CAPÍTULO QUARENTA E QUATRO

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Pensava que talvez não fosse uma boa decisão atender aquela chamada de um número anônimo. Não precisava ser uma agente ou expert em tecnologias para imaginar que rastreariam aquela ligação.

O coração saltava pela boca e ao fechar os olhos apenas lembrava do rosto de Caleb sorrindo pra mim e me dizendo todas aquelas palavras bonitas que me fizeram sonhar ridiculamente. Ou seu toque na minha pele quando me ensinava a atirar. E bem
mais que isso: o beijo dele e o corpo nu sobre o meu no sofá de sua casa. Que loucura! Que misto de sentimentos!

Era mais forte que eu e como se tivesse hipnotizada corri até o telefone e o atendi!

- Alô! - Disse já me arrependendo por ter tomado uma decisão de forma precipitada - Alô! - repetia porque ninguém disse palavra alguma.

Havia apenas uma respiração calma do outro lado. Era mesmo Caleb? Poderia ser qualquer assassino que tivesse meu número. Burra!

- Diga algo pelo amor de Deus!! Caleb, é você?
Meu peito ardia e eu já não ligava se estava me rastejando por aquele homem, por um cara que apontou um revólver em minha direção.

Quando nos apaixonamos ficamos completamente cegas, inconsequentes. Eu queria ouvir a voz dele, só mais uma vez.

Nada foi dito e eu desliguei a chamada. Estava completamente frustrada.

Quando ia me sentar na cama outra vez, percebi muito rapidamente uma luz vinda do lado de fora da janela e em seguida um estampido agudo que logo se transformou em um belo rombo na janela. Eu já tinha ouvido aquele barulho. Era um tiro. Mais tiros.

Gritava me jogando no chão, completamente desesperada. A casa de Mierra estava sob ataque.

*Mierra*

Aqueles últimos dias estavam sendo tão exaustivos. Liderar uma operação daquelas me pareceu simples quando me ofertaram o trabalho, mas havia me enganado redondamente.

Claro, meu chefe julgava que o caso teria pouca ou nenhuma relevância, e por isso me deu. Era como uma punição pelo que ocorrera um ano antes. Porém, ninguém imaginava que uma simples investigação de lavagem de dinheiro em um hotel de luxo se desdobraria numa das maiores operações da polícia federal no país dos últimos anos.

Obviamente meu chefe logo pensou em me afastar do caso, pois a operação estava sendo bem sucedida e traria muitos retornos a quem a concluísse. E eu era quem estava a frente daquilo, e por mais que estivesse na mira da chefia e sob suspeita por conta de um casamento completamente equivocado com Marcos, não seria justo me afastarem de um trabalho que eu havia feito tão bem até ali.

Por sorte meu chefe não conseguiu me retirar da operação, afinal, tudo já estava direcionado por mim e com relatórios impecáveis - inclusive entreguei uma cópia a Samantha.

Talvez todo esse trabalho me rendesse uma bela promoção. Não no Rio de Janeiro, mas quem sabe em algum outro estado. Eu iria com toda certeza, sempre foi meu desejo.

Mas havia apenas uma pedra no meu sapato e uma bela mancha no currículo: meu ex- marido Marcos.

- Senhoria Mierra, tem uma pessoa na porta que deseja vê-la. Já comuniquei que talvez não haja possibilidade, mas ele insiste que o atenda. O que faço? - Georgina não tinha uma boa cara ao dizer isso.

- É quem estou imaginando? - Perguntei tomando um gole de chá.

- Sim, senhora. Desde que descobriu que a senhora mora aqui ele vem quase todos os dias. Não falha em nenhum.

Era Marcos. Ele não desistia.

- E ele está sozinho, Georgina?

- Pelo que percebi sim, senhora.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde histórias criam vida. Descubra agora