Capítulo 22

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XXII

— Ben, reúna todos os trabalhadores perto do rio, em instantes chegarei lá.

— Sim, senhora. 

  O homem se afastou e eu me virei pra Pierre.

— Onde está seu parceiro?

 Ele riu.

— Seu guarda?

 Ergui a sobrancelha. 

— Tem outra pessoa que lhe acompanha todos os dias, Pierre? - Devolvi a pergunta impaciente. 

— Alguém saiu da cama com o pé esquerdo hoje. - Falou com um meio sorriso. — Mas respondendo sua pergunta, Domenico teve um mal estar, o que impediu que viesse, mas ele disse que no decorrer do dia virá até aqui.

— Mal estar. - Falei em um tom julgativo. — Enfim, então vamos nós, temos um longo dia de trabalho. 

— Espere. - Segurou em meu braço. — Hã… eu ouvi os trabalhadores falando que viram você ontem na taverna. 

— Sim. - Puxei meu braço de volta. — Por quê?

— Então é verdade? - Assenti pra não ser grossa nas palavras. — Camila, esqueceu que me deve uma saída? Você disse que quando tivesse tempo iria me falar, pra irmos juntos à taverna.

 Sangue de Cristo tem poder, não são nem 7 horas da manhã ainda.

— Pierre, escute bem o que eu vou falar, tudo bem?

— Tudo.

— Eu não quero sair com você, e não é nada pessoal, acontece que você carrega expectativa além da conta, nós não vamos sair, não vamos nos beijar, não vamos namorar, não vamos casar, não vamos ter filhos, ou seja lá qual for seus planos, eu recuso todos, não quero você, porque não faz o meu tipo, então se voltar mais uma vez com essas cobranças descabidas, esquecerei que somos amigos!

 Ele piscou os olhos várias vezes, provavelmente tentando assimilar tudo que falei, mas estou cansada, e ele ainda me vem com essa chatice, que homem lunático. 

— Eu achei que nós poderíamos…

— Achou errado. - Interrompi. — Agora vamos, não tenho o dia todo pra papear.

 Ele me seguiu em silêncio, e assim foi pelo resto do dia, não me sinto culpada, afinal, antes de estourar tive a paciência de Jó com seus cortejos constantes. Alguns trabalhadores se reuniram pra me falar que no dia do quase rompimento da barreira, eles viram uma das carruagens da realeza de Lutemor circulando a lavoura, o que indica que minha suspeita estava certa, alguém está tentando me sabotar, não vou mentir em dizer que não considerei a hipótese de ser alguns servos, mas logo essa suspeita foi deixada de lado, é evidente que é alguém do castelo, e suspeitas não faltam, mas por ora, ficarei apenas atenta para o caso de outra tentativa, e por esse motivo, antes de retornar ao castelo, designei algumas pessoas de confiança para fazer a vigilância da obra durante a noite.

— Curtiu a folga? - Perguntei ao passar pela arena e avistar Domenico.

— Curtiu a folga? - Perguntei ao passar pela arena e avistar Domenico

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