27 - A few years later.

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O barulho que meu filho fazia de um lado para outro havia me despertado e me feito levantar com um humor pior do que de costume, caminhei para o banheiro a fim de escovar meus dentes, depois me coloquei para fora do quarto e encostei no batente da porta, o observando tão desesperado.

— Veja só quem deixa para arrumar as coisas de última hora e depois não sabe onde encontrar o que precisa.— Falei amarrando meu hobby e segurando a risada.
— Viu o outro par do meu tênis?— Era o olhar mais dengoso que ele tinha.
— Olha como eu conheço meu filho.— Gargalhei e ele bufou preocupado.
— É sério, mamãe Emma já está chegando.— Depois que a vida dele se dividiu em três casas diferentes, ele acabou ficando mais perdido do que sempre foi.
Caminhei até a lavanderia e apanhei o par do sapato que estava encostado na janela, onde ele mesmo havia colocado.
— Uau, sua mãe é mágica.— Falei irônica, entregando o sapato. Depositei um beijo demorado em sua testa e ele correu em seguida para terminar de se arrumar.
— Obrigada, mamãe.— Digo a mim mesma e vou até a cozinha procurar algo para comer.

Chego no cômodo e abro os armários, depois de concluir que precisava ir as compras, apanho o cereal de Henry e despejo em um pote, preenchendo-o com leite. Me sento de modo confortável na cadeira em frente à mesa e passo a comer, enquanto assistia da forma mais divertida o desespero já esperado de meu filho.

— Já decidiu o que vai fazer no seu aniversário?— Insisti em perguntar, sem pensar que o atrapalharia ainda mais.
— Não, quando souber eu vou te mandar mensagem.— Ele parou e ficou pensando no que tinha para fazer e eu o observando.

Sou a tipica mãe careta, achava meu filho a criatura mais linda do mundo e agora que já estava um moço, era ainda mais bonito. Como havia crescido, já ia fazer 11 anos e continuava a ser minha criança ingenua e doce de sempre.

Logo o som da campainha me desperta de meus pensamentos e me levanto para atender a porta, já que ele não faria isso. Assim que giro a maçaneta e puxo a porta, tenho a visão de Emma bem próxima, seus lábios contornam um sorriso sem jeito que me faz retribuir da mesma forma, passamos alguns minutos entre olhares até que o grito do menino nos tirou desse transe.

— Pronto, acabei!— Ele se aproxima de nós com uma mochila nas costas e logo me aperta em um abraço forte, retribuo na mesma intensidade.
— Por favor, sem me dar dor de cabeça vocês dois. Nada de açúcar ao extremo e sem passar muito tempo na frente da televisão, vocês conhecem meu sexto sentido no quesito descobrir as coisas.— Beijei demorado sua testa e deixei que ele pulasse para sua outra mãe que o abraçou com intensidade, ainda com o sorriso no rosto.
— Daqui a dois dias estamos de volta, não se preocupe e fique bem.— A loira sussurrou, dando uma piscadinha que me quebrou por alguns instantes, mas logo superei.
— Obrigada.— Sussurrei de volta e fechei a porta logo depois ou não permitiria aquela partida.

Caminhei até o sofá e me sentei, olhando ao redor pude perceber como aquela casa ficava imensa quando estava sozinha e era simplesmente horrível, mas eu tinha que me acalmar antes de deixar tudo desmoronar.

Havia passado 2 anos desde que eu e Emma rompemos, foi um assunto tratado como acordo para ser sincera, nada do que fazíamos dava certo, parecia que toda nossa química tinha sido levada com o vento e essa era a parte mais sem sentido para mim. Quem me conhece bem sabe que sou realmente alguém difícil de lidar, mas todos parecem estar dispostos a lidar com a minha confusão no inicio e acabam deixando tudo ao vento no fim. Estava começando a achar que esse negocio de relacionamento/casamento não era para mim, comigo e com Emma foi tudo muito bom na verdade, aprendemos diversas coisas juntas, mas estava tudo tão perdido que eu não sabia mais como continuar. Sim, a coragem de pedir o divórcio veio de mim e não que tenha sido uma escolha fácil de se tomar, mas porque eu já não via mais saída então foi pelo que optei e com muitas lágrimas, ela concordou comigo.
Não sei se foi pior para mim tomar essa decisão, para Emma de me apoiar com tudo isso ou para Henry ao ver as duas pessoas mais importante da vida dele realizando um procedimento critico desses. Nos primeiros meses ele foi super contra, tentou de tudo nos convencer do contrário e eu insisti em tirar essa ideia de sua cabeça e só depois de um ano e com muito esforço foi que ele passou a se acostumar com tudo isso. Para ele foi fácil aceitar minha separação com Robin, já que ele era pequeno e não deixava isso interferir em sua vida, já com Emma foi um imenso caos, mas eu não o culpo, era um caos para todo mundo.

M̶Y̶ ̶M̶Y̶̶S̶T̶E̶R̶Y̶̶.Onde histórias criam vida. Descubra agora