Capítulo 19

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Maria Eduarda só percebeu que haviam chegado quando o condutor avisou através dos alto-falantes internos. Bianca ainda dormia em seu ombro e ela se perguntou se aquela posição não era incômoda.

- Bianca? - Chamou baixinho, para não a assustar.

Bianca se mexeu, apertando os olhos, mas sem os abrir, Maria Eduarda passou um braço ao seu redor, se aproximando ainda mais dela.

- Bianca? - Repetiu, um pouco mais alto.

- Hum? - Fez Bianca, piscando os olhos até acordar, inocentemente desnorteada.

Era uma cena casual e ao mesmo tempo linda.

- Chegamos. - Respondeu Maria Eduarda, soltando-a e se levantando.

- Ah. E por que eu estava deitada em cima de você? - perguntou Bianca, enquanto Maria Eduarda pegava as malas.

- Porque o trem fez uma curva e você quase caiu. Estragaria minha viagem à Paris ter que te levar para o hospital por conta de uma fratura craniana... sem falar que ia ser um saco para você. -

- Certo. - murmurou Bianca. - Estou com um pouco de dor-de-cabeça, talvez da viagem. -

- Se eu fosse má, diria algo como "bem-feito". -

Bianca rolou os olhos.

- Próxima parada? - perguntou Maria Eduarda, quando chegaram à estação.

- Roteiro? - Indagou Bianca, pegando a folhinha de seu bolso.

- Eu tinha esperanças de que você tivesse esquecido. - Confessou Maria Eduarda.

- Eu não correria esse risco. -

"7° Passear pela cidade de mãos dadas, como um lindo casal que se preze tem que fazer"

- Melhor chamarmos um táxi e deixarmos as malas no hotel. - Decidiu Maria Eduarda.

Ficaram em silêncio por alguns minutos.

- São doze euros. - Disse o taxista, parando à porta do grandioso hotel.

- Certo. Estamos perto do centro da cidade? - Perguntou Maria Eduarda, pagando-o.

- É só virar na próxima rua à esquerda. Precisa de ajuda com as malas? -

- Não, obrigado. - Agradeceu Maria Eduarda, já abrindo a porta.

Bianca fechou a porta no mesmo instante em que Maria Eduarda fechou o porta-malas e o táxi arrancou.

O porteiro veio recebê-las.

- Com licença, madame, posso ajudá-la? - Perguntou com um grave sotaque, já pegando as malas.

- Por favor. - Respondeu Maria Eduarda. - Ainda vamos confirmar a reserva. -

- Claro, madame. Remy? - Chamou um lacaio, que o atendeu prontamente. Ordenou algumas coisas em um francês rápido e se afastou, deixando as malas com o lacaio.

- Esperarei aqui com as malas, madame. - Disse Remy, fazendo para Maria Eduarda um gesto até a recepção.

- Obrigado. - Agradeceu ela, indo conferir a reserva, Bianca preferiu esperar.

- Oui, madame Gabriela foi muito seletiva. - Disse a recepcionista de sotaque afetado, folheando rapidamente um grosso caderno de anotações. - Quarto 33. -

- Madame Gabriela é minha... madrinha de casamento e foi ela quem organizou essa viagem. Poderia me dizer o que quis dizer com "seletiva"? - Perguntou Maria Eduarda, temerosa.

- Nossos quartos são divididos de uma forma muito eficiente, madame Maria Eduarda, e há cinco quartos especiais para casais. -

Como uma moça tão bonita podia dizer algo tão desagradável! Pensou Maria Eduarda, antevendo a tragédia.

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