23- Mentally exhausted.

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                   xPov.Reginax

Já havia se passado algumas semanas desde que Emma tinha ido até a minha casa com Robin para concluir se eu estava mesmo lá ou não.
Nunca precisei passar por uma dor tão grande, nada foi tão perturbador do que ver aquelas esmeraldas se fundir com a vermelhidão dos olhos que lutavam contra as lágrimas. Eu precisei fechar aquele porta.
Depois daquele dia eu não voltei a vê-la outra vez, primeiro porque eu não podia, segundo porque ela não queria, pelo o que foi me contado por Henry que às vezes esbarrava com ela no parque. E mesmo tão decepcionada, ela ainda nutria um amor genuíno pelo meu filho.

–Você está ouvindo isso?– O pequeno sussurrou, me despertando dos meus pensamentos.
Eu estava abraçando o garoto com tanta força que o rostinho amassado estava vermelho de tanto calor. Fui tomada por uma sensação de tranquilidade por ainda ter ele ao meu lado e só ali me sentia forte o suficiente para continuar.
— O quê?
— Vozes.
– Sim, seu pai e Cora estão conversando lá no quintal.
–Robin.– Ele corrigiu e eu segurei a risada, deixando um beijo apertado contra a bochecha redonda.
–Podemos continuar aqui na cama para semprezinho?– Falei manhosa, apertando o pequeno em meus braços outra vez.
– Nada disso, senhorita. Quero ir para o parque hoje e me encontrar com a Emma para salvar o mundo. — Ele não fazia ideia de como me salvava todos os dias.
— E você vai me abandonar?
— Eu te levaria, mas a vovó disse que hoje é dia de shopping para você. Eca.
O garoto pulou do colchão para a minha cintura e se encurvou para colar a bochecha dele na minha.

Aproveitamos mais um pouco de dengo na cama, antes de levantar para encarar mais um dia, conforme descia a escada para o andar de baixo, o barulho da conversa que vinha da área externa ficava mais alto e percebi que não se tratava apenas de uma conversa de Robin com Cora, mas sim da família inteira.

— Acordou a Bela adormecida. — Killian jogou um pedaço de pão na minha direção e eu desviei, enquanto tentava entender o que estava acontecendo.
— Você vai ver só.— Henry soltou minha mão e correu em direção ao tio, este que segurou o menino nos braços e começou com uma brincadeira de luta.
— O que eu perdi? — Sussurrei ao me sentar ao lado de Ruby na mesa imensa de café da manhã.
— Eu também quero saber, fomos convocados para uma reunião de família às oito horas da manhã, só podia ser coisa da Cora mesmo. — Ruby se servia do suco de laranja fresco.
— Agora sim, estão todos aqui. — Cora ergueu sua taça de suco, era a única que ainda estava em pé.
— Quero anunciar uma decisão importante. Regina decidiu reatar o casamento e por sermos gratos a essa notícia maravilhosa, iremos dar uma festa de casamento. Renovação de votos. — Ela largou a taça para bater palmas e no mesmo instante, Ruby quase cuspiu o suco que bebia, tão impactada quanto eu com a notícia.
— Eu nunca vi alguém que se casou duas vezes com o mesmo cara. A rainha da cafonice, maninha. — Killian debochou e levou um beliscão de sua mãe, fazendo-o se comportar adequadamente.
— Não é hora para piadas, meu filho, temos muitas coisas para resolver.
— Não me lembro de ter concordado com essa ideia.
— E desde quando você tem o direito de opinar em alguma coisa nessa família, minha querida? Eu sempre preciso deixar claro que a última palavra sempre será a minha?
O silencio se fez presente por longos minutos, ninguém teve um pingo de coragem sequer de contrariar a decisão de Cora, isso porque todo mundo que estava ali presente sabia do nível que crueldade presente no corpo e coração daquela mulher.
— A Clean Magazine vai fazer a cobertura completa desse casamento. Tudo precisa estar perfeitamente alinhado, assim garantimos mais um ano do nosso sobrenome no ranking da família mais conhecida do mundo.
— É claro, sempre é esse o motivo.
— Nós mulheres vamos em busca dos nossos vestidos e vocês projetos de homens, vão em busca dos ternos. Eu quero os melhores estilistas dessa cidade medíocre implorando para nos vestir, não aceito nada menos do que isso.

