Capítulo 06

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Cecília

Rapidamente me troco de roupa e o Gustavo faz o mesmo. Aqui dentro de casa está bem quentinho, mas lá fora parece que estamos dentro de uma fornalha de gelo. O frio do Brasil pode ser chamado de calor comparado ao que está aqui.

Enfim, após nos trocarmos vamos para o carro e o Gustavo liga o aquecedor e coloca uma música super estranha. O gosto musical dele é bem diferente do meu. Eu jamais poderia imaginar que o Gustavo gostasse de músicas de época, essas músicas soam tão... sem vida! Se ele souber que eu acho o gosto musical dele sem vida, ele vai ficar arrasado. Eu não quero acabar com o nosso casamento por causa dos nossos gostos musicais. Solto uma gargalhada discreta só de imaginar. É bem estressante ouvir essas velhos cantando e isso faz minhas gargalhadas se dissiparem em segundos.

Assim que chegamos ao mercado o Gustavo começa a observar cada cantinho como se fosse uma criança descobrindo o mundo. Não é possível que o Gustavo nunca foi a um super-mercado. Será? Ele nunca foi a um super-mercado? Eu sei que o Gustavo nasceu em um berço de ouro, mas não é pra tanto também! Agora estou me lembrando do dia que o Cristóvão disse que o Gustavo não sabia varrer o chão, no dia da surpresa inesperada lá na casa da Fátima. É óbvio que o Gustavo nunca fez compras... Pelo menos esse tipo de compra eu tenho certeza que não. Eu decido perguntar mesmo já sabendo a resposta:

"Amor? Você já foi em algum mercado alguma vez?" Olho para ele assim que pego o carrinho.

"Ah... minha especialidade não é essa." Ele pega na minha cintura.

"Dá pra ver que você não tem experiência alguma." Ironizo num tom brincalhão.

"Mas agora você vai me ensinar, certo?" Ele me olha e eu tento conter a risada. O Gustavo pedindo pra me ensiná-lo a fazer compras? Quem é que não sabe fazer compras?

"Não tem segredo algum, Gustavo. É só você pegar as coisas, colocar no carrinho, levar ao caixa e pagar. Olha, tá vendo todas essas fileiras?"

"Sim." Ele acena com a cabeça e diz.

"Então. Cada fileira é algo diferente. Por exemplo, uma fileira de produtos de limpezas, outra fileira de besteiras, outra de panelas e etc. É só pegar as coisas."

"Tudo bem." Ele solta um suspiro pesado.

"Então, o que vamos fazer de almoço?" Pergunto.

"Eu não sei. Algo que não seja carvão?" Ele diz me dando uma indireta. Não posso acreditar nisso.

"Hahaha! Muito engraçado você." Digo. Ele ri e eu também. Gustavo tem mostrado um lado que não conhecia. Ele já tinha esse jeitinho brincalhão, carinhoso, romântico (entre aspas), mas agora... eu não sei explicar! Ele está diferente e eu não sei explicar o que há de tão inexplicável. " Não seja otimista, vamos conseguir fazer um prato agradável." Digo sorrindo.

"E qual vai ser o prato agradável?" Ele pergunta e beija minha cabeça enquanto caminhamos aleatoriamente pelos corredores.

"Não sei. O que você gosta de comer?"

"Eu como de tudo." Ele diz orgulhoso de suas palavras. Fico feliz que não seja fresco em relação a comida.

"Aí complica, Gustavo. Eu não sei fazer de tudo! Me fala alguma coisa fácil."

"E que tipo de prato é fácil de se fazer?" Ele ri e eu reviro os olhos. Como ele não pode ter nenhuma experiência? Isso é frustrante! Aposto que ele não sabe trocar um pneu de um carro.

"Já sei! Macarronada? Você gosta? Isso eu sei fazer de boa." Digo animada nas palavras. Sei que é um prato vergonhoso para uma esposa recém-casada fazer e não deveria me orgulhar, mas minha especialidade nunca foi cozinhar. Já estou me arrependendo de ter ido a frente com essa ideia maluca. Se tivesse topado a ideia de ir em um restaurante não estaríamos nessa dúvida.

New Life - Depois Do Casamento (Parte 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora