Capítulo 29

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XXIX

Chegamos em Lutemor no meio da madrugada, paramos na vila para deixar Lucrécia e depois seguimos ao castelo, Lauren foi a primeira a descer da carruagem e sem olhar pra mim ela seguiu em direção ao seu quarto.

— Ela está bem brava pra alguém que só tinha algo carnal com você, não acha? - A voz de Beatriz me fez olhar em sua direção.

— Eu acho que precisamos dormir. - Soltei o ar dos pulmões. — Vamos.

Ela me seguiu pelo corredor. 

— Vai dormir no meu quarto? Confesso que gostaria de mais do que tive hoje mais cedo.

— Bia, eu… eu preciso que pare de falar essas coisas, principalmente em áreas abertas aqui do castelo, como os corredores, alguém pode acabar nos ouvindo, e mesmo com tantos problemas, eu aprecio o fato de estar viva.

— Hã… perdão. - Mordeu o lábio inferior. — Está arrependida?

— Não, foi um momento irrelevante, não mudará nada pra mim.

Ela apenas assentiu, e não falou mais nada até chegarmos em seu quarto, antes de entrar me desejou um "bom descanso" e fechou a porta. Segui para o meu quarto, tomei banho e me deixei cair na cama, evitando pensar nos últimos acontecimentos e no que tudo isso implicará. 

*****

Acordei com batidas fortes na porta do meu quarto, acho que se ela não fosse tão resistente teria ido ao chão, me sentei, sem entender muito bem o que está acontecendo. 

— Um momento, vou me vestir. - Avisei a quem quer que seja.

Vesti meu uniforme o mais rápido possível, o fato dele ser super apertado ao corpo dificultou um pouco sua subida. Quando estava devidamente vestida, fui até a porta e abri a mesma, rolei os olhos ao ver que era o velho crocodilo, se eu soubesse tinha continuado deitada.

— Em que posso ajudar, senhor White?

— Como ousa deixar meu filho, o príncipe Artur, em um reino distante e desconhecido? - Passou com tudo por mim, entrando em meu quarto.

— Não lembro do momento que fui contratada pra ser babá dele. - Falei o mais calma possível. 

O crocodilo rosnou pra mim.

— Você como serva tinha a obrigação de esperar por ele!

Soltei uma risadinha sem humor e parei perto do espelho, ajeitando meu cabelo, ele amanheceu bem bonito hoje, mais cheio. 

— Sou serva dos Jauregui, não dos White. - Sorri de lado olhando pra ele pelo reflexo. — E venhamos e convenhamos, eu não tenho a obrigação de esperar seu filho comer uma mulher, enquanto a princesa Lauren o aguardava inocentemente. 

O rosto dele empalideceu, tive até receio que caísse duro ali mesmo no meu quarto, mas logo o mesmo alternou para um vermelho ardente, com uma veia saltando em sua testa.

— Eu vou reportar imediatamente você ao rei Michael, suas falas e suas atitudes são nojentas, sua… sua… mulherzinha profana!

Virei pra ele.

— Quer que eu o acompanhe até a sala do trono?

Por alguns instantes achei que ele iria me morder.

— Você não sabe onde está se metendo. - Ameaçou me apontando um dedo. — Eu vou encomendar sua morte de uma forma lenta e dolorosa.

Soltei uma risada alta e me aproximei.

— Acha que tenho medo? Me faltam dedos para contar o tanto de vezes que já fui ameaçada de morte. - Baixei a mão dele. — Agora acho prudente avisar que não entro em jogo de ameaças apenas pra colocar medo, porque se eu falar que vou te matar, você pode esperar a morte se apresentar pra você, então tire essa sua carcaça velha do meu quarto antes que eu perca a paciência!

LutemorOnde histórias criam vida. Descubra agora