Assim nos separamos, homens em um carro e mulheres em outro, todos com um único objetivo, menos eu, só queria sumir no mundo e nunca mais voltar.

E só de pensar que casamento era um evento que muito me agradava, já tinha pensado em me casar outra vez, mas não daquela maneira, não com aquele homem.

Sem muita enrolação, Cora nos levou para a loja de noivas da estilista mais requisitada do momento, os vestidos tinham acabado de sair da passarela, seriamos as primeiras pessoas a experimentar cada uma daquelas peças além das modelos. Fomos recebidas com taças de um espumante branco originário da região de Champagne na França, antes de sermos apresentadas as peças disponíveis na loja.
Fiz o ajuste de aproximadamente três vestidos no corpo, enquanto Cora os julgavam como não suficientes para o evento, estava presa no telefone e apenas gesticulava com as mãos dispensando mais uma peça.

Me sentei ao lado de Ruby, deslizando as mãos contra o rosto em um ato de desespero e ela que não teve muito tempo para conversar comigo e entender o que estava acontecendo, foi muito compreensiva e percebeu no mesmo instante que o era um caso que estava longe do meu controle.

— Eu vou enlouquecer.
— Eu imagino que sim. — Segurou a minha mão.
— Regina, eu sei que em algum momento você vai me contar o que está acontecendo, mas eu desejo de coração que você não esteja cometendo um grande erro.
— Eu não sei o que fazer, Ruby.
— Mas precisa decidir rápido. Consegui o acesso da agenda da Cora e ela tem tudo planejado à meses, o espaço do evento, a lista de convidados, a disponibilidade dessa estilista aqui para te atender. — Ela sussurrava demonstrando preocupação. — Regina, entraram milhões na conta dela desde que ela inventou essa história de casamento. A Clean Magazine praticamente implorou para fazer essa cobertura e ter fotos privilegiadas de vocês dois. O que está acontecendo, amiga?
— Cora Mills está buscando a fama que tanto desejou.
— E você vai deixar ela mudar a sua vida inteira só para não perder sua empresa?
— Não é só uma empresa, Ruby.
— É o seu pai. Eu sei disso, amiga. — A morena finalmente me abraçou e eu apertei aquele abraço como se fosse a última coisa que eu tocaria na vida. — Eu só tenho medo das coisas saírem do controle.
— Eu também.

Provei o total de sete vestidos até finalmente Cora encontrar a obra de arte perfeita para o meu corpo. Ao me olhar no espelho notei que era o vestido perfeito. Mas não era o vestido perfeito para mim. O espelho me mostrava uma Regina magra devido aos dias sem comer, cansada e desesperançosa. Voltamos para casa e no caminho inteiro Ruby apertou a minha mão, eu era feliz por ter ela ao meu lado. Quando finalmente chegamos, segui para a suíte principal, era a primeira vez que estava em casa sozinha depois que Cora decidiu voltar para a cidade. Tirei minhas roupas e liguei a banheira com água morna, entrei e deixei que meu corpo se afundasse naquela água cristalina.

A minha mente sempre fazia questão de voltar para Emma Swan e toda vez que pensava nela, uma dor escorria pela ladeira do meu rosto.
Eu só conseguia pensar que um grande pedaço meu ainda estava com ela. Não sabia onde, com quem ou em quais bocas ela tinha me colocado através da sua. Me atormentava não saber o que ela tinha feito com a parte de mim que morava nela, o que ela fez comigo dentro da sua cabeça, pele e desejo?
Será que ela também estava provando do ácido que era existir? O que será que ela tinha comido? Fiquei pensando se ela ainda se virava comendo enlatados já que nunca foi muito boa em cozinhar.

A verdade é que Emma Swan estava impregnada em mim e em tudo que eu tocava, via ou sentia. Ela estava na minha memória e na minha respiração. E eu estava tentando esquecer. Eu juro que estava tentando encontrar um caminho, qualquer coisa que me dispensasse de pensar tanto nela. Mas ela estava em mim, comigo, sobretudo em mim.

Quando estava completamente coberta pela água da banheira, fechei meus olhos e desejei descansar, talvez, eternamente.

M̶Y̶ ̶M̶Y̶̶S̶T̶E̶R̶Y̶̶.Onde histórias criam vida. Descubra agora