CAPÍTULO DOZE

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    Acordei aos gritos, pedindo por socorro. Porém, ao abrir os olhos notei que já estava claro, era dia.
  Estranhamente me encontrava na posição que me deitara para dormir antes de ser atacada naquela madrugada. Estava devidamente coberta e até confortável. Me pus sentada  e em seguida coloquei os pés para fora da cama. Minhas pantufas permaneciam intactas uma ao lado da outra muito bem organizadas. Com uma breve olhada ao redor, nada estava fora do lugar ou aparentava ter sido quebrado.
  Passaram-se alguns minutos de silêncio, busquei por meu celular em cima da cômoda e lá estava ele, no mesmo local, bem como meu livro.
  - Mierra, será que poderia ir ao médico comigo?
  - Claro, Samantha. Mas o que houve? - Perguntou Mierra do outro lado da linha mastigando algo.
  - Não estou me sentindo bem, sabe? Acho que aquele delegado tinha razão e eu estou ficando paranoica.
  - Calma, amiga, não fale assim de si mesma. Vamos ao médico se isso te deixar melhor, está bem?
  - Sim, eu gostaria de ir.
  - Perfeito então! Em meia hora estaciono na sua porta. Só vou terminar meu café.
  - Ótimo, Mi, Beijos e até logo.
  ******
  O médico havia me sentado em uma maca e colocava a luz da lanterna em um olho e depois no outro. No canto do consultório Mierra estava de braços cruzados balançando a perna apreensiva.
  - Está tudo bem com ela, doutor?
  - Sim, sua amiga está ótima. Apenas um hematoma no antebraço esquerdo.
  Engoli em seco olhando a mancha roxa em meu braço. Poderia ser uma evidencia de que aquele pesadelo fora algo de verdade.
  - E o que pode ser isso, doutor? - Perguntei massageando a pele no local do hematoma.
  - Estresse emocional. Você também pode ter batido o braço em algum lugar sem perceber. De todo modo não é grave e desaparecerá em alguns dias, não há com o que se preocupar. - Respondeu o médico gentilmente.
  ******
  Na saída do consultório, Mierra sugeriu de  irmos novamente à Coffee Breath, alegando que eu precisava espairecer e sair um pouco de casa. E claro, contar com detalhes tudo o que acontecera na madrugada.
  - Eu tive um pesadelo horrível essa noite. Sonhei que um homem invadia minha casa e me atacava! -  explicava bicando um gole do chá na xícara.
  - Que horror, amiga! - disse Mierra arregalando os olhos - Mas que bom que foi só um pesadelo, não é?
  - É. - disse com pouca certeza, afinal, aparentava ter sido tudo muito real - não ando nada bem das ideias, Mi.
  - Já disse para não falar assim, flor. Que coisa!! Mas enfim, terminando esse café, vou precisar ir correndo para casa. Muito trabalho, se importa?
  - Não, já estou bem, obrigada pela companhia!
  Desta vez Mierra não pode me levar porque precisava terminar de escrever um artigo para um site que trabalhava em homeoffice e já estava atrasado em seu prazo.
 

  O trajeto de uber do centro até o meu bairro pacato havia sido rápida. O motorista encerrou a corrida e desci ajeitando minha bolsa no ombro. Perto da calçada eu procurava pelas chaves da porta quando ouvi um barulho alto de pneus cantando em alta velocidade pelo asfalto.
  O carro vinha velozmente bem em minha direção, e de maneira reflexa tentei me desviar, perdendo o equilíbrio. Acabei caindo próxima ao meio fio, ralando meu joelho e esfolando discretamente a palma das mãos ao tentar conter a queda. Pude escutar o ranger dos freios parando aquela máquina e uma fumaça evaporar dos pneus.
  Olhei para frente e vi um desses carros antigos, como dos filmes dos anos oitenta ou noventa, parado próximo a mim. A lataria marrom brilhava na luz do fim de tarde. Do automóvel desceu um homem alto - alto o suficiente  para uma mulher de um metro e setenta como eu. Estava bem vestido trajando uma calça de jeans lavado, jaqueta de couro marrom e por baixo uma camiseta branca sem estampa. Ele retirou o óculos de sol e se aproximou calmamente de mim.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde histórias criam vida. Descubra agora