XLIV
Tentei abrir os olhos mas uma dor insuportável se alastrou pela minha cabeça, então apenas os mantive fechado, aos poucos minha mente foi clareando sobre o ocorrido, e isso me fez ignorar toda recusa do meu corpo e forcei meus olhos abrirem. Olhei em volta, estou em meu quarto, e tem pessoas ali, muitas, Christopher, Lauren, Beatriz, Isabel perto da porta, e bem ao meu lado tem um médico, não tinha um médico em Lutemor, isso indica que passei muitas horas desacordada, por que estou aqui? Por que não na masmorra? Eu não matei Michael?
— Que bom que acordou. - Christopher disse colocando a mão sobre a minha. — Eu sinto muito que tenha se machucado tanto, mas fico feliz que tenha defendido meu pai, seu rei, o máximo que pôde.
Minha cabeça não está funcionando bem ou ele está me… agradecendo? Deus, eu não entendo nada. Procurei o olhar de Lauren, ela não esboçou reação, apenas me olhou também.
— O… qu-que aconteceu? - Tive que lutar com minha voz pra ela sair.
— Deus! - Beatriz se aproximou e colocou a mão em minha testa. — Ela não lembra, você sabe seu nome? O meu? Onde está?
Ri internamente do seu desespero.
— Sim, eu sei isso tudo, só não lembro como vim parar aqui.
Lembro, eu lembro bem, só quero saber porque não estou na masmorra com condenação a forca.
— Um dos nossos guardas se rebelou, ele matou Michael, você está machucada pelas tentativas de deter o infeliz.
Tive que morder meu lábio inferior com força pra não rir… Então Domenico levou toda culpa? Meu riso interno se desfez ao juntar as peças em minha cabeça, ele fez isso de propósito, ele me acertou e fugiu para que parecesse que ele tinha matado o rei… mas se ele for pego vai morrer por algo que eu fiz… Me sentei de sobressalto, mas logo cai novamente na cama, é possível terem me batido enquanto eu estava caída? Porque eu não lembro de ter sentido tantas dores antes.
— Permaneça deitada. - O médico disse. — Você precisa de repouso para uma melhor recuperação.
— Agora que cuidou disso, venha… - A voz repugnante de Isabel me fez olhar pra ela enquanto puxava o marido pra fora. — Você precisa se preparar pra sua subida ao trono.
Claro, a maldita vai conseguir, inferno, inferno, inferno.
— Preciso ficar sozinha. - Falei para os demais que permaneceram no ambiente.
Lauren foi a primeira a virar e sair, é possível ela está chateada comigo? Eu sei que era o pai dela, mas… ele não era um bom homem, não era. Beatriz e o médico falaram alguma coisa, mas não consegui prestar atenção, quando a porta foi fechada eu joguei as cobertas para o lado, revelando meu corpo sem roupas e cheio de hematomas, tentei me sentar novamente, e com esforço dessa vez consegui me manter sentada, meu pé está terrivelmente inchado, até pra mexer os dedos doem. Deixei meu corpo cair na cama, é certo que se eu tentar levantar agora vou enfiar o rosto no chão. Puxei as cobertas até cobrir minha cabeça, eu preciso ficar boa logo, preciso encontrar Domenico antes que os guardas o encontrem… Será que Christopher será um bom rei? Se depender da esposa dele, obviamente não, e Lauren… ela está com raiva? Vai me perdoar? A única coisa que me conforta é saber que essas horas a alma daquele condenado deve estar queimando no fogo do inferno.
*****
Mais uma vez acordei, agora sem confusões mentais, mas o que me trouxe de volta foram dedos gelados em meu rosto, abri os olhos e vi Agnes, imediatamente senti um certo alívio em ver ela ali.
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Lutemor
Fanfiction1400 d.C. Um amor proibido em uma época onde o diferente não é aceito, onde o diferente precisa ser extinto. Camila Cabello, plebéia recém chegada ao próspero reino Lutemor, consigo ela traz alguns muitos segredos, e ao chegar ao castelo do rei Mich...