24- Let the game begin.

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xPov.Emmax

–E o que foi que ela disse?– Abracei forte Henry em meu colo e ele continuava a me explicar, distraído com seu sorvete.
– Que eu não deveria misturar as massinhas. Mas as massinhas são minhas, então eu posso fazer com elas o que eu bem quiser.

Henry se sentia muito livre para me contar momentos do seu dia a dia e eu adorava ouvir tudo que ele tinha para dizer. A verdade é que me sentia muito sozinha depois que deixei de ir trabalhar, não pedi demissão e também não fui demitida, deixei de frequentar o trabalho até que Regina tomasse uma atitude sobre o ocorrido e se ela quisesse colocar outra pessoa em meu lugar então que colocasse.

— Você sabia que o vermelho é a cor do amor?
— Jura?
— Juro de dedinho.
— Queria eu saber o que é o amor. — Desabafei sozinha.
Me perdi brevemente em meus pensamentos e não percebi o momento exato que Neal se sentou ao meu lado no banco do parque.
— Oi, Loira. — Ele tocou meu ombro e depois esticou a mão para Henry tocar, ele o fez. — Como você está rapazinho?
— Supimpa. — Rimos da fofura.
— E você? Como está? — Ele se direcionou à mim e eu prestei muita atenção em Henry se aproximando da babá para finalmente dar atenção para o homem ao meu lado.
— Eu estou muito bem, obrigada. E você?
— Tudo tranquilo. Só fiquei um pouco preocupado com você, estamos há dias tentando entrar em contato e você não atende o celular.
— Me desfiz dele.
— Você é pré-histórica, Emma Swan. — Ele debochou. — Vim te convocar pessoalmente para uma festa.
— Que tipo de festa?
— Ruby está organizando uma confraternização da empresa, apenas pessoas da família, algo mais reservado.
— E onde eu entro nessa história, se não faço mais parte da empresa e tão pouco da família?
— Não seja tão melancólica, por favor, sabe que fazemos questão da sua presença.
— Eu estou tentando lidar com tudo que aconteceu na minha vida nas últimas semanas de um modo que não me cause tanta dor.
— Essa é uma ótima oportunidade de estar perto de quem ama você. Ok? Terá bastante espaço, não vai nem esbarrar com Regina, eu prometo.
— Pensarei com carinho.
— Estarei te aguardando hoje no endereço que você já conhece. — Neal beijou o topo da minha testa e partiu.

Eu cheguei a me perguntar o que perderia se não fosse e o que mudaria na minha vida se participasse, tudo isso enquanto tentava me convencer de que eu não tinha muito o que fazer. Regina já tinha feito uma escolha e não cabia à mim ir contra sua decisão. Era algo que estava fora do meu controle. Embora parte de mim tivesse consciência de que a vida seguiria apesar de tudo, a dor daquela perda era um luto que manchava o peito. Eu poderia ter ido. Evitado as guerras pelo espaço dentro dela. Eu teria evitado me ferir se tivesse expulsado ela de dentro de mim. Eu teria evitado a dor de ver ela indo embora e me entregando o aval de que tudo havia acabado. A vida estava me exigindo maturidade para seguir em frente sem saber o por quê.

Entendi que era o que eu precisava ser. Madura. Do contrário, não me sobraria mais nada e nem ninguém.

Foram horas de atraso até eu finalmente decidir chegar no local do evento e por isso, me vi diante de pessoas já distantes da sobriedade.
–Chegou a atrasada.– Neal passou o braço em volta do meu pescoço assim que me viu parada na entrada da casa.
– Eu estou aqui, não estou?
— Felizmente está.— Ele caminhou ao meu lado até o bar e chamou o bartender com o indicador.  – Dois shots de tequila, por favor. — Meu estômago embrulhou ao lembrar da última vez que digeri aquela bebida. — Aqui. — Colocou os dois copos diante de mim e eu os tomei de uma vez, apenas para o contentar. — Você é ótima, Swan!
— Realmente. Estou impressionada. — A ruiva ao meu lado empurrou levemente o meu ombro com o dela e eu por algum motivo fiquei contente em vê-la.
— Pamela. Oi. — Limpei a lateral dos lábios com o polegar.
— Fiquei sabendo sobre o que aconteceu. Eu sinto muito.
— A vida é uma montanha-russa, Pam. Você só pode viver se estiver disposta a ficar de cabeça para baixo.
— Desejo que tudo se resolva da melhor maneira.
— Eu também.
— Então, senta com a gente?
— Ah, claro.

