CAPÍTULO QUARENTA E CINCO

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*Mierra*


- Fique atrás de mim, Marcos. Vou verificar se o ambiente está seguro. - Mantinha a arma engatilhada, pronta para acertar qualquer suspeito naquele imenso corredor da minha casa.

- Está de brincadeira? Tá achando que eu não sei atirar? - Protestou ele.

- Fui treinada na melhor academia de policiais desse país, Marcos. Eu não passei minha adolescência atirando no pé de um morro como você!

- Sempre arrogante! Não perde essa mania de grandeza, não é? - Marcos falava comigo ao mesmo tempo que observava o local cuidadosamente.

Fomos devagar ate a porta do quarto de Samantha. Por um breve instante prendi a respiração, desejando não ver uma cena de horror dentro daquele quarto.

Enquanto levava a mão a maçaneta, minha visão periférica captou um vulto preto correndo no corredor perpendicular ao nosso, que dava acesso ao porão. E antes que eu conseguisse disparar com meu revólver, a arma de Marcos já liberava uma pequena fumaça após o disparo certeiro dele. Abateu o alvo antes que eu pudesse pensar.

- Acho que a academia em que você treinou está um pouco defasada, Mierra! - Marcos debochava.

Odiava ser contrariada e meu ex-marido sabia muito bem como cutucar o meu ponto fraco.

- Foi sorte. - Desdenhei.

- Tudo bem. Cada uma acredita no que quiser.

Georgina pigarreou, para nos lembrar que deveríamos abrir a porta. Marcos sempre fora capaz de me distrair. Não estava sendo diferente naquela ocasião.

Meu coração ficou partido ao ver Samantha caída no chão completamente aterrorizada. Eu sentia uma saudade de vê-la sorrindo como quando a conheci naquele parque. Era ruim reparar no quanto toda aquela situação maluca a afetava e , principalmente, o fato de o cara por quem se apaixonara ser um assassin*o. Aliás, o "seu" assassin*o.

- Mierra, foi tudo tão rápido! - dizia assustada correndo até mim.

- Calma, Sam, está tudo bem, vamos levá-la para um lugar seguro.

Nesse momento um dos seguranças que nos acompanhava chamou minha atenção:

- senhora, há um outro invasor na propriedade!

- Impossível isso.Há câmeras por todos os cantos. Os alarmes teriam disparado.

- Alguém os desligou senhora. A chefia acredita que há um impostor na equipe. Não estão seguras aqui.

Marcos riu e tudo que consegui foi olha-lo com escárnio.

- Desculpa, Mierra. É que você tem uma casa dessas e algo ridículo assim acontece. Nem no meu morro algo desse tipo aconteceria. Nem quando os caras do Alemão tentaram invadir o Dendê... É engraçado, desculpa... Não se fazem mais policiais como antigamente - Ele continuava a debochar.

- Não compare a polícia com os bandidos que trabalham pra você , Marcos! - Foi o máximo que consegui pensar para rebater.

- E se eu te disser que muitos dos meu bandidos cumprem as duas funções? De noite bandido e de dia policial...

- Marcos, não estamos com tempo para suas brincadeiras - Me dirigi ao segurança com Samantha ainda agarrada em mim feito uma criança - Quais são as coordenadas? Não é mesmo seguro ficar aqui?

- Creio que não, senhorita Mierra. Qualquer um é suspeito. Ironicamente até eu mesmo posso ser...

- Depois o bandido sou eu - murmurou Marcos.

Fiz questão de não retrucar meu ex-marido para não dar o gostinho.

- Para onde iremos então? Não disseram nada? - Perguntei aflita.

- Nenhum lugar será seguro para vocês duas. A chefia acredita que há um dos nosso passando informações para a x-rent.

Era péssimo aquilo. Estava sendo humilhada diante de Marcos. Ele devia estar se deliciando com toda aquela confusão. Eu estava completamente irritada.

- Bom, talvez eu possa oferecer um barraco pra você e sua amiga, Mierra. Acho que vai ser um pouquinho diferente dessa mansão, mas talvez lá vocês não virem comida de formiga... - Marcos estava se sentido um "rei da cocada".

Era absurda a ideia de uma policial do meu nível ir para um morro no Rio de Janeiro. Isso para não dizer que seria irônico.

- Inconcebível essa ideia... - Disse sem olhar para Marcos.

- InconceQuem? Tu fala difícil sempre? Não me lembrava de que era com tanta frequência. AS vezes acho que você inventa essas palavras.

Eu revirei os olhos já perdendo a paciência.

- Senhora, talvez devesse escutá-lo. Daqui não sairemos sem sermos seguidos. A chefia não sabe quantos dos nosso policiais estão corrompidos - acrescentou o segurança para o meu desespero.

- É pegar ou largar... As lajes da comunidade tem uma vista maneira da Bahia de Guanabara - A zombaria do meu ex-marido não parecia ter fim - Ou prefere arriscar a vida a sua amiga e a sua? An?

- Marcos, fique calado por um segundo! Que saco!

- Senhorita Mierra, precisa pensar rápido. Estou como testemunha, se é isso que a preocupa. Estou aqui para garantir que sua ida para a comunidade foi puramente por questões de segurança e nada tem a ver com uma vontade da senhora - dizia o segurança para tentar me convencer.

- Vá , menina, será mais seguro. - Georgina quase que implorava.

Olhei para Sam abraçada a mim, traumatizada e ainda chorando. Marcos fazia cara de paisagem, provavelmente se divertindo com meu empasse.

Que merd*a! De policial federal com uma carreira m ascensão a exilada numa das maiores favelas cariocas.

- Ok, eu vou! - Disse a contragosto.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde histórias criam vida. Descubra agora