CAPÍTULO CINQUENTA E UM

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*Samantha*

Como passei todos aqueles anos ao lado de Roger sem me dar conta de que estava e uma relação extremamente abusiva? Talvez a vontade maluca de querer sair de casa o mais rápido que pudesse, me levou a aceitar as migalhas que meu ex-marido me oferecera. Patético.

Acho que também eu via em Roger aquela figura paterna que não tive em casa. Não que papai não me amasse, porém o fato dele e a mamãe serem separados desde que nasci nos afastou eu eu frequentemente ficava me comparando com as amigas de colégio com os pais delas, principalmente em eventos comemorativos.

Roger então surgiu como um verdadeiro cavalheiro. Lembro que o conheci numa das saídas da escola enquanto voltava para casa. Ele me ofereceu carona em seu carro e obviamente recusei, apesar de achá-lo extremamente charmoso e bonito dirigindo aquele automóvel caro.

Desde esse dia Roger passou a me acompanhar em seu carro até o ponto de ônibus. Eu do lado de fora, a pé, e ele no carro, mantendo a marcha lenta e o pé no freio.

- Você é muito bonita, sabia? - Dizia ele com um sorriso encantador.

- Talvez os outros possam achar estranho você me seguindo dessa maneira, Roger! - Olhei de relance para ele, eu era tímida e morria de vergonha.

- Eu não ligo, Samantha. Acho que vale a pena correr o risco de ser preso por sua causa.

Sabe quando você sente borboletas saltando no estômago? Era exatamente o que sentia quando via Roger virando a esquina mais uma vez para me acompanhar até o ponto de ônibus.

Mas em uma sexta-feira, apesar de andar vagarosamente, Roger não surgiu com seu carro, o que me deixou completamente frustrada. Era mais que óbvio pra que estava perdidamente apaixonada por ele após aquelas semanas todas de conversa.

E nem sei descrever a alegria que senti quando ao descer do ônibus em frente de casa avistei o carro de Roger estacionado na calçada. Ao entrar em casa ele estava sentado no sofá conversando com mamãe enquanto bebiam uma limonada.

Deixei a mochila sobre a mesa e fiquei parada, tentando não sorrir demasiadamente.

- Filha, por que não me apresentou seu namorado antes? - Dizia mamãe muito empolgada.

Eu achava que ela fosse me proibir de vê-lo, afinal eu tinha apenas dezessete e Roger beirando os vinte e quatro. Mas pelo visto havia me enganado.

Quando mamãe conheceu melhor Roger e soube sobre o fato da família dele ter dinheiro, ela tratou de apressar o compromisso. Eu desejava não pular as fases, pois apesar de ser nova e ainda imatura, minha vontade era de namorar e depois me casar. Só que com pouco mais de seis meses de encontros com Roger, marcamos o casamento, sem nem mesmo um noivado antes.

Roger estava lindo vestido de smoking no pé do altar. A igreja cheia de gente, muitas pessoas eu nem conhecia, mas reparei que os pais dele não estavam. Na verdade eu me dei conta de que quase não conhecia a família dele. Roger dizia que os pais moravam na Europa e vinham pouco ao Brasil, mas faltarem ao casamento do próprio filho me parecia um pouco demais.

Até pouco antes da lua de mel, Roger havia sido um príncipe que qualquer garota de dezoito anos como eu na época poderia desejar. Porém, o senti frio e distante quando chegamos ao quarto de hotel em Cancun.

- Tire a roupa! - Disse ele afrouxando o nó da gravata.

- Quê? - Eu disse no canto do quarto.

- A roupa. Tira! - Enfatizou.

Era algo estranho, pois imaginava nossa primeira vez romântica e ele nem mesmo havia me beijado desde que chegáramos ao hotel. E enquanto abria o zíper do vestido, Roger avançou sobre mim e me arremessou na cama. Impaciente ele rasgou o tecido me deixando nua.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde histórias criam vida. Descubra agora