Capítulo 49

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XLIX

2 meses depois

Abri a porta e antes de adentrar o ambiente eu olhei em volta, ao ver que estava cheio de pessoas eu apertei os olhos e xinguei mentalmente. Passei a odiar ter que lidar com pessoas, infelizmente a necessidade de ganhar dinheiro e comprar alimentos me obriga a sair do meio da floresta. 

— Camila. - Ouvi a voz de Alf em algum lugar daquela taverna. — Aqui, docinho. 

Ele ergueu uma das mãos e finalmente pude vê-lo sentando em uma das mesas que está lotada. Alf é um velho trapaceiro que tive o prazer e desprazer de encontrar em meu caminho, acredite ou não, ele tentou me passar a perna quando nos conhecemos, o que me fez caçá-lo e lhe dar uma boa surra, mas depois disso nos tornamos amigos, ou algo parecido com isso. Ele é um ex combate do exército do seu reino, hoje, assim como eu, é um viajante, sem casa fixa e ganhando dinheiro de forma arbitrária. 

— A noite mal caiu e você já está virando canecas de hidromel, seu velho babão?

Um homem que estava ao lado de Alf se levantou para que eu sentasse, e assim o fiz.

— O segredo é não parar, pois se eu ficar sóbrio, Deus me puxa.

— Até parece que você vai ao céu, pode preparar essa sua carcaça velha pra queimar lá embaixo. - Tirei a caneca da mão dele e bebi todo o conteúdo.

— Pois fique sabendo que sou próximo do homem lá de cima, meu lugar já está reservado, agora você… - Soltou uma risada alta jogando a cabeça pra trás. — Vai pro inferno fazer companhia a todas as almas que você ceifou desse mundo.

Permaneci séria, olhando pra ele.

— Ótimo, vou poder inferniza-los pela eternidade. - Sinalizei para trazerem mais hidromel até nossa mesa.

— Porém… - Alf voltou a falar e passou o braço por cima dos meus ombros. — Vou torcer para que passe ao menos meia hora no paraíso antes que o diabo perceba que você morreu.

— Se não me dou bem em vida, imagine se me darei após a morte. - Afastei o braço dele de mim. — Mas me fale, pretendo ir ao Norte esses dias?

Alf ergueu uma sobrancelha. 

— Depende, o que você…

— Você é Camila? - Uma voz feminina me fez parar de olhar pra Alf.

Ela recebeu não só a minha atenção, mas de todos os homens da mesa, é uma jovem mulher com um bebê nos braços. 

— Não, eu sou Camila. - Alf respondeu com a voz fina.

Os outros riram, eu pisei no pé dele, e a garota ainda parece confusa se eu sou quem ela procura ou não. 

— Depende se quem quer saber. - Finalmente respondi, pegando uma das canecas de bebida que acabou de ser servida à mesa.

— Hã… - Ela olhou em volta, parece com medo, talvez pelo ambiente nada amistoso. — Sou eu que quero saber.

— E o que você quer com nossa Camila? - Alf se intrometeu, raridade é ele não enfiar o nariz onde não é chamado.

A menina me olhou quase em desespero, rolei os olhos e me deixei solidarizar, levantei e fui até uma das mesas mais afastada, a qual estava ocupada. 

— Ralph, preciso da mesa, saia.

A contragosto o homem saiu, tirei minha espada da roupa e coloquei sobre a mesa antes de me sentar, indicando a cadeira à minha frente pra garota.

LutemorOnde histórias criam vida. Descubra agora