CAPÍTULO QUARENTA E SETE

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Eu me mantinha agarrada a Mierra como se fosse uma criança acuada e com medo de tudo. Certamente toda aquela situação iria me traumatizar de uma maneira que eu precisaria de inúmeras sessões de terapia para recolocar as coisas nos eixos.

Sim, Marcos de fato era um traficante e pelo pouco que pude prestar atenção na conversa que ele mantinha com Mierra - para não dizer briga - entendi que um meio que não sabia coisas da vida do outro. O resto eu mesma pude supor, porém em algum momento eu perguntaria a Mierra a respeito.

- Eu não sei onde estou com a cabeça! - Mierra descia as escadas segurando duas malas imensas.

Mierra foi fofa ao pedir que Georgina separasse coisas para que eu levasse para a comunidade, já que não havia dado tempo de irmos ao shopping como o combinado mais cedo.

- Senhorita Mierra, os carros blindados estão com os pneus furados. - Avisou o segurança.

Mierra largou suas malas no chão e passou a mão pelo rosto, já cansada.

- E os pneus não eram blindados? - Indagou ela.

- Eram sim, senhora. - Respondeu o segurança.

- E como estão furados? 

- Ainda não sabemos, senhora. 

- Era tudo que eu precisava. Como sairemos aqui em segurança?

- Bom, meu carro é blindado. - Marcos sorria.

- Mas não é possível! Até isso? Sério mesmo? - Dizia Mierra desapontada.

Eu praticamente não falava nada. Quando não estava imersa na minha angústia me pegava prestando atenção nas discussões de Marcos e Mierra, feito dois adolescentes. Será que não percebiam a grande tensão sexual que havia entre eles? Em alguns momentos eu ate conseguia achar graça das coisas que um dizia ao outro.

O carro de Marcos era lindo, grande e preto. E isso era o máximo que poderia dizer, já que entendia bolhufas sobre automóveis. Havia um cara gentil dirigindo para o ex-marido de Mierra. Ele nos cumprimentou assim que entramos.

- Para a Ilha do Governador, senhor? Ou passaremos em algum lugar antes?

- Direto para a Ilha, Atílio. Outro dia vejo a minha mãe. Estamos com uma urgência. Peço que você vá o mais depressa possível. A a amiga da minha... - Marcos pausou. Acho que ele ia dizer "esposa" - ... a amiga de Mierra está em perigo.

Para um traficante Marcos se expressava bem. Fiquei surpresa.

Atílio disparou em alta velocidade pela floresta assim que saímos da Mansão. Um breve silêncio ficou entre a gente. Mierra sentara-se ao meu lado e Marcos ficou do outro perto da janela. Parecia preocupado.

Eu olhava para fora e após descermos uma grande colina, que me deixou um pouco tonta, caímos em umas ruas mal iluminadas. Olhei a placa verde no alto de um passarela que dizia "Linha Vermelha- acesso a Ilha do Fundão e Ilha do Governador". Pelo horário estava quase tudo vazio e apenas poucos carros e ônibus trafegavam próximo de nós.

- Senhor, há um carro nos seguindo desde que saímos da Avenida Brasil. - Disse Atilio olhando para Marcos pelo retrovisor. Ele mantinha a calma.

Marcos virou-se e olhou para trás, Mierra e eu fizemos o mesmo.

- Drog*a. Sabe dizer se está tendo operação da polícia militar hoje? Podem ser policiais que estão na minha cola, Atílio! 

- Até onde soube estava tudo limpo, senhor. Nosso informante garantiu que nesse final de semana não haveria operação na cidade. Que o morro do Dendê estaria tranquilo. Inclusive está tendo baile.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde histórias criam vida. Descubra agora