Acompanhei a mulher para o segundo andar, entramos em um cômodo onde a musica era diferente e a qualidade das bebidas também. Lá encontrei Neal, Belle, Killian e Ruby que correu diretamente em minha direção e abraçou meu pescoço com força, me entregando uma taça de espumante em seguida.

— Eu sabia que você vinha! — Ela beijou meu rosto com força e me marcou com o batom vermelho.
— Joga com a gente, Swan? — Perguntou Killian, enquanto organizava algumas peças de jogo sobre a mesa na qual estava sentado. Foi onde percebi sobre o que se tratava aquela outra reunião. Poker.
— Ah, eu não sei se devo.
— Não existe mal algum nisso. Prometo pegar leve.
Ele só falou aquilo porque não conhecia um terço da minha história. O que na verdade eles não sabiam era que eu era excepcionalmente boa no poker e que passei boa parte da adolescência conturbada usando o jogo de modo ilegal para conseguir dinheiro e entrar na faculdade.
— Ou, talvez, eu que prometo pegar leve com você. — Me sentei na cadeira em frente a dele e o homem esboçou um sorriso de satisfação com a minha ousadia. Iniciamos uma partida do jogo, eles estavam familiarizados com as estratégias, jogavam bem, só não tão bem quanto eu.
— Começaram sem mim?— Eu reconheci a voz no mesmo segundo, virei para me certificar e avistei uma Regina magnífica e ao seu lado, o acessório que era o seu marido. Ela me olhou surpresa, talvez não tivesse acreditado que eu de fato aceitaria o convite para o evento, mas não fez uma cena, ajeitou-se em sua cadeira e se preparou para fazer parte do jogo.

As apostas começaram a ficar desinteressante para os adversários quando comecei a ser imbatível, ganhando diversas vezes seguidas, sem dar o gostinho para a vitória alheia.

— Certo, Emma, eu te juguei mal. — Killian ergueu as mãos em rendição.
— Precisa vir mais vezes, Swan. — Completou Ruby. — Killian é insuportável nas noites de jogos, finalmente chegou alguém como você para colocar ele no lugar.
— Tá bom, rodada final. Ganhando essa, você pode pedir o que você quiser de qualquer pessoa que tiver aqui. — Ele estava confiante.
— Ótimo.
Jogamos outra partida e para a tristeza de muitos e supresa de Killian, eu tinha ganhado mais uma vez.
— O que vai ser?
— Eu quero que a Regina conte detalhadamente em voz alta o que fizemos em sua sala um dia antes dela decidir me ignorar para sempre.
— Swan, por favor... — A morena repreendeu, enquanto dava um gole em sua bebida.
— É a regra, Regina. — Disse Ruby.
— Fizemos amor.
— Definitivamente não fizemos amor, senhora Mills.
— Emma.
— Não tinha amor, nunca teve amor ali. — A conversa tão intima era do interesse de muitos e também o maior desconforto de Robin. Ele não aceitava perder para uma mulher. Ele não aceitava perder para mim.
— Fizemos sexo. Sexo de verdade. Tapas, mordidas e diversos orgasmos.
Robin se levantou furioso e atacou a taça que estava em suas mãos no chão, fazendo-a se despedaçar por inteira.
— Espera. — Regina gritou, antes de se levantar e correr em direção ao homem que abandonava a sala.
Virei o restante da bebida que ainda tinha na minha taça e fiquei sem reação, nem eu tinha acreditado no quão baixa eu podia ser com raiva.
— Você mandou muito bem. — Ruby sussurrou próximo ao meu ouvido e correu atrás da melhor amiga.

Aos poucos cada um foi deixando o lugar e retomando o espaço na festa, adentrando a piscina e causando no bar. Eu não. Eu fiquei sentada no mesmo lugar, encarando as peças do jogo e pensando em tudo que tinha acontecido. Um som me fez sair do transe que os pensamentos me causaram e eu precisei me virar um pouco para ver Regina entrar na sala outra vez e em silencio trancar a porta atrás dela. 

M̶Y̶ ̶M̶Y̶̶S̶T̶E̶R̶Y̶̶.Onde histórias criam vida. Descubra agora