34 - The accidente part. 2

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Entrei no quarto onde meu irmão repousava e o encontrei com a cabeça entre diversos travesseiros, era possível ouvir seu choro abafado, foi ali que percebi que ele já sabia do ocorrido. Mordi meu lábio e tentei conter as lágrimas, eu precisava ser forte por ele. Era uma dor insuportável, mas era maior ainda para quem dividiu uma vida com ela.

– Acabou, Regina.– Assim como eu, ele também esfregou o rosto algumas vezes em um ato de desespero.
– Não acabou, Killian. – Sentei-me na beira da cama e puxei ele para um abraço. – Soph está bem, ela está viva e saudável.
– Não.– Ele se afastou do abraço. – Não fala isso.
– Como não?
– Eu queria ela!
– Você queria as duas.
– Eu escolheria a vida dela, Regina.
– Killian, ela lutou muito para manter a criança até que pudesse ser retirada. Ela foi forte. Ela lutou absurdamente por esse bebê.
– Você não está entendendo, eu não posso criar essa criança.
– O quê? – Entortei a sobrancelha.

Meu irmão estava vivendo um momento de negação, as palavras que saíram de sua boca me fizeram ficar confusa, precisei ficar em silêncio para que ele pudesse absorver o que havia dito. Ele segurou minhas mãos e me fitou por longo minutos em silêncio.

– Escuta... Esse era o sonho dela. Ela queria essa criança e eu só queria que ela tivesse tudo o que desejasse. – Acenei positivamente com a cabeça. – Vocês têm que ficar com esse bebê.
– O quê? Não! – Foi a minha vez de soltar sua mão e me afastar.
– Ruby sabia que eu não estava pronto para isso. É isso o que consta no testamento. Vocês só precisam estar de acordo.
– Você vai negar a sua filha, Killian? E quando ela crescer e ficar se perguntando o motivo pelo qual o pai não a quis?
– Eu vou estar por perto, vou ser o suporte caso necessário e posso pagar tudo que ela precisar.
– Ser pai não é pagar as coisas, Killian.
– Por isso eu preciso de vocês. Juntas. Você e Emma.

Caminhei até a janela do quarto e observei o tempo lá fora, estava amanhecendo da pior forma possível, não tinha cor e o frio era nítido. Combinou com os acontecimentos, não era um dia feliz e o céu concordava comigo.

– Eu vou resolver as coisas lá fora por você, não precisa se preocupar com nada, mas quero que pense mais sobre o que está falando.
– Obrigado.

Me retirei do quarto e depois de andar por alguns minutos naquele hospital, notei a presença de Emma sentada na mesma cadeira que eu estava antes. Os olhinhos borrados de maquiagem mostravam como ela estava cansada e triste, fez meu coração apertar. Ela notou minha presença e correu em minha direção, me deu um abraço apertado e ficamos em silêncio naquele aperto por longos minutos. Era tudo o que eu precisava.

– Me acompanha?– Sussurrei e ela concordou sem nem saber sobre o que se tratava.

Subimos alguns andares até a pediatria e o doutor nos guiou até a incubadora onde estava a Soph. Meus olhos se encheram de lágrimas no exato momento em que vi aquela criança, era sem dúvidas a criatura mais majestosa que meus olhos já viram na vida.

– Ela é apaixonante.– Emma sussurrou, enquanto encaixava sua mão no pequeno espaço que tinha ali e brincava com a pequena mãozinha usando seu indicador.
– Ela é sim. – Admirei a cena das duas juntas e me veio em pensamento as palavras ditas pelo meu irmão. Era assustador. – Tenho tanta coisa para fazer e não sei por onde começar.
– Eu vou te ajudar, Regina. – Ela se virou para mim. – Me deixe te ajudar.

E ela fez. Enfrentamos o velório mais difícil da minha vida, lado a lado. Preparamos um almoço para todos os amigos e família em minha casa logo em seguida, precisávamos de um tempo juntos para um confortar o outro, falamos sobre ela, lembranças boas e difíceis. Segui até a cozinha para ver as quesadilhas no forno e Killian me seguiu até lá, estava exausto, carregava um copo de uísque nas mãos que me preocupava, as olheiras eram profundas e o cabelo uma completa desordem.

M̶Y̶ ̶M̶Y̶̶S̶T̶E̶R̶Y̶̶.Onde histórias criam vida. Descubra agora