New Life - Depois Do Casamento (Parte 1)

Capítulo 58 - FLASHBACK

Gustavo •

Você não vai ser nada da sua vida! E eu te garanto que eu vou interferir nesse seu capricho de menininha...
As palavras do meu pai ecoam na minha mente. Estou completamente desnorteado e destruído por dentro. Nesse momento me sinto um caco de vidro... Talvez esse sonho impossível tenha sido apenas um fruto da minha imaginação, e seja lá como, vou sentir a infinita aflição todos os dias da minha vida.

"Filho..." Minha mãe entra no quarto e se abaixa no chão onde estou sentado.

"Seu marido é um monstro! Eu odeio ele..." Digo entre dentes.

"Não fala assim, Gustavo! Nós vamos resolver essa situação, meu amor. Seu pai tá de cabeça quente..."

"NÃO! ELE NÃO SE IMPORTA COMIGO; ELE SE IMPORTA COM O EGO DELE! VOCÊ ACHA QUE ELE SE PREOCUPA COM MEU SONHO? ALIÁS, NÃO É MAIS UM SONHO POIS ELE DESTRUIU TUDO E EU NÃO QUERO MAIS SABER DESSE 'CAPRICHO DE MENININHA', COMO ELE DIZ."

"Filho..."

"EU NÃO QUERO MAIS ESSAS PORCARIAS AQUI E NÃO QUERO QUE MAIS NINGUÉM ME DIGA SOBRE ESSA MERDA TODA" Começo a jogar todos os meus livros da prateleira no chão. "Leva todos embora! Não quero ler nunca mais, não quero escrever nunca mais, não quero saber dessas idiotices, isso tudo é patético e ridículo."

"Gustavo, não... pelo amor de Deus, não faz isso!" Minha mãe pega os livros do chão e tenta os coloca na prateleira novamente. Mas como um idiota que sou, eu os condeno ao chão novamente.

"O que foi? O que está acontecendo?" Estefânia entra no quarto desesperada, assim como minha mãe, Estefânia entra em choque . A partir de hoje pra mim tudo será patético, não me importa absolutamente nada. A única coisa que quero é encher a cara em um bar e levar uma garota pro banheiro para comer ela.

"NÃO INTERESSA O QUE ESTÁ ACONTECENDO! Anda, ajude a minha mãe a sumir com todos os meus livros e todas as coisas patéticas que um dia já escrevi," jogo os livros restantes contra o chão.

"O quê? Você tá louco? Gustavo, você ama escrever e ler..." Estefânia diz ainda perplexa.

"Cala a boca, Estefânia! Tô cansado do meu pai interferir em todos os meus planos... Mas que ele saiba que eu jamais vou me formar em administração." Vou ao meu closet, abro uma gaveta e tiro uma garrafa de whisky de baixo das roupas. Volto para o quarto e abro a garrafa.

"Não acredito que você continua bebendo, Gustavo. Nós já tiramos tudo de você," minha diz decepcionada. "Você não pode mais beber, você vai morrer assim, filho," ela diz com a voz embargada. Apesar de não querer decepcionar ela, eu não consigo controlar minhas emoções.

"Que ótimo. Morrer vai ser um grande prêmio pra mim," saio do quarto bebendo.

Sei que minha mãe deve estar muito chateada comigo e eu não queria deixá-la assim; ela não tem culpa das babaquices que meu pai faz. Desço as escadas e dou de cara com o idiota do Fernando, seu sorrizinho presunçoso está radiante.

"Filho, eu sei que você tá chateado, mas um dia você vai me agradecer."

Rio com sarcasmo "Cê tá de brincadeira com a minha cara, né porra? AGRADECER PELO O QUE? POR VOCÊ ESTAR SENDO UM FILHO DA PUTA IDIOTA?"

"Nossa família tem um legado, Gustavo. A empresa vem passando de geração em geração e um dia você vai ter que assumir essa responsabilidade... Tá, as coisinhas que você escreve são bonitinhas, cativa o coração de qualquer um. Mas que tal você deixar essa profissão para sua futura esposa? Ah meu filho, isso é coisa de mulher..."

"Você tá me dizendo que só mulheres têm o direito de escrever? FALA SÉRIO, PORRA!" Jogo a garrafa de whisky com força no chão.

"Olha, você tem ficado muito agressivo nos últimos tempos e isso tem me assustado filho, acho que você precisa de terapia."

"Vai se fuder, cara!" Dou as costas para ele e começo a sair.

"Onde você vai?"

"GO FUCK YOURSELF", mando ele ir se fuder novamente, porém em inglês.

Nem todo mundo da família pertence aos Estados Unidos e sempre temos um pouco do Português misturado com o Inglês. O Brasil sempre foi muito importante pra minha família e pra mim também, o Brasil é muito mais interessante que essa merda de cidade, odeio Nova York e se um dia eu sair desse lugar, eu nunca mais volto aqui!