Subitamente Caleb pisou no acelerador e disparamos em alta velocidade por aquela estrada que não parecia ter fim. Era uma pista cercada dos dois lados por algo similar a relva e no céu não havia uma nuvem sequer. Eu me segurei no banco e prendi o ar. Sentia meu estômago saltar de medo dentro do abdome. Mantive os olhos fechados até escutar o barulho do motor diminuir a potÊncia e escutar Caleb rindo.
- Poderia apenas dizer que não vai responder, garoto! E não pisar no acelerador dessa forma. - reclamei tentando retomar o fôlego.
- Você é insistente, não é? Mas eu gosto disso! - A pausa dele era como a de alguém que ia formular uma frase para não ser mal interpretado - Eu tenho... Digamos, negócios na capital. Não tenho apenas investimentos.
- E não pode me dizer que tipo de trabalho seria?
E mais uma vez o vizinho dividia sua atenção entre mim e a estrada a sua frente. Seu sorriso prepotente chegou a me irritar por alguns momentos. Era quase que nítido para mim que Caleb parecia me subestimar, como se estivesse se divertindo por saber de algo que eu desconhecia.
- Eu sou um agente secreto especial...
- Ah, para de brincadeira. Fale a verdade, Caleb. Já disse, você sabe muito sobre mim... Não é algo justo, é?
- Mas eu tô dizendo a verdade, maluquinha.
- Agente especial de quê, Caleb?
- Agente especial... Do amor. - Ele ria - Eu fui enviado com a missão de trazer um pouquinho de felicidade pro seu mundo. Não está satisfeita? An?
Após fazermos uma curva estreita, o carro foi diminuindo de velocidade até pararmos de vez em frente a um galpão abandonado. O céu que antes era limpo, começava a ser tomado por nuvens escuras e acinzentadas. O vento fresco se tornava mais intenso e rude. Iria chover em pleno outono. Tal como uma chuva de verão. Mas não eram só as estações do ano que aparentavam estar fora do eixo.
- Não seja convencido, Caleb.
Ele não diria muita coisa. Caleb sempre me pareceu reservado. Talvez aos poucos ele fosse criando coragem para me dizer.
- Bom, vai chover. Quer continuar mesmo assim?
Caleb retirou os óculos e os guardou em uma caixinha. A chave ainda estava no contato e o motor permanecia ligado.
- Não tenho medo de chuva! - Retruquei descendo do automóvel.
- Mas que mocinha mais audaciosa! - Ironizou. - Espero que não sinta medo de raios. Se bem que o barulho de trovão vai abafar o som dos tiros. Será até melhor.
Permaneci sentada num caixote velho dentro daquele galpão que cheirava a mofo. Caleb acendeu algumas luzes e parecia conhecer bem o imóvel. Era uma espécie de centro de treinamento ou poderia facilmente se passar por uma oficina mecânica. Havia peças e carcaças de carros espalhadas pelos cantos. Por dentro o espaço parecia maior, apesar do mal estado.Caleb agachou com sua maleta e a abriu. Era uma maleta de cor prata, extremamente polida e muito bonita. Retirou duas armas de lá e recarregou com balas. Ouvia o barulho dele engatilhando os revolveres. Havia um brilho no olhar enquanto manejava as armas.
- Venha, Samantha. Vamos começar.
- Ok. Só espero não atirar em mim mesma. - murmurei para mim refazendo o coque no cabelo.
Caleb me deu um protetor auricular alegando que o som dos disparos poderiam me deixar surda ao ecoar por aquele galpão. Vesti os protetores e em seguida Caleb me disse algumas coisas básicas sobre atirar.
Ele ajeitou um alvo, desses de tiro-ao-alvo, e ficou atrás de mim, me ajudando a segurar a arma. Outro clichê adorável, mas quem nunca, não é?
Seu dedo indicador acompanhava o meu e após puxar o gatilho, senti o corpo tremer ao dar o primeiro tiro. Devido ao susto que levei, acabamos por errar o alvo, porém Caleb me animou dizendo que eu havia ido muito bem para uma primeira tentativa.
- Só tenta não dar um pulo na próxima! - Caleb ajeitou meu cotovelo um pouco mais para cima.
Me mantive com os olhos fixos no alvo. Engatilhei a arma e o som de mais um disparo ecoava pelo galpão. Era um barulho extremamente alto e imaginei como estaria meu tímpano se não fossem aqueles protetores.
A bala acertou bem na borda daquele circulo de tiro-a-alvo. Caleb vibrou de alegria ao perceber minha melhora.
- Caramba, já ficou bem melhor!!!!
Forcei uma cara de mulher perigosa para ele e desviei a arma levemente em sua direção.
- Vai atirar em mim? - Caleb deu dois passos se aproximando.
- Se não me responder o que fez nesses dias que desapareceu, talvez eu atire!
Com o mesmo sarcasmo, o vizinho sorria esbanjando prepotência. Ele certamente duvidava da minha capacidade de atirar nele.
NOTA DA AUTORA: Tanta mulher querendo o Caleb e a Sam quer meter uma bala na testa dele? kkk
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APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?
Misterio / SuspensoApós ser traída e abandonada pelo marido, Samantha se vê na rua da amargura. Contudo, ao descobrir segredos sobre corrupção em sua cidade, passa a ser caçada por um assassino de aluguel. De dona de casa a alvo de bandido, quem nunca? 🥇🥇HÁ DEZESSEI...