29 - Let's Play.

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Era a semana do aniversario do meu filho e depois de convencer algumas mães, tinha a missão de levar cinco crianças para viajar comigo, quatro meninos e uma menina. No inicio eu achei estranho, geralmente as meninas tendem a querer estar em lugares onde outras meninas vão estar, mas não a Violet. Eu conhecia a garota e sua família de diversas reuniões escolares, ela se parecia muito comigo quando tinha a sua idade, geniosa, inteligente, controladora, autentica, podia estar onde quisesse e nunca cairia nas influencias de ninguém.

Tive a brilhante ideia de incrementar o desejo de Henry e levar todos eles para um acampamento conhecidíssimo que tinha a poucas horas de nossa cidade, era perfeito para proporcionar diversas atividades para eles fazerem ao longo da semana, tinha alojamento supervisionado pelos coordenadores do local, um cantinho de descanso para as mamães, era pertinho da cachoeira, onde meu filho desejava tanto conhecer e sem sinal de internet, me permitindo fugir das obrigações do trabalho e de pessoas que me causam frio na barriga.

A verdade é que Ingrid revelou por mensagem de texto que realmente queria algo sério comigo e por algum motivo aquilo me assustava. Eu adorei conhecer ela de pertinho, presenciar a pessoa maravilhosa e atenciosa que ela é, mas tudo isso me causava uma sensação bizarra de frio na barriga, não era bom e nem ruim, mas me deixava sem saber como reagir e por isso que essa viagem era o escape perfeito para toda confusão que eu mesma consegui armar.

Contratei um motorista particular para nos levar nessa viagem e estava aguardando junto com ele, enquanto as mães se despediam de seus filhos e conferiam se eles não estavam se esquecendo de nada. Já o meu filho estava escorado no ombro de Emma, morrendo de sono, enquanto a outra mãe sustentava o peso dele e das diversas malas que segurava, acordar cedo foi a parte mais difícil para um garoto que passou a noite jogando videogame. Depois que tudo foi resolvido, ajeitamos as coisas no carro e posicionamos cada criança em seu devido lugar, depois foi só encarar uma viagem de quase uma hora ouvindo histórias de heróis e jogos de luta, algumas vezes me catei olhando para Emma e rindo, pois a mesma sabia um pouquinho de cada assunto.

Não demorou muito e chegamos no local que reservei, a recepção foi feita logo na entrada, onde nos ajudaram com as malas e nos acompanharam até cada quarto e cada cama, tudo muito bem organizado. O lugar onde eu ficaria era um chalé, um pouco afastado do alojamento das crianças, permitindo um pouco de descanso, longe dos gritos e das bagunças, afinal, elas precisavam existir para que existisse diversão.

Assim que cheguei no local que ficaria, abri a mala sobre a cama e procurei por uma roupa que fosse mais confortável para passar o resto da tarde, um short que fazia conjunto com uma camisa de botões, ambos levinhos e frescos. Apanhei meu celular e deitei na cama, só ali percebi que realmente não havia nenhum tipo de sinal naquele lugar, subi algumas mensagens antigas dos poucos minutos que ainda existia um mundo virtual e só avistei mensagens já enviadas, diversas conversas com as mães informando que isso aconteceria e deixando marcado o dia e horário que voltaríamos, acredito que elas estavam despreocupadas, já nos conhecíamos há anos, faço o tipo mãe participativa que está presente em todo e qualquer evento, acho que isso gerou nelas uma certa confiança. Emma também participava, algumas (poucas) vezes, mas acho que o estilo descolado e nada sério dela preocupava um pouco algumas mães, fora aquelas que tinham um certo interesse nesse jeitinho único da loira.
Logo abaixo tinha minha mensagem para Ruby, implorando para que ela colocasse juízo na cabeça dos meus irmãos no cuidado com a empresa e antes disso tinha uma mensagem de Ingrid "Tenho saudades." era o que dizia. Não era justo com ela, sabe? Eu adquiri um carinho imenso por aquela mulher e no desejo que ela tinha de me fazer sentir um nervosismo gostoso sempre que pensava nela, inclusive até atualizei seu nome em meus contatos para algo mais íntimo. O problema é que eu só sou assim quando estou sozinha, quando não preciso falar de sentimentos, se tenho que compartilhar o que estou sentindo com outra pessoa, tudo fica diferente, um bloqueio imenso surge do chão e me engole.

M̶Y̶ ̶M̶Y̶̶S̶T̶E̶R̶Y̶̶.Onde histórias criam vida. Descubra agora