XXXVII
Parte I
Hoje é o dia do maldito casamento, eu só queria não estar presente no castelo, mas é impossível, afinal sou a responsável pela segurança, logo tenho muito trabalho a ser feito. Desde o dia que levei Lauren a capital para a prova do vestido não conversamos mais, o caminho de ida e volta foi em silêncio, e quando chegamos me afastei dela de imediato, eu queria atender seu pedido de não odiá-la, mas não consigo, não consigo fingir que não estou sendo afetada pelo casamento, que fui afetada ao saber que ela se entregou a Artur antes mesmo da noite de núpcias, me sinto o pior dos miseráveis.
— O dia todo ficará com essa carranca? - Ouvi a voz de Domenico atrás de mim.
— Se estiver incomodado pegue uma faca e corte um sorriso em meu rosto, se adiante.
Ele riu, eu não.
Virei e o encontrei encostado na minha mesa, de braços cruzados. Estamos na sala da guarda.
— Quando vai me contar sua história com ela?
— Não interessa pra você. - Voltei minha atenção ao arsenal.
— Ainda não somos amigos?
— Não.
— Quando vamos ser?
— Nunca, porque não confio em você.
— Por mim tudo bem, gosto que somos inimigos, assim não se decepcionará quando eu trair você.
Olhei pra ele por cima dos ombros.
— Camila? - A voz de Pierre veio da porta então olhamos em sua direção. — Os convidados começaram a chegar.
— Estou indo. - Guardei a espada e virei pra Domenico. — Você ficará responsável pela equipe de segurança do salão principal.
— Não vai querer assistir o casório de perto?
Acertei um soco em sua barriga e me afastei ouvindo seus xingamentos.
— Separou as equipes como mandei? - Perguntei andando lado a lado com Pierre.
— Sim, senhora.
— Ótimo.
Passamos próximo ao corredor do quarto de Lauren, mesmo lutando contra olhei em direção a sua porta, está aberta e o ambiente cheio de criadas, a risada irritante de Isabel é reconhecível de longe.
— Perdeu o cargo extra de criada? - Pierre perguntou tentando fazer graça.
— Tenho tempo pra demorar mais no banho agora. - Respondi voltando a olhar pra frente, ele riu, mas não acompanhei.
— Você é engraçada. - Resolvi fingir que nada foi dito, péssima ideia, porque assim ele resolveu falar mais. — Camila. - Segurou em meu braço e me puxou em direção às escadarias. — Hã… - Seu rosto ficou completamente vermelho, apenas esperei pra ver o que vem. — Eu… - Passou a mão na nuca e conectou os olhos aos meus. — Desculpa, mas preciso fazer isso.
Antes que eu processasse qualquer reação, ele cortou a distância entre nós dois e juntou sua boca na minha, fiquei imóvel, olhos abertos e com vontade de… rir? É possível chegar em um nível tão elevado de irritação que ao invés de expressar a raiva você fica com vontade de rir? Sentir sua boca na minha me trouxe uma única sensação, nojo, acredito que quando uma boca que você não deseja, encosta na sua, a única sensação possível é essa. Mordi com força sua língua e ele berrou pulando pra trás, cuspi no chão e voltei a olhar pra ele, que parece extremamente assustado com minha reação.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lutemor
Fanfiction1400 d.C. Um amor proibido em uma época onde o diferente não é aceito, onde o diferente precisa ser extinto. Camila Cabello, plebéia recém chegada ao próspero reino Lutemor, consigo ela traz alguns muitos segredos, e ao chegar ao castelo do rei Mich...