Capítulo 26

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XXVI

Finalmente a obra de transposição está sendo finalizada hoje, e então teremos menos um problema na lista, claro que as plantações não florescerão milagrosamente, será preciso aguardar o tempo certo de crescimento, mas ainda assim, breve comida não será mais um problema. Visando a importância da conclusão do projeto, o rei e mais alguns nobres do castelo virá assistir o córrego ser liberado para o novo percurso, sinto uma certa tensão, eu sei que dará certo, mas ainda assim não pode deixar de me preocupar, afinal os conselheiros iriam adorar ver que estavam certos. Cheguei a vila dos servos bem cedo para organizar o púlpito para Michael, e também dividir bem os guardas, a saída do rei do castelo sempre causa uma certa aflição, ainda mais que o velho não é nada querido por aqui.

— Por que não? - Um dos servos questionou me fazendo rir.

Acabei de proibir eles de qualquer manifestação de afeto direcionada a mim durante o discurso do rei, assim como aconteceu da última vez quando Isabel foi apresentada ao povo como futura rainha.

— Porque eu não quero perder meu cargo, e nem que minha cabeça saia de cima do meu pescoço, eu acho bem agradável ter ela aqui, sabe?

— Se prefere assim, então será assim. - Assentiu. — Você seria uma ótima rainha. - Continuou, me fazendo engasgar com o nada.

— Verdade. - Outro concordou. 

— Deus, o que tem na cabeça de vocês? Esterco? Acham que eu deveria matar o rei e destronar ele? - Falei tudo em sussurro, em uma tentativa de fazer graça. 

— Isso mesmo, senhora, ele, o príncipe, a princesa e os conselheiros e então se tornar nossa soberana.

— Não falem bobagem. - Dessa vez falei sério. — E se adiantem logo porque temos muito serviço pela frente. 

Cada um foi pra sua função, me afastei e fui até os guardas, que estão em uma distância considerável, o fato deles sempre maltratarem os servos de alguma forma, me faz preferir mantê-los distante o máximo possível a fim de evitar estresse pra minha cabeça, porque estresse já basta o que ando tendo com meus sentimentos. Faz 4 dias desde o dia da caçada, e do dia que Lauren disse que iria manifestar ao rei sua falta de vontade em se casar, mas ela não fez isso, ela não fez e não parece querer fazê-lo, resolvi não pressioná-la outra vez, eu sei que quando ela disse que faria isso, foi devido a minha pressão, e me recuso fazer isso novamente, nesses dias ela anda conversando bastante com o príncipe Artur, mais até do que eu gostaria, mas resolvi me calar perante tal situação, porque ela já sabe que não gosto, então se permanece é porque lhe é agradável. Se ela ainda não tem tanta certeza referente ao que sente por mim, então que teste outras pessoas, mas claro que essa decisão tomei com a razão, porque meu coração só pede que eu faça um escândalo implorando pra ela ser só minha.

— Pierre, você viu o Domenico? - Perguntei olhando para os lados.

— Não. - Também olhou para os lados. — Achei que eu e você quem seríamos bons amigos na guarda, mas aparentemente usei a tática errada, uns socos e pontapés lhe pareceu mais receptivo do que meus carinhos exorbitantes.

 Olhei em seus olhos, os olhos indecisos, como disse Lauren, e acabei sorrindo em solidariedade, é bem ruim gostar de quem não gosta da gente, no meu caso de quem não tem certeza, mas dá no mesmo.

— Eu não sou amiga dele, apenas quero colocá-lo para puxar aquela carruagem ali  porque sei que ele vai ficar bem irritado. - Falei com tom de maldade. — E quanto a você, o considero sim meu amigo, um bom amigo, nossos desentendimentos se dão apenas quando você tenta ir além disso.

Ele sorriu meio cabisbaixo e enfiou as mãos nos bolsos.

— Então se como amigo, eu te convidar pra ir hoje a noite na taverna, você aceita?

LutemorOnde histórias criam vida. Descubra agora