PÓS - CREDITO

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~*~

Mamãe não havia desistido de conseguir um marido nos últimos meses. O primeiro morreu bem no altar, de tão velho que era.

— Mas agora não tem erro. — Disse mamãe apertando o botão do elevador. Na outra mão havia um buquê.

— Mãe, mas um hospital???

— Sim. Será o último desejo do Humberto. Pobre homem.

Eu deixei o queixo cair, chocada.

— Deixa eu ver se entendi bem: a senhora vai se casar com um moribundo? Nas últimas??? Dentro de um hospital?

Mamãe me olhou com chama nos olhos.

— Estou fazendo a gentileza de atender ao último pedido de um pobre homem que adoraria ter a mim como esposa, Samantha. Como ousa duvidar da minha honestidade? Eu jamais me aproveitaria de um homem nas últimas...

— Não? Jura? — Saímos do elevador e eu segui mamãe pelo corredor — Então me diga que ele é um homem pobre de verdade sem uma grande fortuna!

Ao desafia-la, ela virou-se para mim.

— Não misture as coisas. Ele ser um milionário do Ramo de hotelaria não tem nada a ver com meu gesto de caridade! Foi o acaso, oras! — Desconversou.

— Ah, o "acaso"...

— Não seja chata, Samantha.

~*~

Havia um padre a beira do leito. Mamãe estava com uma das mãos sobre a cabeça do noivo. Sorrindo gentilmente, parecendo muito feliz.

O moribundo nem tinha cor. Eu olhava para o aparelho e tentava ver se o coração dele estava realmente batendo. Acho que a morte o estava levando em parcelas. O que restava ali era uns dez por cento da alma. Mas isso não parecia importar a mamãe.

— Humberto, o senhor aceita Joana como sua legítima esposa?

— Ah, padre, claro que ele aceita. Olhe esses olhinhos lindos dizendo que sim! É mais que óbvio que ele me quer como esposa.

— Irmã Joana, o noivo precisa dizer a vontade dele. Humberto, deseja tomar Joana como sua legítima esposa?

O velho arregalou os olhos e olhou para mamãe. Se esforçou para abrir a boca e dizer:

— Bruxa!

E então ouvimos um "piiiiii" e as linhas no monitor ficaram retas.

— Bruxa??? Eu??? Depois de tudo que fiz por você?? Seu velho ingrato!!!! Padre, ele disse sim antes de morrer, todo mundo ouviu.

— Não, irmã Joana. Não houve nenhuma resposta. O casamento não foi consumado.

Eu não sabia se ria ou chorava. Mamãe não havia conseguido dar o golpe de novo.

— Maldição! Maldição.

~*~

— Nao fique assim, mãe. Está tudo bem! — Disse a ela saindo pela porta do hospital.

— Que má sorte a minha. Mas me diga, Samantha. Que horas são?

— Três e meia... Por quê?

Ela se ajeitou e acenou para um táxi.

— Acho que ainda encontro o asilo aberto. Te vejo domingo, filha! — Acenou mamãe entrando no carro.

— Vai fazer o que no asilo... ? Espera! — Gritei.

— Conseguir um novo marido! Adeus!

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde histórias criam vida. Descubra agora