CAPÍTULO VINTE E NOVE

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Não tive tempo de avisar Mierra. Caleb não deu muita atenção ao meu lembrete sobre o fato de que estava acompanhada da minha amiga. Ele apenas parecia me querer tirar daquele meio o mais rápido.

Perto da saída vi Roger no posto de enfermagem sendo cuidado por uma moça de jaleco branco. Senti um arrepio esquisito quando o olhar dele me fuzilou, estava com muito ódio, eu sentia. Roger era um homem orgulhoso e odiava perder e talvez não fosse esquecer a pancada que Caleb lhe dera.

- Quem te deu a ideia de vir com esse vestido ? - O vizinho abria a porta de seu carro antigo para eu entrar.

- Mierra - disse me inclinando para frente no banco.

Minha cabeça parecia pesada e tudo girava. Um certo excesso de saliva se acumulava na boca.

- Só podia! - murmurou Caleb saindo da vaga que havia estacionado - Essa garota não te faz bem, Samantha. Não deveria dar tanta confiança a ela!

No meio do caminho senti o suco gástrico subir até a garganta e ficar extremamente enjoada. O sacolejar do automóvel andando apenas piorava o mal-estar.

- Caleb... Pare esse carro se não eu vou vomitar aqui dentro! - Eu suava frio. Minha pele devia estar verde.

Ele tocou de leve minha cabeça, jurava que fazia um carinho.

- Espera, vou parar no acostamento. Segura aí, mocinha!

Desci rapidamente e a boca já estava cheia de saliva. A alça direita do vestido caiu pelo ombro, mas em instantes Caleb a colocou no lugar novamente. Ficou atrás de mim segurando os cabelos para que eu não vomitasse em mim mesma.

- Bebeu todas, não é, Sam?

- Um pouco... Mais do que eu deveria! - A fala era entrecortada pelas ameaças de vômito.

Eu cuspia o excesso de saliva, mas o vomito não acontecia. Fiquei um tempo agachada esperando.

Aos poucos a náusea passou e eu me senti confortável para levantar. Nada de vômito!

Eu não estava tão desequilibrada como antes, porém um sono parecia querer tomar conta do corpo.

- Onde você esteve, Caleb? Sumiu sem dizer nada! - o álcool me fazia ter pouco ou nenhum filtro naquele instante.

- Viajando a trabalho, nada demais! - Caleb me guiava de volta para seu carro.

- Mas você disse que trabalhava com bitcoins e investimentos.

Ele manteve silêncio. Estava concentrado em nos atravessar pela rodovia.

- Fala, Caleb. As vezes parece que você sabe muita cosia sobre mim e o máximo que sei a seu respeito é que voe mora na casa da frente e conserta buraco de bala na parede.

Um caminhão em alta velocidade passou pela gente e recuamos dois passos quando o motorista buzinou. O farol estava muito alto e quase me deixou cega.

- NÃO direi nada agora! - Dessa vez Caleb me encarou e a firmeza com que disse me fez desistir da pergunta.

A principio pareceu agressivo, contudo não era uma irritação comigo. Aparentava que ele escondia algo e não poderia falar sobre. Pelo menos não naquele momento.

Ótimo, um vizinho misterioso!

Voltamos pela estrada em silêncio. Acho que Caleb ficou ressentido pela maneira que me respondeu um pouco antes. Mas eu estava tão sonolenta que nem me importei com aquilo e adormeci encolhida no banco do carona.


Caleb me encostou no sofá . Os braços fortes dele me envolvendo outra vez me fazia viajar e querer que ele me beijasse ali naquele instante. Eu havia me esquecido o quanto o alcool era capaz de me fazer ficar com desejo.

- Por que você não me beijou naquele dia, Caleb? - Ok, eu estava completamente sem filtro ao fazer mas essa pergunta - Eu não sou atraente pra você?

Um riso de canto de boca precedeu sua fala:

- Não diga bobagens, garota. Agora deita. - Caleb me encarava, com um riso leve - Você está muito bebada e com sono!

- Não costumo dormir de roupa! - e de repente eu começava a tirar a alça do vestido, quase que propositalmente para incitá-lo.

Jamais teria tomado aquela atitude se não fosse pelos litros de álcool que corriam em meu sangue. Por essa razão que eu evitava a bebida. Depois fiquei pensando sobre o que Caleb não teria imaginado a meu respeito.

- Não faça isso, Samantha. Não me provoque pelo amor de Deus!

E como se alguma entidade tivesse tomado conta do meu corpo, eu o encarei, exalando desejo. Eu não me importava se estaria sendo ridícula e inconveniente, desejava apenas que ele me tocasse, beijasse a minha boca e me possuísse. Estava ficando insustentável vê-lo tão de perto sem pensar em transar com ele.

- Se eu não parar você vai fazer o que, hein? - espero que aquela voz soasse sexy realmente, porque no grau de álcool que eu estava, eu me sentia uma deusa sensual. Vergonha!

Caleb não conseguiu resistir e avançou para mim, pegando fortemente meu rosto pelo ângulo da mandíbula. Encarou uns segundos os meus lábios antes de suavemente encostar a boca na minha. Seu beijo era quente, macio, ardente. Era daquele jeito, então? Beija-lo era realmente maravilhoso como acontecia ali ? Será que eu não estava delirando de novo?

Ansiava para que ele me levasse para o quarto e fizesse o que bem entendesse comigo. Como nos meus pensamentos mais pervertidos e que jamais diria a pessoa alguma.

Entretanto, meus olhos foram ficando pesados e já não conseguia mantê-los abertos. Tesão e sono são coisas inconciliáveis. Acreditem!

Sim, eu nunca havia sentido um sono daqueles na minha vida antes. Foi mais forte que eu. APAGUEI nos braços do vizinho.


NOTA DA AUTORA: Eu tô passada. E qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência... cof cof

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde histórias criam vida. Descubra agora