Capítulo 17

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Cecília

O Gustavo amou o poema. Ele ficou muito emocionado e pediu pra me contar outros, mas claro que eu não contei. Eu apenas fixei meus olhos no prato e fiquei calada. Fiquei mais envergonhada ainda. Enfim, após o café da manhã eu decidi dar uma limpada na cozinha e depois subi para desfazer as minhas malas e as malas do Gustavo. Enquanto eu ajeitava tudo no closet ele ficou sentado no sofá do quarto mexendo no laptop, melhor dizendo, me observando. 

***

Assim que pego a mala dele, vejo vários pacotes no fundo… Sim, ele trouxe várias camisinhas, de diversos sabores. Ele é um pervertido! Pego algumas delas nas mãos, olho pra ele, e ele olha pra mim. Ele está tão envergonhado quanto eu. Acho que nunca vou me acostumar em vê-lo envergonhado. Ele me diz que é só uma precaução e eu acho isso muito engraçado, mas as coloco na gaveta do criado-mudo sem dizer nada. 

Eu fico a manhã inteira ajeitando as coisas. Coloco o lençol ensanguentado na lava roupas e vou ajeitar a sala. 
Eu sei, eu tenho um certo toque, não gosto de ver nada bagunçado. Aspiro a sala por causa de alguns farelos de pipoca do filme de ontem; volto pro quarto, arrumo a cama e faço mais umas coisinhas aqui e outras ali. 

Quando termino já são 12:00H e agora ao em vez de estar nevando; está chovendo muito forte. Os relâmpagos dão eco por toda a casa e a rua está escura por conta das nuvens carregadas. Eu morro de medo, admito. Antes de ir morar no internato com a madre, eu e a Fátima fomos abandonadas em um orfanato de freiras. Eu e a Fátima fomos transferidas umas três vezes. Quando a Fátima ficou maior de idade ela se mudou de cidade e assim que completei meus 15 anos, fui abrigada no colégio da madre. Daí eu senti vontade de ser noviça, mas sempre foi terrível não ter os meus pais pra me proteger do frio e dos dias como estes. Quando ainda era bem pequena eu tinha medo dos trovões me pegarem, mas era tão pequenina que não sabia de nada! Foi um passado tão difícil e doloroso que fazem meus olhos se encheram de lágrimas. Subo pro quarto e o Gustavo ainda está no laptop. Sento ao lado dele e deito a cabeça sobre seu peito. Rapidamente ele fecha o laptop e o coloca no braço do sofá para poder me dar atenção e eu deito a cabeça sobre suas pernas. 

"O que foi, princesa?" Ele começa a acariciar meu cabelo. 

"Nada, eu só tô me sentindo um pouco emotiva."

"Eu tô aqui com você, tá bom?"

"Tá bom, neném." Me levanto e me sento no colo dele. Ele me puxa para mais perto e eu afundo meu rosto em seu pescoço. Não consigo conter as lágrimas, eu gostaria tanto de ter tido uma família completa. Eu e a Fátima éramos como duas bolas de futebol, andávamos de um lado para o outro, mas nunca tínhamos um destino fixo. 

Gustavo me segura com as duas mãos e não se importa nem um pouco de estar o molhando com minhas lágrimas. Esse aconchego é gostoso e me faz relaxar os olhos. 

"Promete pra mim que você nunca vai me deixar sozinha?" Minha voz sai falhada. Eu sempre fui muito sensível, com muitos medos e inseguranças, é importante pra mim que ele me prometa isso, só assim vou ficar tranquila. 

"Prometo, princesa. Eu nunca vou te deixar." Ele acaricia meu cabelo e eu sinto um imenso alívio. Eu amo esse homem.

New Life - Depois Do Casamento (Parte 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora