Capítulo 45

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XLV

Chegando na vila dos trabalhadores eu desci do cavalo ainda perto das casas, meu pé reclamou um pouco pelo salto abrupto, mas nada insuportável, e não, eu não deveria estar aqui, mas se eu agia pelas costas de Michael por que não fazer o mesmo com Isabel?

— Senhora, que bom vê-la aqui com a gente. - Ben foi o primeiro a vir em minha direção. 

— Se eu montasse no cavalo alguns dias atrás, era capaz dele me levar diretamente para o reino dos mortos. - Bati com a mão nas costas de Ben. — Como vão as coisas por aqui?

— Não muito boas, se levar em consideração quando era a senhora a responsável por nós. - Fez uma pausa. — Trabalhadores exaustos, demanda impossível, castigos carrascos, algumas mortes…

— O que faz aqui, Camila? - Parei de andar ao ouvir a voz de Vitor, coloquei um falso sorriso no rosto e virei pra ele. — Achei que já soubesse que sou o novo responsável, você não precisa vir mais.

— Não preciso, mas venho assim mesmo, tenho amigos para visitar.

Ele riu e gesticulou para Ben se afastar, e ele obedeceu. 

— Acredito eu, Camila de Miargas, que já percebeu que o altar que Michael construiu pra você, está começando a desmoronar. - Deu um passo à frente, ficando mais perto de mim. — Então é bom que ande na linha, eu iria achar incrível fazer uma denuncia contra você e toda sua prepotência. 

— Quais suas intenções com essas palavras? Me causar medo? Se for, sugiro que as trabalhe melhor, senti apenas repulsa e… pena, pena por você achar que chegaria em um patamar capaz de me assustar.

Falei tudo com bastante calma, mas a verdadeira apreciação foi ver o rosto dele ir ganhando uma coloração avermelhada à medida que sua expressão se contorce em insatisfação e raiva.

— Camila. - Falou em um tom de reprovação e recuou alguns passos. — Você deveria aceitar o fim dos seus dias de glória, logo estará na sarjeta. 

— Você está errado, meus dias de glória nem chegaram ainda. - Sorri de lado. — Agora se me der licença.

Me afastei, mesmo que minha vontade fosse cortar sua garganta, procurei por Ben e continuamos nossa conversa.

Hoje pela manhã, antes mesmo do treino com os alunos da academia militar, e antes do sol nascer, eu fiz uma busca pelas redondezas do reino na intenção de encontrar Domenico ou alguma prova que ele está bem, não obtive sucesso, e não sei se isso é bom ou ruim, eu só sei que aquele cabeça de bagre deveria arrumar uma forma de me comunicar que está bem e assim evitar minhas preocupações, infelizmente não posso me ausentar tanto tempo de Lutemor, logo não posso ir mais longe atrás dele, o que é uma merda.

Faz uma semana desde a noite que procurei por Lauren em seu quarto, e desde aquela noite nós sempre dormimos juntas, acho que agora sou oficialmente amante, sou fraca por me entregar a esse cruel destino ou Lauren é muito forte por conseguir me levar pra ele? 

Retornei ao castelo no meio da tarde, parei um pouco antes de chegar à arena e sorri ao ver Beatriz, ela está treinando sozinha, sua dedicação é algo que me enche de orgulho, e ela está cada vez mais a vontade, prova disso é estar treinando ali a vistas de qualquer que passar. Seu irmão, ao contrário do que esperávamos, não demonstrou relutância com o interesse dela aos combates, ele se mostrou indiferente, como na maioria das coisas, Artur é uma enorme interrogação pra mim, tenho declínio a odiá-lo por motivos óbvios, mas fora isso, ele é… insignificante. Ainda não comentei com ninguém sobre o que eu ouvi quando estava escondida debaixo da cama, porque ainda não pensei como usar essa informação ao meu favor.

LutemorOnde histórias criam vida. Descubra agora