Capítulo 18

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XVIII

Já era madrugada quando sai do quarto vazio de Lauren e fui para o meu, resolvi sair do alojamento e agora estou no quarto destinado ao chefe da guarda, ao menos é mais confortável, mas nem isso me fez conseguir pregar os olhos, rolei na cama até o dia amanhecer, e quando isso aconteceu eu saltei pra fora, fiz minha higiene matinal e desci para a cozinha, a todo instante tenho a esperança de encontrar a princesa pelos corredores, mesmo sabendo que ela não está aqui.

— Saudações. - Parei ao lado de Joana. — Pode me preparar alguma coisa? Passarei o dia na lavoura, e não quero desmaiar de fome. - Brinquei.

— Com certeza, sente-se. - Olhou pra mim. — Carinha abatida, lhe ocorreu alguma coisa? - Perguntou preocupada. 

— Não, estou apenas cansada. - Menti me sentando à mesa.

— É contagioso? Estive com minha filha ontem, ela estava com a mesma cara e alegou a mesma coisa que você.

 Passei os dedos no cabelo, o jogando para trás. 

— Acho que estamos em sintonia.

 Joana riu.

— Vou acreditar que é apenas cansaço, embora saiba que não seja, e pelas caras tenho certeza ser questões do coração.

 É perceptível um sofrimento de paixão? Ou Joana apenas está usando seu dom de mãe comigo? Mudei de assunto e entramos em uma conversa aleatória sobre alimentos até ela terminar, feito isso fui direto para a lavoura, não solicitei nenhum guarda, provavelmente hoje o capitão irá repassar minha solicitação ao rei, então amanhã trarei Pierre e Domenico comigo. Talvez ocupando a cabeça os dias passem mais rápido e traga a princesa de volta.

*****

Hoje fui visitar o rio que Ben mencionou ontem, foi um longo dia de trabalho e planejamento, fiquei cansada o suficiente para cair na cama e dormir, mas sei que isso não iria acontecer, porque bastaria deitar e então as lembranças que tanto tento evitar iriam vir à tona. Ao sair do estábulo, fui para arena, porque o barulho vindo de lá me deixou curiosa, parei ao ver Pierre e Domenico todos sujos, assim como eu fiquei no dia que subi de cargo, Pierre está rindo, mas Domenico está tão irritado que é perceptível em seu rosto, sorri minimamente, querendo ou não, me apeguei a Lutemor e suas rotinas; resolvo sair dali antes que notassem minha presença e sobrasse pra mim, lembro que já foi ruim o suficiente pra tirar todo aquele mal cheiro do meu corpo, e dessa vez não tem ela pra me ajudar… Olhei pra janela, vê-la vazia nunca mexeu tanto comigo quanto nos últimos dias. Fui ao meu quarto apenas tomar banho e depois sai do castelo, acontece que aquele ambiente não me traz paz, segui pelas ruas até a taverna, ao abrir, automaticamente eu sorri, o local está cheio, muito cheio, e as pessoas estão cantando a plenos pulmões, reconheci alguns rostos dos trabalhadores da lavoura, me pergunto se estão frequentando o ambiente agora, ou se eu só percebi agora, abri caminho entre eles até chegar ao balcão, Lucrécia estava de costas, enchendo algumas garrafas.

— Teria um pouco para uma pobre moça de coração partido? - Perguntei e ela virou-se de imediato. 

— Com toda certeza. - Se virou e veio até mim. — Que bom vê-la aqui, e viva. - Se debruçou sobre o balcão e deixou um beijo em meu rosto. 

— Até agora ao menos, a princesa foi a Monsanto, quem sabe ela não irá retornar de lá com todos os membros importantes da igreja para me crucificar? - Falei em tom de piada, mas pode muito bem ser verdade. 

— O que ela foi fazer lá? Ela falou alguma coisa?

— Eu sequer a vi, quem me contou foi Christopher, e segundo ele, ela alegou precisar se conectar com Deus.

LutemorOnde histórias criam vida. Descubra agora