Cecília •
"Vou pedir um vinho... Sem álcool. Eu acho que você deveria provar um pouquinho." Ele tira a mão do meu rosto assim que coloca as mechas do meu cabelo atrás da minha orelha.
"Você sabe que eu nunca tomei álcool. Eu prefiro continuar do jeitinho que estou."
"É mais gostoso." Se for tão bom quanto fazer sexo deve ser muito bom.
Meu Deus, o que eu acabei de pensar? Eu tô ficando pervertida! Que horror!
"Não topa experimentar um pouco?" Ele pergunta.
"Não." Sorrio olhando pra mesa, ainda indignada como o que acabei de dizer nos pensamentos. Ainda bem que ninguém pode ler meus pensamentos. Seria um desastre ter meus pensamentos expostos.
"Tudo bem." Ele sorri e chama o garçom. Como de esperado ele pede nosso vinho sem álcool.
Sem demora o garçom traz uma garrafa de vinho. Ele começa a abrir e o barulho da rolha sendo puxado é irritante. Após finalmente abrir a garrafa, Gustavo a pega.
"Gracias. Puede dejar que yo sirvo."
— Obrigado. Pode deixar que eu sirvo — O garçom sorri educadamente e sai nos dando licença. Gustavo pega minha taça e coloca vinho na metade."Então, tá gostando da cidade?" Ele pergunta ao devolver minha taça e encher a dele.
"Sim. Eu estou encantada com a beleza desse lugar. Tudo aqui parece uma pintura."
"É, Bariloche é um charme. A cidade é pequena mas enche os olhos com tanta beleza, um pouco gelada sim; mas ela sabe aquecer o coração da gente."
"É tão bonito cê tá aqui comigo, sem se preocupar com o trabalho."
"É verdade. Eu preciso aproveitar melhor o tempo perdido. Eu quero delegar cada vez mais. Aproveitar cada momento ao seu lado." Gustavo tem sido um verdadeiro príncipe encantado. Ele tem cuidado tão bem de mim. Na nossa primeira vez ele foi tão compreensivo e eu já não vejo a hora da nossa segunda vez. Quero senti-lo, quero que o nosso amor seja o mais profundo possível. Sem medos, sem vergonha. Eu quero me perder com o Gustavo, só com ele. Eu quero descobrir meu lado ousado, mostrar a ele que eu sou dele de corpo e alma.
Fico tão feliz que ele tenha largado tudo no Brasil por mim. Eu posso fazer mais por ele, assim como ele está fazendo por mim. Eu sei que ele quer mais, ele precisa de mais, e eu vou dar o meu melhor por ele. Não só por ele, por mim, pelo nosso amor.
"Que bom que você tem o Cristóvão." Digo saindo dos meus pensamentos e me concentrando na nossa conversa novamente.
"É... A gente tem uma finalidade boa. O Cristóvão é praticamente da família, aliás, melhor ainda, não manda mensagem, não manda email, não manda nada." Ele ri e eu o acompanho. Cristóvão é incrível e eu fico feliz que minha irmã esteja com um cara tão bom. Ela merece, e o Cristóvão também. "Ele tá lá resolvendo problemas." Ele finaliza.
"Que bom, meu amor." Sorrio.
"Eu só tenho a agradecer a ele por tudo."
"Verdade. Ele é incrível." Digo.
"É... Vamos almoçar?" Ele me olha com seus olhos de diamantes.
"Vamo. Mas, você pode porque eu só falo português." Digo envergonhada. O que eu acabei de dizer sobre a vergonha? Eu sou imprevisível mesmo. Eu preciso me abrir mais, só que essa maldita vergonha atrapalha tudo.
"Arrisca. Fala um pouco de portunhol." Ele diz ansioso. Provavelmente a espera que eu diga "sim". Mas eu não vou falar, ele vai é rir de mim.
"Não." Digo.
"'Não'?" Ele pergunta rindo.
"Não!" Exclamo ao repetir a palavra.
"Tudo bem", ele solta o suspiro pesado e me olha. "Mas com uma condição."
"Qual?" Pergunto curiosa. Não acredito que o Gustavo está me impondo uma condição. Não quero nem imaginar o que seja, mas estou muito curiosa para não querer saber.
"Que você me conte outro poema."
"O quê? Nem pensar!" Foi super difícil contar aquele poema pro Gustavo. Já sinto meu coração acelerado e minhas bochechas corarem. É claro que quero contar outro poema pro Gustavo, mas a vergonha sempre fala mais alto que qualquer coisa.
"Então vai ter que falar portunhol." Ele provoca.
"Não amor, isso é jogo sujo!"Faço um biquinho e ele ri da minha cara.
"Por favor, vai." Ele faz o mesmo biquinho e eu me derreto, mas não vou me dar por vencida.
"Não!" Me mantenho firme.
"Sim." Ele rebate.
"Não vou contar. Quem sabe outro dia... Aliás, se você gostou tanto, é só você procurar poemas."
"Eu não gosto de poema. Eu acho isso clichê demais, mas é bom ouvir você falando do amor."
Rio sem graça "Melhor você pedir nosso almoço."
"Tudo bem, mas eu vou cobrar o poema." Reviro os meus olhos e ele ri assim que balança a mão no ar para o garçom se aproximar.
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New Life - Depois Do Casamento (Parte 1)
FanfictionA história se conta da mesma maneira que CDA foi contada até o casamento Gucilia. Irei fazer minha versão de como a história poderia ter cido contada após o casamento de Gustavo e Cecília. SINOPSE Após Cecília deixar a vida religiosa a vida da mes...