Capítulo 30

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XXX

Ao amanhecer do novo dia, eu e Lauren nos levantamos da cama, ela obrigatoriamente precisa estar presente, assim como o resto da família real, para se despedir dos "convidados", não sei qual de nós duas reclamou mais do frio extremo que está fazendo, ao chegarmos na área externa, pude verificar que o que eu suspeitava de fato vai acontecer, o inverno será rigoroso, prova disso é a neve que já começou a cair, formando uma fina camada de gelo por todos os cantos. Infelizmente o crocodilo ficou cercando toda a família, logo não pude me despedir de Beatriz além de um aceno à distância, já mencionei que odeio despedidas? Eu odeio, mesmo que não sejam eternas, elas sempre me deixam melancólica demais.

— Podemos voltar pra cama? - Lauren perguntou em um tom baixo, enquanto cada pessoa retornava aos seus afazeres. — Estou congelando. - Esfregou uma mão na outra.

— Seria ótimo, mas tenho uma reunião com os guardas agora pela manhã, e preciso conversar algumas coisas com Alexandre. 

— Camz. - Falou manhosa. — Deixa pra outro dia, o capitão Alexandre não vai fugir, e você quem ordena quando tem reunião ou não. 

— Quer passar o dia na cama? - Puxei ela para uma das escadarias que levam até o andar superior, pois ali raramente passa alguém. 

— Quero, com várias cobertas sobre a gente, tantas cobertas que a gente fique com calor. - Abraçou o próprio corpo em sinal de frio. — Vamos?

Coloquei as mãos nos braços dela e fiz movimentos pra cima e pra baixo, em uma tentativa de aquecê-la de alguma forma.

— Não posso passar o dia em seu quarto. 

— Por que não?

— Porque não quero ficar tentada a transar com você, e sua presença me faz pensar nisso a todo instante. - Falei sincera. 

— Quem disse que eu quero transar com você? - Negou com a cabeça, e soltou uma risadinha sarcástica. — Eu queria ontem, tentei de todas as formas, faltou pouco pra eu me abrir e colocar sua mão em mim, mas você não quis, então agora quem não quer sou eu. - Deu de ombros. 

Senti minhas pernas querendo fraquejar, ela falando dessa forma é meu ponto fraco.

— Duvido que você não queira. - Segurei em sua cintura e a empurrei contra a parede. — Mas vou fingir que acredito. - Passei o nariz no seu. — Quer um beijo? Posso engolir um pouco do meu orgulho pra beijar você, alteza.

Ela olhou dos meus olhos para minha boca, depois subiu novamente para os olhos, nos seus verdes ficando exposto que ela quer, mas também não quer assumir que quer.

— Tanto faz. - Colocou as duas mãos em meu pescoço, me puxando mais pra frente, deixando nossos corpos grudados. — Não quero tanto, mas se você quiser tudo bem. 

Sorri e neguei com a cabeça. 

— Então não quero. - Me afastei subitamente. — Vou para o meu posto. - Pisquei um olho e sai dali, deixando ela sozinha, ainda encostada na parede.

Sem conseguir desmanchar o sorriso em meu rosto, eu segui para a sala da guarda, a reunião se seguiu normalmente, passei algumas ordens e ouvi algumas reclamações, durante o tempo que passei ali, senti falta de alguma coisa, mas não consegui identificar o quê, é como se minha mente quisesse lembrar, mas algo bloqueia. No final da reunião, quando todos estavam saindo, eu dei um pulo e bati com minha mão na testa.

— Deus! Eu esqueci dele.

Senti uma vontade tremenda de dar risada, mas ao invés disso eu segui o caminho que me levou até a masmorra, desci os lances de degrau e em instantes estava naquele lugar meio escuro e úmido, e a temperatura lá fora piora a situação aqui dentro. 

LutemorOnde histórias criam vida. Descubra agora