Capítulo 31

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Bianca se espreguiçou, se deitando no sofá, Maria Eduarda estava no banheiro lá em cima, mas logo voltaria para a tão 'aguardada' discussão de relação.

''Sinceramente, o que Gabriela tinha na cabeça?'' Bianca se imaginou discutindo a relação com Maria Eduarda:

''Eu te odeio, passei por situações odiosas com você, vou te odiar para sempre. Não era bem o que Gabriela iria querer que Maria Eduarda ouvisse, não era? Então por que essa ideia ridícula? A não ser que ela ache que eu vou dizer outra coisa'', pensou Bianca. ''Ha. Sem chance''. Maria Eduarda desceu as escadas e, ao chegar à sala, se sentou a poltrona ao lado de Bianca.

Em um dia que parecia ter sido há a séculos atrás, Maria Eduarda a havia feito chorar bem ali. ''Mas agora não'', Maria Eduarda pensou, segura.

- Pode começar. - Disse Maria Eduarda.

- Por quê? -  

- Porque eu falei primeiro. - 

- Isso está me cansando. - 

- Não custa nada...comece... - 

Bianca a olhou profundamente.

- Por favor... - 

- Tudo bem, desisto, por onde quer que eu comece? - 

- Depois de quatro dias e meio aprisionada comigo... como se sente? - 

Maria Eduarda a analisou por alguns segundos. 

- Eu não sei. - 

Era tudo o que Bianca não queria ouvir.

- Aah... não sabe. - 

- Não, não sei. Às vezes, eu quero matar você. Outras... er... - 

- Ok. Esquece. - 

Maria Eduarda sorriu.

- É. Você pegou a ideia. Às vezes eu te odeio. Às vezes, eu gosto de você. - 

- Gosta em qual sentido? - Perguntou Bianca, sem se conter, se arrependendo meio segundo depois.

Maria Eduarda a observou detalhadamente.

- Não sei. Quando eu descobrir, você será a primeira a saber. - 

Bianca mordeu o lábio.

- Certo. Estou na mesma situação. -

- Gosta de mim então? - 

- Da mesma forma que você gosta de mim: eu não desgosto. - 

Maria Eduarda quase riu.

- Acho que você não entendeu. Não estou indiferente. Eu gosto de você, só não sei se é um gostar... - 

- Saudável. - Sugeriu Bianca.

- Gostar de forma apaixonada é saudável. - Retrucou Maria Eduarda, franzindo o cenho.

- Não pra nós. - 

- Por que não? - 

- Por que... er... - E, pela primeira vez, Bianca não conseguiu pensar em nada.

Maria Eduarda parecia ter lido a mente de Bianca.

- Acabamos de confessar que não nos odiamos. Por que, afinal, não poderíamos estar apaixonadas? - 

Bianca abaixou a cabeça, mordendo o lábio.

- Por que eu não me sinto atraída por mulheres, talvez? - 

- Podemos manter um relacionamento puro e inocente. - 

Bianca riu, a tensão se dissipando.

- Você é inacreditável! - 

Maria Eduarda sorriu, o ego amaciado.

- Vamos pular esse assunto agora, o próximo item é o futuro. Como você acha que vai se sentir em relação a mim quando essa semana acabar? - 

- Se eu mal sei como me sinto agora, como vou saber como vou me sentir? - 

- Você pode ter sonhos. De uma grande família feliz, por exemplo, com crianças e um cachorro. - Disse Maria Eduarda, fazendo-a rolar os olhos.

- Talvez o cachorro, mas não as crianças. - 

Maria Eduarda abriu um sorriso enorme.

 - Muito bem, então. Trocamos as crianças por outro cachorro. -  

- E você como vai se sentir? - 

Maria Eduarda semicerrou os olhos em direção a Bianca.

- Não sei. Sinceramente, não faço ideia. Vamos aceitar temporariamente a hipótese da grande família feliz. - 

- Nada de grande família feliz, eu só estava brincando. Eu não gosto de você assim. - 

- Você não sabe. Nem eu. - Mentiu Maria Eduarda. - Você pode descobrir que me ama. - 

- De hoje para amanhã? - Perguntou Bianca, cética. 

- Claro. Em uma noite na mesma cama que eu, posso fazê-la concordar em ser minha esposa facilmente.  -

Bianca virou os olhos, as bochechas ficando vermelhas.

- Nos seus sonhos. E dá para controlar seu ego? - 

Maria Eduarda sorriu. 

- Provavelmente não. - 

- Acho que acabamos nossa discussão. - 

- Foi divertido. - 

- Adorável. - 

- Descobri que você me ama... -

- Mentira. - 

- Verdade, você só não sabe ainda... - 

- E eu descobri que você me ama! - Atacou Bianca.

- Foi tão óbvio assim? - Brincou Maria Eduarda. 

Bianca jogou uma almofada que deveria acertar Maria Eduarda no rosto, mas ela agarrou no ar.

- Você me irrita. - 

- Você já disse isso. Roteiro? - 

Enquanto Maria Eduarda lia, Bianca rolou os olhos.

- Descobri meu sentimento do futuro com você. Você vai me irritar para sempre. - 

- Para sempre com você? É uma perspectiva animadora. - 

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