CAPÍTULO QUINZE

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O peso de Caleb estava todo sobre mim, e eu não saberia dizer se a dificuldade em respirar era pelos músculos dele me esmagando contra o assoalho ou o pavor que sentia naquele momento.

Tentava não olhá-lo , porém era quase impossível não acontecer daquela distância que estávamos um do outro.
Seus olhos eram mais claros observando de perto e Caleb parecia pouco abalado com aquele tiroteio em minha sala.

- Acho que não há mais perigo. - ele tombou seu corpo para o lado e meus pulmões puderam se expandir a vontade.

- Meu Deus, o que foi isso? - respirava de boca aberta tentando inalar todo o oxigênio que conseguisse.

-Você tem inimigos, Samantha?

- Não - menti pra não ter que explicar a história da noite naquela viela escura - não sei o porque disso. ..

- Bom, atacaram sua casa. Estavam querendo te acertar.

Desviei o olhar porque eu era uma pessima mentirosa e meu olhar ansioso iria me entregar.

Caleb, como se tivéssemos acabado de tomar um sorvete, foi calmamente recolhendo os cacos dos vasos de porcelana pelo assoalho, logo que se ergueu.

Me pus de pé e ajeitei a alça do vestido. Olhei pela janela mais algumas vezes e havia furos de tiros nela. A parede que dividia a cozinha da sala parecia um queijo suíço. O porta retrato em que estava com papai e mamãe ficou em pedacinhos.
- Mas como você sabia que iam atirar? Foi tudo tão rápido. Se não fosse por sua causa eu estaria morta.

Ele riu juntando mais cacos.
- Pela janela da sua cozinha vi um carro parado. Era um carro diferente dos que observei pela redondeza.

- E apenas isso foi suficiente????
De forma prepotente ele ainda sorria.

- Não. O carro ficou parado um bom tempo enquanto conversávamos . Eu sabia que havia gente lá dentro porque depois de estacionarem ninguém desceu - Caleb pausou - e claro, um pouco de sexto sentido - disse convencido.

- Obrigada. Obrigada mesmo!

- Relaxa. Eu também me salvei - seu riso de canto de lábio era definitivamente sexy .

E como eu poderia pensar em coisas pervertidas naquela situação?

O som da campainha tocando interrompeu meus pensamentos. Olhei para Caleb e ele pediu para que eu ficasse em silêncio, mirando a porta com certa preocupação.

- Está esperando por alguém? - sussurrou aproximando-se de mim.

- Não - quase balbuciei.

- SAMANTHA, SOU EU, MIERRA! ESTÁ AÍ?

Corri até a cozinha e peguei meu celular já abarrotado de mensagens e ligações de Mierra.

- Está tudo bem, Caleb. É a minha amiga. - disse indo até a porta.

Mierra já se preparava para me ligar quando abri a porta. Ela sorriu e me abraçou animada, desfazendo o ar de preocupação. Mas logo perdeu o brilho ao ver Caleb parado na minha sala.

- Esse é o cara? - Ela falou alto o suficiente para que apenas eu ouvisse.

- Uhum - tentei disfarçar.
Caleb olhou para nós duas e acenou de leve, parecendo tão incomodado quanto Mierra.

- Essa é minha amiga, Caleb.
Mierra reparou Caleb debaixo acima.

- Prazer, sou o vizinho da frente!
Ele forçou um sorriso educado.

- Eu soube. Um prazer conhecer você também - a tentativa de Mierra em disfarçar a ironia não funcionou muito bem.

- Bom, acho que vou para casa. Preciso colocar comida para o meu gato. - Caleb largou uns cacos sobre a mesa e limpou as mãos batendo uma na outra.

- Nossa, nem sei como agradecer, Caleb.
- Agradecer pelo que, Sam? - Mierra finalmente observou os estragos na sala - Não, pera! O que aconteceu aqui!!!

Caleb rumou para a porta e o acompanhei até a saída. Outro aceno e o vizinho partiu para casa.

- Eu não gostei desse cara, Sam. - Mierra mal esperou eu trancar a porta.

- Por quê?

- Não sei. Energia. Mas não gostei dele.

- Esse cara acabou de salvar a minha vida, Mi! Acabaram de metralhar a minha casa. Olha isso! - disse apontando para os buracos na parede.

- Meu Deus!!! Será que tem a ver com aqueles caras? Os da Viela??
Eu suspirei aflita.

- Acho que sim! Mas o delegado tá pouco se importando. Talvez se eu estivesse morta ele acreditasse na história que contei.

- Sam, você não pode ficar aqui! Está se tornando perigoso demais pra você.

- E eu vou para onde? Minha mãe é maluca e meu pai tem namoradas mais novas que eu. Não tenho para onde ir!
Mierra parecia querer dizer algo porém se deteve.

- Que droga a polícia não fazer nada, Caramba! - Mierra cutucou um caco que estava no braço do sofá.

- Nem me fale.

- E vem cá, Sam. Quem garante que seu vizinho da frente não tem nada a ver com isso?
Revirei os olhos.

- Mierra, nada a ver. Ele se mudou esses dias. Nos conhecemos hoje. E que sentido faria ele estar na sala comigo? Ele me salvou!

- Não sei. Não senti coisa boa nesse cara.

- Coisa da sua cabeça. Deixa que de paranoia eu entendo!

Caminhei para a janela estilhaçada e puxei o véu da cortina. Tive tempo de ver a luz do abajur da sala do vizinho se apagar.
Quem era aquele homem?

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde histórias criam vida. Descubra agora