XIX
— Camila, por Deus, fique quieta ou vou amarrar você nessa cadeira. - Lucrécia reclamou pela milésima vez naquela manhã.
Ela dormiu comigo em meu quarto, e sim, apenas dormiu, apesar de suas gracinhas ontem, nós não fizemos nada, e ela foi obrigada a passar boa parte da noite me ouvindo reclamar o quão irritada fiquei com a atitude de Lauren, mas segundos depois lá estava eu me derretendo em felicidades por ela ter retornado de viagem, acontece que quando Lauren não está na minha frente, eu acredito que estou com raiva e que não quero nunca mais olhar em sua cara, mas basta ela se aproximar que tudo isso vai por algo abaixo, e essa oscilação de sentimentos está me deixando inquieta.
— Eu não consigo ficar quieta, minha bunda vai acabar ficando quadrada de tanto tempo sentada. - Resmunguei.
Estamos na cozinha do castelo, por mim eu estaria na lavoura dando auxílio na continuidade da transposição, mas meu pé ainda dolorido me impede de fazer isso, sem mencionar o fato que o rei quer falar comigo hoje.
— Eu duvido que fique. - Falou segurando o riso e se abaixou na minha frente, para passar uma espécie de pomada em meu pé. — Amanhã estará ótima, contanto que deixe o remédio agir e fique sentada!
Rolei os olhos e desviei minha atenção para Joana que acompanha nossa discussão desde cedo.
— Sua filha é muito chata. - Falei e a mulher riu. — Ela quer mandar em mim, pode isso?
— Aparentemente sim, pois você está obedecendo. - Respondeu rindo.
Ergui a sobrancelha e fiz menção em levantar da cadeira, mas Lucrécia foi mais rápida e sentou em meu colo.
— Pronto, não levanta mais. - Falou autoritária. — Ficarei aqui até sua pele absorver a pomada.
Joana negou com a cabeça e voltou sua atenção para as panelas do almoço.
— Olha pra mim. - Pedi cutucando as costas de minha amiga, ela se virou parcialmente, como a cadeira que estamos sentadas está perto da mesa, ela apoiou os braços na mesma, mas sem sair do meu colo. — Sua mãe sabe sobre você? - Perguntei o mais baixo possível.
— Acho que sim, mas penso que não. - Respondeu no mesmo tom que o meu. — Nunca falamos sobre, mas ela nunca me cobra casamentos, então…
Assenti, ia continuar o assunto, mas Lucrécia praticamente pulou do meu colo o que me fez se assustar.
— O que diabos você… - Me calei quando vi Lauren na porta da cozinha, me levantei tão rápido quanto Lucrécia. — Alteza. - Prestei reverência.
Lauren apenas desviou o olhar e fingiu que não falamos com ela, indo em direção a Joana.
— Preciso que me prepare um chá e leve ao meu quarto.
— Sim senhora, algum específico?
— Hã… não sei ao certo, estou sentindo um pouco de dor no corpo, então o que você achar melhor.
— Farei imediatamente.
Lauren assentiu e saiu, soltei o ar que só então notei ter prendido e me sentei novamente.
— Antipática, grosseira, e traiçoeira!
— Cuidado pra não espumar de raiva. - Lucrécia falou em desdém.
— Odeio que ela finja que não sou nada, odeio, odeio, odeio.
— Saiam da minha cozinha. - Joana disse batendo palmas pra chamar nossa atenção. — Não quero ser cúmplice de insultos a realeza.
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Lutemor
Fanfiction1400 d.C. Um amor proibido em uma época onde o diferente não é aceito, onde o diferente precisa ser extinto. Camila Cabello, plebéia recém chegada ao próspero reino Lutemor, consigo ela traz alguns muitos segredos, e ao chegar ao castelo do rei Mich...