Capítulo 2

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II

Passei a noite em claro, velando o sono do estranho, mas um estranho bem valioso, diga-se de passagem. Junto com os primeiros raios do sol ele acordou.

— Arh! - Colocou as duas mãos na cabeça. — Onde estou? Na masmorra? Que cama horrível!

— Obrigada, príncipe Christopher.

Ele me olhou e aos poucos parece ter se lembrado do ocorrido.

— Você salvou minha vida. - Se levantou. — Salvou seu futuro rei!

— Foi uma honra. - Forcei um sorriso. — Acho que precisa ir pra casa, descansar devidamente.

— Quero que venha comigo, eu não sei o que me espera aí fora.

— Quem eram aqueles homens? - Abri a porta enquanto ele vestia sua capa. — O que queriam?

— Não sei. - Me seguiu pra fora. — Provavelmente fiquei com a mulher de um deles.

Olhei para Christopher, que falou aquilo com tamanha naturalidade.

— Os boatos pela cidade é que vai se casar.

Ele deu risada.

— Me desculpe, mas não perguntei seu nome. - Me olhou, andando lado a lado comigo.

— Camila. - Olhei pra ele. — Camila de Miargas.

— Então, Camila de Miargas, nós homens, temos necessidades, entende?

— Certamente.

— Minha esposa também irá entender, porque é da nossa natureza, ela vai se casar com um príncipe, não pode reclamar.

Apenas assenti, infelizmente nem tudo que penso pode ser dito em voz alta. Na entrada do castelo, os soldados ficaram surpresos por ver Christopher daquele outro lado das muralhas, sem seguranças, e com uma plebéia ao seu lado. Com apenas um olhar ele fez os portões serem abertos, segui com ele para dentro, eu nunca tinha entrado em um castelo tão bonito, tudo ali mostra a prosperidade da dinastia Jauregui. Assim que passamos pela porta de entrada, uma mulher de meia idade, que não sei quem é, se aproximou, fez uma breve reverência para o príncipe, me olhou, mas logo voltou sua atenção pra ele.

— O que foi isso em seu rosto? Onde estava?

— Tive um pequeno incidente, onde está meu pai?

— Na sala do trono.

Ele assentiu e saiu, eu apenas o segui, em silêncio, e olhando tudo ao redor.

— Pai. - Abriu as grandes portas de madeira, revelando a sala do trono.

Exitei entrar, afinal não fui convidada formalmente, e aquilo pode me trazer problemas, mas Christopher retornou e me puxou pra dentro.

— Eu já disse que você não pode entrar assim! - Michael falou olhando para o filho. — E ainda com estranhos, quem é você?

— Camila de Miargas, vossa Majestade. - Coloquei um joelho no chão, e fiz reverência.

Conviver com membros da realeza me deixará corcunda.

— Levante-se, o que faz com meu filho? - Me analisou. — Uma das meretrizes que lhe tira o juízo?

— Papai, não fale assim. — Se pôs ao meu lado. - Camila salvou minha ontem.

O homem robusto arregalou os olhos.

— O que aconteceu?

— Eu fui atacado por três homens.

LutemorOnde histórias criam vida. Descubra agora