Capítulo 6

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VI

No meio da madrugada um guarda veio até mim e me tirou da minha posição, na porta da princesa Lauren, avisando que o rei queria falar comigo. A movimentação ainda não se normalizou totalmente, alguns guardas andam apressados pelos corredores  tentando desvendar como os três invasores entraram no castelo.

— Vossa Majestade. - Me curvei. — Mandou me chamar?

— Agora que as coisas estão mais claras, preciso falar com você. 

 Só temos eu e ele na sala do trono, o que é raro, porque sempre ficam guardas aqui dentro.

— Pois não. 

— Eu lhe falei que tinha uma proposta, que iria apresentar no jantar, mas dada a circunstância, não é mais uma proposta, e sim uma ordem. - Fez uma pausa e eu apenas assenti para que ele continuasse. — Você irá virar a acompanhante pessoal da minha filha, irei respeitar seus horários de treino, mas fora isso, quero você ao lado dela, a noite para que durma deixarei dois guardas em seu lugar.

Nervosa sim, mas achei a ideia formidável, eu gosto de ficar ao lado dela e me parece uma ótima oportunidade. 

— Agradeço a confiança, Majestade. 

— Se continuar se destacando positivamente, tenho propostas ainda melhores pra você, Camila de Miargas, eu não sei como invadiram meu castelo, mas se não fosse por você eu estaria morto, assim como meu grande amigo. - Se calou e fez o sinal da cruz. — Que Deus o tenha. - Se levantou. — Dispensada, e não esqueça, a vida da minha filha está entrelaçada a sua.

— Sim, Majestade. - Fiz reverência e sai.

Ter a vida dela "entrelaçada" a minha, nada mais é que uma sutil ameaça que se algo acontecer com ela, o mesmo acontecerá comigo; espero que a mesma não se mostre tão escorregadia quanto o príncipe, ou estarei em apuros.

— Camila. - Ouvi alguém sussurrar e virei.

— Não morre mais. - Entrei no corredor parcialmente iluminado de onde veio a voz. — Pensei no senhor agora mesmo. - Fiz uma breve reverência.

— Eu vou ficar louco. - Falou tão baixo quanto antes.

— O que houve?

— Isabel não para de chorar em meu ombro, eu não aguento mais!

— Ela acaba de perder o pai, alteza, tenha compaixão. 

— E quem terá compaixão de mim? - Aprumou melhor a roupa ao corpo. — Amanhã iremos à Taverna durante a tarde!

— Vossa alteza, não será possível. - Passei a mão na nuca. — Seu pai disse que eu preciso passar o dia com sua irmã, agora sou a nova criada dela. 

— Christopher? - A voz de Isabel veio do final do corredor e o príncipe faltou pouco pra chorar, contive minha risada e olhei naquela direção.

 A mulher me olhou dos pés à cabeça, claramente não gostou de me ver ali; pena.

— Depois resolvemos isso, ore por mim, Camila de Miargas.

 Sorri e o reverenciei, saindo antes da aproximação completa da sua futura esposa.

*****

Mesmo dormindo pouco durante a noite, acordei com uma disposição invejável, talvez seja porque tenho um compromisso interessante para depois da academia militar.

— Saudações, amigos. - Falei com um sorriso de orelha a orelha.

Alguns responderam, outros me olharam, e alguns ignoraram, como meu querido inimigo Domenico.

LutemorOnde histórias criam vida. Descubra agora