Capítulo 33

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Cecília •

30 minutos e não me surge nada. É tão difícil definir o Gustavo com palavras, sei que vai ficar imenso, eu tenho tantas coisas a dizer que fica difícil de criar. O silêncio ainda permanece, estou a 30 minutos olhando pro caderno e ele olhando para a parede. Quando ele finalmente se levanta para colocar a segunda água no arroz me surgem ideias. Pego a caneta, olho para o caderno pela vigésima vez e finalmente me saem as palavras:

Amar você foi uma escolha.
Querer você foi uma escolha.
Entre um coração doloroso, cheio de dúvidas e de sofrimento,
você foi a minha escolha.
Pode se passar dias,
meses, anos ou
décadas.
Você sempre será a minha maior escolha, a minha maior certeza.
Te amar pode ter sido a escolha mais idiota que já fiz, mas é o melhor prazer que já me permiti sentir.

"Então, tá bom de água?" Ele interrompe minha escrita, me inclino para poder ver e eu balanço os olhos na direção da panela.

"Sim." Digo e volto a me concentrar no caderno. Olho fixamente pra ele e pro caderno.

"O que você tanto escreve aí?"

"Nada."

"Nada? Se não fosse 'nada' não estaria escrevendo." Ele ergue uma sobrancelha e me olha do jeito que sempre me enlouquece.

"É só um rascunho meu." Suspiro e coloco a caneta em cima do caderno.

"Posso ver?"

"Claro que não, né Gustavo!" Quase grito como se suas palavras fossem um crime de pena máxima.

"Então para de me olhar."

"Não estou te olhando." Sorrio e olho fixamente para o caderno. Não quero admitir que estava olhando para ele.

"Tá sim. Você escreve um pouco e olha pra mim, escreve um pouco e aí olha pra mim de novo." Rio da maneira dele dizer. Gustavo às vezes fala de uma maneira tão engraçada. Amo cada detalhe dele. Os defeitos dele pra mim são traços da sua perfeição. O jeito como ele solta o suspira pesado, a forma como revira os olhos, o jeito de encarar as pessoas, a forma como ele passa a mão sobre o rosto quando está aflito, nervoso ou estressado. Isso tudo pode até ser defeitos que os outros colocam nele, mas para mim é encantador e eu não mudaria nada nele.

"Eu... eu gosto de olhar pra você enquanto escrevo." Admito.

"É mesmo?" Ele sorri e olha pra mim como se eu tivesse dito a coisa mais perfeita do mundo. "Você realmente gosta de me olhar, né?" Ele coloca a tampa na panela e começa a se aproximar. Seus olhos estão brilhando mais do que qualquer coisa e eu daria tudo só pra ver esse jeitinho que ainda não conheço do Gustavo, todos os dias.

"Gosto." Digo tímida e ele se aproxima mais. Quando finalmente chega perto de mim eu me levanto e viro para ele. Meu coração já está quase saindo pela boca, minha respiração está rápida e meus ombros estão tensos.

"Que tal você deixar esse caderno de lado agora? Eu acho que eu mereço um pouquinho de carinho." Ele começa a roçar a cabeça sobre meu pescoço. Isso é tão bom que automaticamente fecho meus olhos e me deixo levar pelo momento.

Ao abrir os olhos ele fecha meu caderno sem olhar o que está escrito e o empurra pro canto. Dou graças a Deus que ele não leu nada. Seria uma catástrofe pra mim!

"Me beija." Minha voz sai tão trêmula e tão baixa que não sei se Gustavo ouviu.

Ele tem a capacidade de me deixar tão envergonhada quanto enlouquecida ao mesmo tempo. Uma fúria tão grande sai do meu corpo que me deixa assustada. Minha alma queima por dentro a cada toque e todos os meus hormônios parecem que vão explodir. Isso me assusta mais ainda.
Como alguém pode amar a outra com tanta intensidade?
Achei que essas coisas só existiam nos filmes que já vi e nos livros de romance que já li.

New Life - Depois Do Casamento (Parte 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora