Capítulo 05

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Cecília

Ao chegar no quarto, Gustavo se senta na cama, tira os sapatos e bate com a mão no colchão ao seu lado, num sinal para me deitar ao seu lado. Sorrio, tiro minhas botinhas confortáveis e me deito ao lado dele. Assim que coloco a cabeça sobre o peito dele, dou outro sorriso. Agora eu vou dormir ao lado do Gustavo todos os dias e vou poder sentir esse cheiro gostoso dele também. Isso me faz rir como uma boba. Pode parecer uma besteira por eu estar rindo por estar deitada com a cabeça em cima do peito dele. Mas pra ser sincera, desde o dia em que conheci Gustavo, eu sempre sonhei com esse momento. Mesmo não querendo admitir, eu babava nele desde o primeiro segundo.

"O que foi? Do que você tá rindo?" Ele pergunta assim que me puxa para mais perto de seu peito, deixando meu rosto mais perto de seu pescoço. Seu cheiro de baunilha é fascinante e me deixa totalmente tranquila.

"Nada. Eu só estou feliz. Eu sempre sonhei com isso, mas nunca imaginei que pudesse acontecer. Pra mim sempre foi um sonho distante." Começo a fazer carinho em seu abdômen.

"'Sonho distante'? Por que?" Ele olha pra mim.

"Digamos que... Bom, eu sempre me achei pouca coisa demais pra você."

"Nunca! Você é perfeita demais pra mim, Cecília." Ele começa a acariciar meu cabelo e fecho meus olhos novamente. Os gestos de carinho do Gustavo sempre me deixa muito relaxada. As mãos dele parecem um algodão muito fofo e quando ele faz esses carinhos eu me sinto protegida, me sinto uma bonequinha de porcelana. Se me pedissem pra trocar o Gustavo por alguma coisa, eu jamais faria! "Às vezes eu me pergunto o que eu fiz pra merecer alguém como você." Olho pra ele surpresa com o comentário. "É sério. Pra mim você sempre foi meu amor impossível. Eu nunca imaginei que poderíamos estar aqui, juntos."

"Nem eu." Fecho os olhos e ele beija a minha cabeça.

"Dorme um pouquinho... Eu te amo." Ele diz com a voz suave.

"Te amo..." Ao dizer isso sinto meus olhos pesar. A viagem foi longa e cansativa, acho que nunca senti tanto sono em toda minha vida. Relaxo meus ombros e durmo como um neném. Dormir ao lado dele, sentindo seu cheiro, com a suavidade de sua pele, com as suas mãos acariciando meu cabelo, é impossível dormir mal.

***

Ao acordar percebo que o quarto está escuro. Não é possível que dormimos a tarde toda, era apenas pra ser um cochilo! Assim que olho para janela vejo que as cortinas estão fechadas, provavelmente o Gustavo as fechou enquanto eu dormia. Me sinto aliviada por não ser tão dorminhoca quanto pareço. Saio dos braços do Gustavo com cuidado para não acordá-lo e me viro ficando de barriga pra cima, olhando para o teto. Por mais que não esteja vendo por causa da escuridão, eu sei que estou olhando para o teto. Começo a pensar na nossa noite... melhor dizendo, (manhã de núpcias), que era pra ter acontecido. Eu sei que preciso fazer isso, agora somos casados. Não posso fugir pro resto da vida, uma hora isso vai ter que acontecer. Odeio ficar me martirizando desse jeito, mas é impossível não me sentir incapaz nesse momento.

Fecho meus olhos e cubro o rosto com as mãos. Isso vai ser mais difícil do que pensei!
De repente vejo uma luz meio amarelada por baixo das mãos, assim que as tiro do rosto e olho para o lado, vejo o abajur ligado e vejo o Gustavo olhando para o teto.

"Bom dia, bela adormecida." Ela solta um meio sorriso de canto e permanece olhando para o teto, e minha alma agradece por isso. Ter contato visual com ele neste momento não me parece uma boa ideia, e eu estou morrendo de vergonha por ter negado a ele uma coisa que ele tem todo direito.(sexo)

Sorrio com aflição "Oi... Já faz muito tempo que você está acordado?" Olho para para o teto novamente.

"Não. Acordei agora." Ele solta um suspiro e cruza os braços. Mesmo não vendo seus olhos, eu sinto que ele está pensativo. Provavelmente deve estar pensando em como você é ordinária por não transar com ele. Diz meu subconsciente e eu reviro os olhos, sei que está certo. Meu subconsciente nunca erra, ele sempre está pronto para jogar toda a verdade na minha cara, eu que sou tola de sempre tentar ignorá-lo.

"Quantas horas a gente dormiu?" Pergunto saindo dos meus pensamentos.

"Humm..." Ele pega o celular no criado-mudo e o liga "Agora são 11:00H... A gente dormiu por cinco horas."

"Nossa! A gente dormiu demais! Já tá tarde..." Tento me levantar mas ele me puxa pelo braço fazendo minha voz se calar.

"Ei, ei! Calma... São só 11:00H da manhã. Ainda temos o dia inteiro para aproveitar." Eu nunca em toda a minha vida, jamais acordei às onze da manhã! Por um segundo me esqueci que estamos na nossa lua de mel. Essa coisa de "enfim-casados" ainda é estranho pra mim.

"Desculpa." Me deito novamente e afundo a cabeça no traviseiro.

"Olha, se você me pedir desculpa de novo eu vou ser obrigado a te encher de cosquinhas"

"Tá bom, tá bom." Reviro os olhos e em seguida dou um sorriso dengoso para ele.

" Tá com fome?" Ele se vira de lado e olha para mim.

"Muita." Assim que me viro para olhá-lo, as mexas do meu cabelo caem sobre meu rosto e ele as coloca atrás da minha orelha. Amo quando ele faz isso. Isso sempre acontece,e me irrita colocar o cabelo atrás da orelha a todo instante.

Ele me olha com malícia e sinto aquele arrepio, outra vez! Toda vez que o Gustavo me olha assim eu fico arrepiada, melhor dizendo, toda vez que ele me olha, minha pele congela de maneira inevitável. Um lado muito indecente de mim diz pra mim subir em cima do Gustavo e o beijar com muito fogo e deixar ele fazer o que quiser comigo, mas prefiro ignorar esse lado tão sem vergonha de mim.

"Olha, a gente pode ir em um restaurante ou... cozinhar." Seu olhar de malícia muda para um olhar carinhoso. Ele começa a acariciar meu cabelo e eu fecho os olhos. Coloco a mão na sua e acompanho seus movimentos delicados.

"Eu prefiro cozinhar." Abro os olhos e o desafio. Nunca vi o Gustavo na cozinha e eu quero aproveitar para conhecer seu lado "não experiente".

"Cozinhar? Não era essa a ideia." Ele ri e suspira fazendo uma pausa. Ele continua com os carinhos no meu cabelo e eu não posso deixar de sorrir. "Eu não sei cozinhar. Só dei a ideia pois não pensei que você toparia." Ele finaliza.

"Vai ser divertido, amor." Acaricio sua barba bem feita e ele afasta a mão do meu cabelo.

"Realmente você quer colocar fogo na casa inteira, né? Pra mim você tinha dito que não sabia cozinhar."

"E não sei mesmo, mas eu sei fazer umas coisinhas básicas." Ele me olha feio e reviro os olhos para ignorá-lo. Eu tenho certeza que vai ser muito divertido mesmo não sabendo cozinhar muita coisa. Eu quero fazer coisas diferentes com o Gustavo e quero aprender coisas junto dele. "Vamos comprar coisas pro almoço." Me levanto da cama animada e ele coloca o travesseiro no rosto. "Anda, amor. Levanta daí. Foi você que deu a ideia de cozinhar," Faço uma pausa e abro as cortinas "e vai ser legal.

"Eu prefiro pedir uma comida, um vinho e ficar deitado aqui a tarde inteira."

" Ué, não era você que tava falando que tínhamos a tarde inteira pra aproveitar?" Cruzo os braços e paro na ponta da cama.

"E desde quando cozinhar é divertido, Cecília?"

"Desde de agora. Vamos logo que vamos preparar um almoço muito bom... Ah, não faz essa carinha. Você vai amar nossa tarde de Master-chefs" Entro no closet.

"Por que eu fui dar essa ideia absurda?" Do closet ouço Gustavo reclamar e caio na gargalhada. Eu sei que posso me arrepender disso. Eu não sou a Fátima e eu não sei fazer os pratos tão bonitos que ela faz, mas vai ser legal fazer isso com o Gustavo. Todas as vezes que cozinhei junto com a Fátima, sempre me diverti muito e mesmo que seja um desastre total vamos rir bastante, disso eu tenho certeza.

New Life - Depois Do Casamento (Parte 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora