favor, só diz logo o que você deseja de mim dessa vez e vai embora.
–Ok, meu doce. Vou ser um pouco objetiva já que você insiste em falar que eu nunca venho lhe ver só porque te amo.– Ela deixou a xícara de lado e se levantou, caminhando em passos lentos até a minha mesa. — Já imaginou como seria deselegante para nossa família, uma mulher madura como você, largar um marido bom partido por trabalho? – Abri a boca para falar, mas ela me interrompeu.
— Não, minha querida, não discuta comigo. Nossa empresa com certeza cairia no ranking no mesmo instante. Não é isso o que queremos, é?– Apoiou ambas mãos em minha mesa, me encarando, depois de soltar os argumentos mais machistas que já existiram.
— E o que você quer que eu faça mesmo? Fingir que amo um homem que me faz mal, apenas para manter a reputação que você acha que existe?
–Exatamente, mas você não vai apenas fingir que o ama, você vai se esforçar ao máximo para amá-lo novamente. Essa historia de paixão é coisa da nossa cabeça, Regina, repita como um mantra e em semanas seu casamento será uma eterna lua de mel. – Ela sorriu encantada com a péssima ideia e eu apenas gargalhei.
– Ótimo, Cora, adorei a piada. Já pode voltar para a sua vidinha agora e me deixar em paz.
— Eu sabia que você era fraca demais para liderar.
— O que o meu casamento tem a ver com a minha empresa?
— Sua empresa? — Ela gargalhou. –Ah, meu docinho.– Ela levantou as mãos olhando suas próprias unhas como quem se achava superior. –Eu vou tirar essa empresa de você e darei para a primeira pessoa que aparecer, irei anular o seu nome de tudo que você construiu em todos esses anos, sem contar que irei despedir cada um desses seus amiguinhos que se dizem bons funcionários. – Ela cruzou os braços e suspirou aliviada, enquanto sorria satisfeita com as ameaças.
– Impossível, foi um presente do meu pai para mim, você não tem esse direito.
— Não? Irei revisar o contrato empresarial e te mando algumas cópias. — Ela caminhou em direção à porta de saída. — Não seja covarde e se atreva a me contrariar, vou adorar tirar tudo de você. — Levou a mão até a boca e jogou um beijo para mim pouco antes de sair.Aquela empresa era tudo o que eu tinha, não de luxúria e não de ganância. Só que meu pai havia se esforçado tanto para erguer aquele lugar, para deixar em perfeito estado em minhas mãos e eu jurei que manteria daquela forma, do jeitinho que era ele. Trabalharia dia e noite se fosse preciso, só me esforçaria o suficiente para toda vez que pisasse o pé naquele lugar, ele se fizesse presente em minhas memórias como alguém que se esforçava e de como eu tinha que me esforçar também. Ela não podia tirar de mim, ela não tinha esse direito!
Meu coração latejava de ódio quando bati minhas mãos em cima da mesa e derrubei tudo o que tinha em cima dela, incluído o computador, em uma falha de equilíbrio acabei caindo no chão e a única frase que ecoava em minha cabeça era a voz de Cora Mills me chamando de fraca, acabei chorando e chorava como criança, a dor não havia sido tão grande, mas foi uma boa desculpa para chorar por tudo que já tinha passado ao lado daquela mulher e por saber que ela realmente faria da minha vida um inferno até o meu último suspirar.
–Meu amor, você está bem?– A voz doce e delicada que vinha por trás de mim era totalmente reconhecível.
–Sai daqui, agora!– Gritei rude e ela saiu no mesmo instante.Eu não queria que fosse assim, não podia deixar que ela me visse daquela forma, eu amava Emma mais do que qualquer coisa no mundo, mas eu não podia deixar que ela me amasse mais. De fato é péssimo pensar assim, mas aquele lugar era tudo o que eu tinha e eu não podia abrir mão facilmente, não depois de tanto esforço. E se eu conhecia bem Cora, ela faria o que jurou fazer.
Estava na hora de ir embora, a empresa estava toda vazia e eu era a última a sair de lá.
— Eu te amo, papai.– Sussurrei ao olhar para o lugar todo escuro e fechei a última porta, entrando no meu carro em seguida.
Passei em casa, fiz uma mala provisória para mim e Henry, abraçada com o menino sonolento eu voltei para o carro a caminho da minha antiga casa com Robin aonde ele ainda morava, guardei o carro na garagem como a única parte em que ainda tinha o controle e apertei a campainha, não demorou muito para a luz ascender e ele abrir a porta, seus olhos estavam indignados com a minha presença e ele ainda em silêncio nos abraçou apertado e eu sem me mexer aguentei o abraço, apertei meus olhos quando pude sentir uma lágrima escorrer em meu rosto.
–Você voltou para mim, meu amor, que maravilha.– Ele falou empolgado nos puxando para dentro de casa.
Robin demonstrava estar muito feliz com a nossa volta para casa e eu não me conformava com isso. Se eu não estava feliz, como ele podia estar?
Nos fez uma xícara de café e ajudou a subir com as malas, já estava tarde e decidimos dormir, iria dormir no quarto de Henry com ele em sua pequena cama de solteiro de super heróis, eu precisava aceitar a situação, mas dormir com Robin já era muito para engolir em apenas um dia. Ele aceitou esse fato e eu me deitei ao lado do meu filho, o abracei forte e depositei um beijo em sua testa, fazendo o possível para impedir as lágrimas que insistiam em querer cair, foi quando ouvi o sussurro sonolento.–O que estamos fazendo aqui, mamãe ? Não quero estar aqui.– Aquilo havia terminado de destruir o que sobrou do meu coração.
–Aqui é nossa casa, Henry, temos que estar aqui.– Apertava meus olhos cada vez mais forte.
–A Emma vem para assistirmos filme de heróis? Você prometeu.– Ele insistiu entre os bocejos.
–Dorme que amanhã é um novo dia, querido.– Me aconcheguei com ele na cama e beijei sua bochecha pouco antes de notar que havia caído no sono novamente.Então foi ali em meio a tantas decepções para apenas um dia, no abraço do pequeno que me confortava onde me permiti chorar com tudo que tinha direito.
Será que eu nunca poderei ser feliz?
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M̶Y̶ ̶M̶Y̶̶S̶T̶E̶R̶Y̶̶.
Fanfiction╭──────•◈•──────╮ COM AS CENAS BÔNUS EM ANDAMENTO ╰──────•◈•──────╯ "Regina foi a única mulher que me amou de todas as formas possíveis, desde a foda perfeita ao mais puro clichê de filmes românticos e eu a amava na mesma intensidade. " Uma definiçã...