CAPÍTULO VINTE E DOIS

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Caleb me deixou em frente de casa. E praticamente entrei na ponta do pé para que Mierra não me visse com o vizinho.
Ela lia uma revista sentada no sofá e quando me viu abrindo a porta, sorriu.
- Oi, Mi. Só vou tomar banho, trocar de roupa e vamos para o shopping.
- Está tudo bem? - indagou ela.
- Uhum. Estou otima.
Claro que eu não diria sobre a perseguição e o capotamento de um carro naquele dia que era pra ter sido uma manhã calma de corrida.
***********


- Sua mãe queria mesmo que você se casasse com aquele senhor? - Mierra ria enquanto estacionava o carro no pátio do shopping.
- Nem me fale! Ela acha que eu estou interessada em velhos ricos!!!
- Olha, só sei de uma coisa: é capaz de você beija-lo e os lábios dele sairem na sua boca. O velho tá mais morto do que vivo, Sam.
Eu ri.
- Já decidiu a qual loja vamos?- indaguei tirando o cinto.
- Sim. Dei uma olhada na internet antes. Você vai amar. Eles vendem vestidos quase que exclusivos e a preços incríveis.
Descemos do carro e após alguns passos ouvimos chamarem por Mierra em meio ao estacionamento. O som da voz ecoava.
- Marcos, já voltou da capital? - Mierra perdia o sorriso ao ver seu ex-marido de perto.
- Voltei sim - ele olhava para um papel que tinha em mãos. - Você pediu uma medida restritiva para eu não me aproximar de você? - Marcos segurava o papel que balançava no ar. Estava zangado.
- É para o seu bem, Marcos. Você precisa aceitar nosso término!
E de novo lá estava eu entre os dois. Só que não dava para fugir.
- Não, não! Você está equivocada, Mierra. E sendo injusta também. Eu não ligo para essa medida de restrição. - O ex-marido dela rasgou os papéis - vamos conversar - seu tom era de exigência.
- Não posso. Estou ocupada. E tudo o que tinha para falar eu falei. Agora preciso ir.
Marcos apertou o passo e nos alcançou. E antes que pudesse tocar Mierra ela puxou algo de sua bota de cano alto e apontou na direção do ex-marido.
- Se afaste ou eu atiro! - ordenou ela sem vacilar.
O quê? Mierra também sabia atirar?
- Espera. Não faça besteira!!- Marcos tinha as mãos para o alto, mantendo cautela. Engolia em seco ao se afastar.
- Bom, se você continuar tão perto eu atirarei em legítima defesa. Você precisa ficar a duzentos metros de distância - Mierra segurava a arma com muita naturalidade e firmeza.
- Você nao teria coragem de atirar, Mierra! - Marcos gritava.
- Bom, eu tenho um imenso carinho por você. Só me preocupo no quanto ficarei triste em ter que escolher um vestido preto para o seu funeral, Marcos. Agora se afaste.
Ela parecia estar falando muito sério, tanto que Marcos recuou dois passos.
- Ok, ok! Eu vou , Mierra. Mas você sabe que ainda me ama e que eu amo você. Uma hora a gente se acerta.
Eu achei por um instante que o ex-marido dela fosse chorar ali na nossa frente.
Marcos foi se afastando e perdeu-se em meio ao mundaréu de carros estacionados. Mierra baixou a arma extremamente ansiosa e apreensiva.
- Gente, quando que a minha vida virou um dilema policial? - eu disse para mim mesma em voz alta.
De repente todo mundo atirava , menos eu. As paranóias só cresciam. Mierra tinha uma arma. Caleb sabia atirar. Coisas acontecendo.
Queria minha vidinha pacata de interior de volta!

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde histórias criam vida. Descubra agora