3- "Heller's".

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— Pode vir até a minha sala?— Sua voz pelo telefone parecia ter sussurrado, o que me fazia querer olhar através do vidro, mas não o fiz, apenas fechei meus olhos e respirei cada vez mais fundo.
—Estou indo, Senhora Mills.— Desliguei o telefone e me levantei, teclando meus saltos pelo chão de madeira até sua sala.

Assim que entrei os olhos de Regina vieram de encontro aos meus, acompanhados de um sorriso que foi muito breve, ela acenou com a cabeça para que eu me sentasse, geralmente fazia só isso e eu já entendia perfeitamente seus gestos sem que ela precisasse falar, era como se eu estivesse conectada com seu corpo e seus gestos.
Regina levantou de sua cadeira e deu a volta em sua mesa até ficar ao meu lado, me fazendo virar para ficar de frente para ela, estava em pé e cruzou as pernas, deixando seus saltos em uma perfeita posição, mesmo com poucos movimentos pude sentir seu perfume novamente, eu sempre buscava por seu cheiro anestesiante.
Apoiou uma de suas mãos sobre a mesa e a outra enrolava pequenos cachos em seu cabelo que repousavam em seus ombros, me encarava como se tentasse me decifrar, sabendo que era eu quem estava louca para saber o que essa mulher fazia comigo, senti meu rosto queimar e minhas pernas tremerem um pouco, mas isso não fez com que Regina tirasse seus olhos de mim e ela apenas apertou seus lábios em resposta aos meus movimentos.

Aquele silêncio estava me matando. Regina estava me matando. Eu queria correr e ao mesmo tempo não. Eu queria mandar ela parar e ao mesmo tempo não. Aqueles olhos me queimavam e ao mesmo tempo me distraíam.

—Você pretende ir embora?— Me questionou com um sussurro quase inaudível.
— Desculpa, como?— Engoli seco.
—Você pretende deixar a empresa cedo, Emma?— Ela havia me chamado pelo primeiro nome, como se fossemos totalmente íntimas. 
Abri a boca para responder, nada saiu e ela deu um passo em frente que foi o bastante para aquela sala aumentar uns 30 graus, no mínimo.
— Não está nos meus planos, Senhora Mills.— Ela balançou a cabeça com um sorriso entre os lábios que mordia e se afastou.
Ela estava linda. Na verdade, Regina ERA incrivelmente linda.
— Bom, temos uma reunião confidencial agora e eu quero que vá! Leve meu computador e tudo o que for dito naquela sala você tem que escrever, tudo bem?— O fato dela ter se afastado de volta para sua mesa acabou acalmando um pouco o efeito que ela causava em mim, então concordei com a cabeça.
— Lembre-se, é confidencial, por tanto nada pode sair daquela sala a não ser escrito neste computador. Entendeu?— Tinha uma expressão séria no rosto.
— Pode confiar em mim.— Ela me olhou nos olhos por uns segundos, aqueles olhos que pareciam ser o puro ato da sedução e da tentação.
— Posso mesmo, Emma?
— Eu não seria tão estúpida ao ponto de te decepcionar.— Ela sorriu satisfeita com a resposta. Finalmente senti que tinha feito uma coisa certa.

Regina se levantou e saiu de sua sala até o corredor e eu a segui, caminhamos direto para a sala de reuniões também naquele andar, dava para ver que algumas pessoas já estavam presentes e todas bem elegantes, vestiam ternos e roupas bem caras, longe do que eu tinha antes de Ruby me presentear.

Entramos na sala e assim que a porta foi fechada o som passou a se acumular, parecia ter algum tipo de proteção para que ninguém do lado de fora escutasse, haviam vários bancos que cabiam umas três pessoas e eles eram bem confortáveis, obviamente me sentei no último deles, apoiei o computador de Regina em minhas pernas e o abri, logando diretamente no programa que estava aberto para que eu pudesse escrever.

Eles se preparavam para a reunião e meus olhos automaticamente seguiram Regina por onde quer que ela andasse, parou para conversar com um moço alto e bem vestido, ela ria e ficava ainda mais bonita, acabei suspirando satisfeita com aquela visão e eu acho que chamou sua atenção, pois ela me olhou de volta enquanto ainda ria para aquele moço, mesmo a sala estando cheia, naqueles minutos em que ficamos nos olhando parecia que estávamos sozinhas. Uma sensação boa de nervosismo com satisfação e paz, era confuso.

M̶Y̶ ̶M̶Y̶̶S̶T̶E̶R̶Y̶̶.Onde histórias criam vida. Descubra agora